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Paddy Power (sempre ela!) faz emboscada na Copa em prol da comunidade LGBT

A cada gol da Rússia no Mundial, casa de apostas irá doar ‎£ 10 mil para projetos que lutem pela diversidade e igualdade

Paddy Power (sempre ela!) faz emboscada na Copa em prol da comunidade LGBT

15 de junho de 2018

4 minutos de Leitura

Por Eduardo Esteves

 

Achou que na Copa do Mundo na Rússia não teria ação de emboscada? Achou errado. E, sem espanto algum, o nome da responsável atende por Paddy Power, empresa que rouba a cena há um bom tempo em grandes eventos esportivos como Jogos Olímpicos, Eurocopa e o já citado Mundial. A casa de apostas de origem irlandesa costuma pegar carona em um tema quente do país que sedia o torneio e, na Rússia, a homofobia foi a bola da vez.

Em parceria com a fundação mantida pela revista Attitude, voltada ao público gay, a Paddy Power anunciou que destinará £ 10 mil para projetos que lutem em prol da comunidade LGBT a cada gol da Rússia marcado na Copa. Endossam a campanha os esportistas Caitlyn Jenner (ex-atleta transexual), Gareth Thomas (ex-jogador de rugby), Nigel Owens (árbitro), Mark Foster (ex-nadador), Lianne Sanderson (jogadora inglesa), Louie Spence (coreógrafo) e Christopher Biggins (apresentador de Tv). Todos assumidamente homossexuais.

Segundo a casa de apostas, o dinheiro será revertido para programas educacionais em escolas e faculdades, para tornar equipes de base e profissionais seguras independente da opção sexual dos atletas e, principalmente, “acabar com alguns homofóbicos russos de cabeça dura” (como a Paddy Power destacou).

“A Copa do Mundo tem a intenção de ser inclusiva, mas graças aos anfitriões – e aqueles que os escolheram – este torneio (e o próximo, no Catar) está acontecendo em uma nação com leis que discriminam a população LGBT”, disse Darren Styles, editor da Attitude. “Isso é totalmente inaceitável e, portanto, nós damos as boas-vindas à oportunidade de nos beneficiarmos do sucesso da Rússia e fazer aliados inconscientes de sua seleção. Será extremamente satisfatório ver um gol da Rússia enviar uma mensagem de igualdade no amor”, completou.

Importante lembrar que gays, lésbicas, bissexuais e transexuais sofrem constante perseguição, agressões e humilhações na Rússia, ainda que a homossexualidade tenha sido descriminalizada em 1993. A situação piorou desde que a chamada “lei de propaganda gay” foi aprovada pelos legisladores locais em 2013. A homofobia tem sido patrocinada pelo governo russo por meio das próprias leis e por programas televisivos e propagandas.

Por conta da pouca proteção das autoridades locais, homossexuais que viajam ao país europeu para o torneio são avisados ​​dos possíveis abusos verbais e físicos que poderão sofrer. Com esta ação de emboscada, a Paddy Power, que mais uma vez tira proveito invadindo um evento ou espaço sem amparo contratual com os detentores do direito, manda um recado muito claro ao povo russo: direto ou indiretamente, a seleção do país atuará em prol da comunidade LGBT. Mais ainda após o placar de 5 x 0 sobre a Arábia Saudita. Portanto, já são ‎£ 50 mil garantidos!

Ainda sobre o tema, o canal argentino “TyC Sports” já havia publicado um comercial em que critica o presidente Vladimir Putin por suas atitudes homofóbicas. O vídeo mostra várias imagens de beijos entre torcedores e outras demonstrações de carinho entre fanáticos por futebol.

Sobre as ações de emboscada envolvendo a Paddy Power, na Eurocopa de 2012 ela figurou na cueca do atacante dinamarquês Nicklas Bendtner e, no mesmo ano, o site provocou o Comitê Olímpico Internacional (COI). Em alguns outdoors na capital inglesa, sede das Olimpíadas daquele ano, ele afirmava ser o “patrocinador oficial do maior evento de atletismo deste ano em Londres”.

Na verdade, era uma referência a uma corrida de ovo na colher, que tinha a irlandesa como patrocinadora e que é tradicionalmente realizada em uma cidade francesa homônima da sede dos Jogos Olímpicos de 2012.

Já na Copa de 2014, no Brasil, a empresa teria supostamente desmatado parte da Amazônia para mandar uma mensagem de incentivo para a seleção da Inglaterra. Com a polêmica gerada e ganhando os principais veículos do mundo, ela explicou posteriormente que tudo não passou de uma brincadeira feita no Photoshop e garantiu que nenhuma árvore foi derrubada.

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