Coluna

Escolher ou ser escolhido?

Fabio Wolff analisa a forte presença de marcas chinesas na Copa da Rússia e a nova realidade comercial da FIFA

Escolher ou ser escolhido?

19 de julho de 2018

2 minutos de Leitura

Fábio Wolff
Fábio Wolff
Fábio Wolff é sócio-diretor da Wolff Sports, e professor em cursos de MBA em Gestão e Marketing Esportivo na Trevisan Escola de Negócios

Os maiores, mais desejados e tradicionais eventos esportivos do mundo costumam ter grandes empresas como parceiras e patrocinadoras. Me chamou a atenção o fato de que, quatro empresas chinesas até então mundialmente desconhecidas tornarem-se patrocinadoras da Copa do Mundo, maior evento esportivo do planeta.

Os dois maiores contratos foram assinados com a Vivo, homônima da empresa brasileira e uma das maiores fabricantes de smartphones da China, que também presta serviços online e desenvolve softwares. Com faturamento de US$ 23 bilhões e contrato até 2022, a empresa fundada apenas em 2009 fechou um contrato de US$ 120 milhões com a FIFA. O outro contrato foi selado com a Wanda Group, empresa com negócios em redes de lojas, cinemas e hotéis, mais um gigante chinês, com faturamento de US$ 36 bilhões. Essa parceria irá até 2030, com o investimento de US$ 850 milhões.

A Copa do Mundo possui patrocinadores locais, na grande maioria empresas desconhecidas fora dos mercados em que atuam. Na Copa de 2014, realizada no Brasil, tivemos a operadora de telefonia Oi e a loja de materiais esportivos Centauro. Já na Copa de 2018, na Rússia, a patrocinadora local foi a Rostelecom, empresa líder do segmento de banda larga e TV por assinatura naquele país.

No caso das duas companhias chinesas mencionadas acima, ao selarem seus respectivos contratos com a FIFA, tornaram-se, parceiras mundiais, ocupando os espaços de grandes multinacionais como a Continental Pneus, Johnson & Johnson e Sony, que deixaram a entidade após os escândalos de corrupção durante a gestão de Joseph Blatter.

Ao mesmo tempo em que os investimentos chineses vieram em um bom momento para a FIFA, a receita geral dos patrocínios sofreu uma queda de US$ 1,62 bilhão, na Copa do Mundo de 2014, para US$ 1,33 bilhão nessa edição, fato que acendeu um sinal de alerta para a entidade. A toda poderosa dona do futebol mundial precisa urgentemente afastar de si os escândalos de corrupção que a vem assombrando nos últimos anos.

Com todo o respeito às empresas chinesas, para o maior evento do mundo quem deveria escolher seus patrocinadores e parceiros seria a FIFA, mas, no caso em questão, foi ela a escolhida

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