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Governo inglês pressiona UEFA e presidente da federação búlgara renuncia

Caos instaurado é consequência dos lamentáveis fatos ocorridos no jogo entre Bulgária e Inglaterra

Governo inglês pressiona UEFA e presidente da federação búlgara renuncia

15 de outubro de 2019

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Nesta terça-feira (15), o governo inglês e a Federação de Futebol da Inglaterra (FA) se posicionaram sobre os lamentáveis casos de racismo ocorridos durante a partida entre Bulgária e Inglaterra. Durante o jogo, torcedores búlgaros insultaram o lateral inglês Tyrone Mings. As entidades cobram fortemente a UEFA por punições mais severas para que casos como este não voltem a ocorrer no futebol.

“O racismo que vimos e ouvimos na noite passada foi vil e não tem lugar no futebol ou em qualquer outro lugar. Os jogadores e a administração da Inglaterra mostraram uma enorme dignidade. O primeiro ministro elogia os jogadores que foram alvo deste abuso desprezível por sua resposta. A Uefa precisa enfrentar os fatos. Esta mancha no futebol não está sendo tratada adequadamente. O racismo e a discriminação devem ser expulsos do futebol de uma vez por todas. Apoiamos os pedidos da FA de uma investigação com penalidades duras a seguir. Estamos escrevendo para a Uefa hoje para pedir que isso seja conduzido rapidamente”, destacou um porta-voz do governo britânico.

“A Uefa tem o dever de agir aqui, o mundo está assistindo. Uma multa não é suficiente, por isso estou pedindo ao nosso governo que garanta que estamos apoiando a FA para buscar a punição mais dura possível. A proibição dessas pessoas nos estádios é imprescindível para que percam partidas, e expulsão de torneios não deve ser descartada”, disse Rosena Allin-Khan, membro do parlamento britânico. Nigel Adams, ministro dos esportes, foi outro que exigiu ação imediata da Uefa e uma punição exemplar à Federação Búlgara de Futebol (BFU).

Nos bastidores, comenta-se que as punições podem ir desde o fechamento parcial do estádio, e consequente perda de arrecadação por parte do time mandante, até atitudes mais drásticas. A instituição de caridade antirracismo Kick It Out já pediu que a Uefa considere eliminar a Bulgária do torneio.

“Acho que deve haver uma investigação maciçamente minuciosa. Não achamos as multas da Uefa suficientes. É preciso haver passos sérios agora, e isso deve incluir a expulsão ou, no mínimo, não deixar determinadas pessoas entrarem nos jogos, porque é preciso haver uma mensagem clara. Estamos em 2019”, comentou Roisin Wood, executivo-chefe da Kick It Out.

Diante das afirmações e da natural proporção que o caso tomou, Aleksander Ceferin, presidente da Uefa, se posicionou.

“Acredite, a Uefa está empenhada em fazer todo o possível para eliminar esta doença do futebol. Não podemos nos dar ao luxo de nos contentar com isso. Devemos sempre nos esforçar para fortalecer nossa determinação. De maneira mais ampla, a família do futebol, de administradores a jogadores, treinadores e torcedores, precisa trabalhar com governos e ONGs para travar uma guerra contra os racistas e marginalizar suas visões abomináveis ​​às margens da sociedade. As próprias federações de futebol não podem resolver este problema. Os governos também precisam fazer mais nessa área”, disse o presidente da Uefa em entrevista à Associated Press.

Boiko Borissov, primeiro-ministro búlgaro, condenou veementemente os atos racistas e cortou relações com a Federação Búlgara de Futebol. Em seguida, requisitou a saída imediata do presidente da BFU (Borislav Mihaylov) do cargo.

“Eu condeno fortemente a conduta de alguns dos fãs no estádio. É inaceitável que a Bulgária, um dos países mais tolerantes do mundo e que tem pessoas de diferentes etnias e religiões convivendo pacificamente, seja associada ao racismo”, publicou Borissov em seu perfil no Twitter.

Resultado? Mihaylov pediu demissão nesta tarde.

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