Por Eduardo Esteves
Cerveja e futebol sempre estiveram intimamente ligados e tornaram-se a paixão de todo brasileiro. A Brahma, por exemplo, é patrocinadora da Seleção Brasileira desde 1994. Além disso, faz do Movimento Por Um Futebol Melhor seu pilar fundamental de relacionamento com sócios-torcedores de todo país. Mas há uma frente que vem ganhando muito espaço nos últimos anos, ainda que exista há um bom tempo: o de cervejas artesanais.
O nome remete a cervejarias que ainda prezam por uma produção “caseira”. Mesmo utilizando equipamentos modernos e engarrafando produções em alta escala, o cuidado que têm com sua produção é que a tornam especiais. Há três anos, o MKTEsportivo destacava de modo pioneiro o minúsculo espaço conquistado por elas no futebol, citando alguns exemplos isolados que não contavam com a chancela dos clubes.
De acordo com dados da Euromonitor, o segmento de cervejas premium, que inclui as artesanais, representava 7% do volume total de cerveja no Brasil em 2007. Em 2016, este número já estava em 11%. Já segundo a Nielsen, o crescimento anual do segmento se aproxima dos 20%. Neste emergente cenário de oportunidades, surge a FuteBeer, fruto de uma parceria da especializada Bier Hub com a Pluri Consultoria.
“Pra mim, os dois bens de consumo com maior identidade com o futebol é a camisa, claro, e a cerveja. Com o desenvolvimento do mercado de artesanais, a oportunidade estava disponível, adormecida. O meu trabalho foi estruturá-la de uma maneira mais robusta. A criação do Futebeer vai neste sentido, de trabalhar em cima da identidade que o futebol tem com a cerveja”, destacou Fernando Ferreira, responsável pela FuteBeer, com exclusividade ao MKTEsportivo.
Aliando as duas paixões, a empresa inicia suas atividades oficialmente no próximo dia 23 com seu primeiro clube de assinaturas de cerveja. O embaixador escolhido para começar em grande estilo? O principal ídolo da maior torcida do Brasil: Zico. Segundo o profissional, a ‘Zico Art Beer’ nasce fruto da popularidade do Galinho e do seu baixo índice de rejeição. “O Zico é um nome perfeito pois é um jogador que fala com uma faixa-etária que tem um nível de consumo de cerveja artesanal maior. É um público que tem um perfil de renda interessante. Além disso, é um cara com muita visibilidade, imagem sensacional e baixo nível de rejeição fora da torcida do Flamengo. Antes mesmo do lançamento, já estamos muito satisfeitos com a repercussão”, comemorou.
Apesar de ser um mercado historicamente dominado pela Ambev, mesmo dentro do futebol, Fernando Ferreira ressaltou que já tem sido procurado por terceiros para lançar novos produtos, tendo até mesmo a possibilidade de levá-los para outros países. “Nesta primeira fase, estamos concentrados em clubes de assinaturas e bem acelerados em novos lançamentos no curto prazo. Somos muito procurados por empresários de jogadores que querem lançar suas cervejas para colocar no mercado. Um processo que já está bem avançado é o de levar a linha de cervejas do Zico para o Japão”. O profissional ressaltou que nenhum produto estará à venda no mercado, sendo limitado apenas aos assinantes do clube. Todas as garrafas serão numeradas e com tiragem limitada.
Ainda que com o alcance limitado, o setor artesanal já conta com a participação de boleiros. Ídolo da torcida do Palmeiras, o ex-goleiro Marcos cedeu sua imagem para uma plataforma cervejeira. No ano passado, ele se aliou à uma empresa do ramo e lançou o Clube 12, um clube limitado a 12 mil associados. As inscrições se encerraram rapidamente dada a alta procura. Douglas, do Grêmio, e o ex-jogador Aloisio Chulapa são outros nomes que contam com rótulos licenciados. Entre os clubes, a Remogelada, do Remo, é pioneira.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que regula o setor, o Brasil registra 610 cervejarias, perdendo apenas para China e os Estados Unidos em produção do produto. De 2007 a 2017, o setor cresceu seis vezes. Entre as regiões do país, o Sul contempla o maior número de produtores (42%), com o Sudeste figurando logo em seguida (41%). Mesmo recém-chegada ao mercado, a FuteBeer já trabalha em novas oportunidades. Atualmente, negocia com três equipes para a criação de clubes de assinaturas próprios. Neste caso, o objetivo será fugir da imagem do jogador e focar em rótulos que exaltam conquistas e momentos históricos.