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Fórmula 1 e patrocínios: que futuro?

A Fórmula 1 era considerada, na década de 90, uma das marcas esportivas mais apelativas do mundo. Todos os carros em pista carregavam os patrocínios […]

Fórmula 1 e patrocínios: que futuro?

11 de dezembro de 2018

4 minutos de Leitura

A Fórmula 1 era considerada, na década de 90, uma das marcas esportivas mais apelativas do mundo. Todos os carros em pista carregavam os patrocínios mais diversos, sendo os mais conhecidos relativos a marcas de tabaco. Contudo, nos últimos anos, os carros passam a ter cada vez menos patrocínios. Certamente que tal está associado à diminuição do número de espetadores. Que futuro poderá este negócio seguir?

O acordo recente para apostas esportivas

Uma das novidades recentes foi o acordo, anunciado no último mês de setembro, que a Liberty Media (a nova empresa dona dos direitos comerciais da Fórmula 1) estabeleceu com as empresas de apostas esportivas Interregional Sports Group e Sportsradar para patrocínio e criação de uma plataforma oficial de apostas em corridas de Fórmula 1.

Claro que já era possível apostar em automobilismo; qualquer pessoa, fazendo uma busca na internet, pode encontras as apostas online NetBet e muitas outras, e perceber que não tem só competições de futebol nas possibilidades de apostas por aí. Mas essa é a primeira vez que a Fórmula 1 se envolve oficialmente com apostas esportivas.

Bernie Ecclestone sempre foi contra a presença de apostas esportivas na F1, mas a verdade é que ele sempre viu essa atividade como um negócio que deveria gerar dinheiro. Muitos questionam seu papel enquanto “servidor” da antiga CVC, empresa de capital de investimento que tirou lucros da F1 e não cuidou de promover e fazer crescer o esporte. A Liberty Media só está seguindo o caminho de Bernie: procurar fontes de renda para fazer o esporte lucrativo.

O futuro do transporte automóvel e da F1

Poucos se recordam que a Fórmula 1 nasceu como uma competição entre construtoras automóveis e construtores privados que se atreviam a competir contra as grandes marcas, sendo o caso de Enzo Ferrari o mais famoso. Nas primeiras duas décadas, falar de patrocínios no esporte seria impensável, pois seria considerado como uma degradação dos princípios esportivos, uma cedência ao capitalismo e ao dinheiro. Mesmo considerando que os participantes desse esporte, das empresas aos privados, sempre foram bem integrados ao sistema de liberdade econômica, por razões óbvias; mas a ética esportiva da F1 deveria recusar patrocínios em dinheiro.

Foi um grande escândalo quando, em 1968, um tal Colin Chapman trouxe o primeiro patrocínio para a F1, da marca de tabaco Gold Leaf. Muitos falaram que a Fórmula 1 estava terminando.

Hoje, temos muitos fãs desse esporte quase tão apaixonados pelo Marlboro dos carros de Senna, e pelo seu boné Nacional, como por outras representações. Mais: esses fãs lamentam que os patrocínios estejam acabando, e consideram isso como… adivinhe: o fim do esporte.

Se aqueles que em 1968 reclamaram da chegada de patrocínios pudessem ver essas reações de hoje, pensariam que a F1 de 2018 seria uma distopia futurista. Será isso que estamos vivendo?

O fato é que não é só o esporte, mas o mundo que está mudando também. Para as gerações mais jovens, o carro já não é o mesmo símbolo de independência e liberdade que era no passado; os próprios conceitos de independência e liberdade são diferentes. O automóvel está deixando a fase dos combustíveis fósseis e entrando em uma nova, que pode significar baterias elétricas ou talvez uma outra tecnologia ainda por explorar, como o hidrogênio. Ao mesmo tempo, a internet está trazendo o crescimento dos e-sports e de todo um mundo de opções de diversão e entretenimento, que tiraram espaço a elementos “antigos” como a Fórmula 1. Só o futebol, por razões sociológicas e culturais, vem resistindo bem a essa mudança.

O futebol, precisamente, vem adotando o fenômeno das apostas esportivas com força. É provável que a Liberty Media esteja no caminho certo.

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