É possível que uma imagem midiática possa interferir positivamente no número de casos de crimes de ódio e preconceito? O estudo “Can Exposure to Celebrities Reduce Prejudice? The Effect of Mohamed Salah on Islamophobic Behaviors and Attitudes“, desenvolvido pelo Laboratório de Políticas Migratórias, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que o sucesso de Mohamed Salah no Liverpool causou uma diminuição da islamofobia na cidade.
Para chegar ao resultado, foram analisados os boletins de ocorrência da polícia do condado de Mereyside, desenvolveu-se uma pesquisa com 8.060 torcedores dos Reds, além do monitoramento de 15 milhões de tweets de usuários ingleses. No fim, o laboratório constatou que crimes de ódio relacionados a islamofobia caíram 19% na região entre abril de 2018 e abril deste ano, enquanto outros crimes não tiveram queda semelhante em Mereyside. O período em questão contempla o término de uma das melhores temporadas da carreira de Salah, quando marcou 43 gols em 47 jogos.
Para Ala’ Alrababa’h, William Marble, Salma Mousa e Alexandra Siegel, autores do estudo, o sucesso, a popularidade e a influência de Salah em Liverpool tiveram relação com os números. “Poucas personalidades muçulmanas no dia a dia britânico foram tão abertos quanto à sua identidade como muçulmano, e adorados, como Salah. A imagem pública de Salah resultou em uma normalização das práticas islâmicas, o que causou uma diminuição nos crimes e atitudes islamofóbicas contra muçulmanos na cidade”, destacaram.
Já a entrevista feita apontou que o sucesso do egípcio fez com que a maioria dos entrevistados procurasse entender mais sobre o islamismo e suas práticas, o que os educou sobre o assunto. Por fim, no âmbito digital, tweets racistas de torcedores de Liverpool também diminuíram no Twitter em comparação com torcedores dos outros times da Premier League (de 7.2% para 3.4%).
Coroando a sua excelente fase, Mohamed Salah terminou a temporada 2018/2019 como vice-campeão inglês e com o inédito título de UEFA Champions League.
