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Como o boicote da China à NBA pode prejudicar os planos da Nike

Região da Grande China é a que a marca registra o crescimento mais rápido dos últimos dois anos

Como o boicote da China à NBA pode prejudicar os planos da Nike

10 de outubro de 2019

4 minutos de Leitura

Enquanto a NBA sofre com boicotes e cancelamento dos seus eventos na China, a Nike ligou um alerta dada a dimensão que o caso está tomando. O motivo? A Grande China (termo usado para se referir à China continental, Hong Kong, Macau e Taiwan) ser a região que a americana registra o crescimento mais rápido dos últimos dois anos. No continente, a Nike tem trabalhado forte a Jordan Brand.

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Segundo relatórios financeiros, a Nike vendeu US$ 6.21 bilhões na Grande China no ano fiscal de 2019, um aumento de 24% em relação ao ano anterior.

O receio da Nike se intensificou quando a mídia estatal chinesa e a Tencent disseram que suspenderiam a transmissão dos jogos da pré-temporada da NBA na China após um tweet feito pelo general manager do Houston Rockets, Daryl Morey. Como alívio, o duelo entre Los Angeles Lakers e Brooklyn Nets, marcado para hoje, em Shanghai, não será cancelado, mas o governo chinês decidiu proibir que jogadores das duas equipes e o comissário da liga, Adam Silver, concedam entrevistas após a partida. A medida é uma forma de impedir que a NBA tenha exposição na mídia local.

A Nike é fornecedora de material esportivo da liga desde a temporada 2017/2019. Desde então, tem utilizado a força global da mesma para ganhar espaço em mercados estratégicos para si. A China, claro, está no topo de suas prioridades.

De acordo com um analista de mercado ouvido pela CBNC, a empresa não sofrerá danos por conta da polêmica. Para ele, “os chineses enxergam a Nike como uma marca que não está associada a nenhum país ou parte do mundo”.

No entanto, o swoosh teme que o próprio governo chinês incentive os consumidores chineses a não comprar mercadorias da NBA ou demais produtos relacionadas ao basquete. Isso, claro, afetaria a reputação da marca.

Entenda o caso

No início da semana, o Houston Rockets ficou no centro de uma polêmica sem precedentes após um tweet feito por Daryl Morey, gerente geral da franquia, prestando apoio à Hong Kong no seu movimento contra a influência do estado chinês na governança local. Em sua publicação, Morey divulgou uma imagem com os dizeres: “Fight for Freedom. Stand with Hong Kong” (‘Lute pela Liberdade. Fique com Hong Kong’, em tradução livre).

Rapidamente, patrocinadores e emissoras de Tv passaram a boicotar a franquia. A marca de roupas esportivas Li-Ning e o banco SPD Bank suspenderam suas comunicações com a franquia. Já a CCTV, emissora estatal chinesa, retirou os jogos do Rockets da sua programação. Por fim, a Tencent, parceira de direitos de mídia digital da NBA na China, removeu o time do seu pacote e ofereceu aos assinantes um acordo especial pela ausência.

Já na quarta-feira (9), o evento social NBA Cares que o Los Angeles Lakers realizaria em Shanghai foi cancelado pelos chineses. Um dia antes, o evento do Brooklyn Nets, que está no país para enfrentar a equipe de LeBron James, também não ocorreu por decisão governo chinês. Agora, resta saber se o encontro entre as franquias será realizado.

O conflito entre China e Hong Kong existe há muito tempo, mas se intensificou no nos últimos 20 anos. Hong Kong é considerado território chinês desde a época da China Imperial e busca sua independência desde o início do século XXI. Este ano, iniciou-se uma série de protestos nas ruas de Hong Kong e, desde então, o movimento vem se intensificando. O povo local alega falta de democracia do regime chinês e que buscam liberdade.

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