Coluna

O acelerador de tendências

A crise tem nos trazido angústia, sofrimento, resiliência, reflexões e muito aprendizado. Para a nossa indústria do esporte no Brasil, além de prejuízos, suspensões e […]

O acelerador de tendências

24 de junho de 2020

3 minutos de Leitura

Fábio Wolff
Fábio Wolff
Fábio Wolff é sócio-diretor da Wolff Sports, e professor em cursos de MBA em Gestão e Marketing Esportivo na Trevisan Escola de Negócios

A crise tem nos trazido angústia, sofrimento, resiliência, reflexões e muito aprendizado.

Para a nossa indústria do esporte no Brasil, além de prejuízos, suspensões e renegociações de contratos, o atual momento em que vivemos nos tem permitido compreender quem são, de fato, os parceiros e os oportunistas de plantão.

Apesar de todas as dificuldades que gera, a crise tem proporcionado oportunidades boas à nossa indústria do futebol. Uma delas é que ela tem sido um acelerador de tendências: processos que seriam desenvolvidos lá na frente estão tendo que ocorrer na ‘marra’ agora.

A ausência dos eventos esportivos deixou os amantes de esportes carentes, ansiosos pela conexão que eles geram, bem como por seus times do coração.

Mas que raios eu, clube, entidade esportiva, detentor de direitos, faço agora?

Esse período longo de quarentena tem servido de oportunidade ímpar para a geração de conteúdo no sentido de trazer interação aos torcedores, amantes do esporte e patrocinadores. Os que já tinham ‘acordado’ e se estruturado para as oportunidades do mundo digital estão em vantagem competitiva nesse momento.

Felizmente tenho presenciado e acompanhado muitos casos de clubes, por exemplo, lançando uniformes ou apresentando jogadores nos ambientes digitais com grande sabedoria e primor.

Um bom exemplo é o Fluminense, que apresentou o novo uniforme em evento online com a presença de um artista, criando grande interação junto aos fãs (+ de 1 milhão de interações), ao mesmo tempo em que aproveitava a ocasião para gerar visibilidade aos patrocinadores.

O mesmo sucesso pode ser dito quando da apresentação do jogador Fred, também pelo Fluminense, em outro evento de grande repercussão nas redes sociais: o total dos posts de lançamento obteve mais de 3,7 milhões de visualizações nas redes e site – esse último triplicou se comparado com a média por mês – além de aumento significativo na captação de novos sócios torcedores. O resultado foi um faturamento superior a R$ 1 milhão nos primeiros dias.

Também se tornou um case a campanha desenvolvida pela End to End em parceria com a Armatore, por meio de uma base em dados, que realizou uma votação para lançamento da nova camiseta do time profissional de futebol do Atlético Mineiro. Os números são impressionantes: 1300 camisetas apresentadas, 13 escolhidas através de 50 mil votos. O clube obteve 100 mil camisetas vendidas em apenas oito dias, ou seja, R$ 19 milhões de faturamento, além da captação de 20 mil novos sócios torcedores.

A Federação Paulista de Futebol (FPF) é outro exemplo positivo de como utilizar de forma produtiva as redes sociais ao gerar conteúdo sobre o futebol por intermédio de posts e lives com ex-jogadores, proporcionando ótima exposição aos patrocinadores.

A série do Netflix sobre o jogador de basquete Michael Jordan, intitulada The Last Dance, teve o seu lançamento antecipado para o período de quarentena, o que proporcionou recordes de views, enquanto, por exemplo, os produtos licenciados do Chicago Bulls obtiveram um espantoso aumento de 5000% em sua comercialização.

Está muito claro que essa crise, o acelerador de tendências, tem feito a todos dessa indústria enxergarem que o momento chegou…

Aos que estavam atrasados nessa corrida, arregacem as mangas, pois os visionários já encontram-se pegando as melhores ondas.

E você? Só vai ficar vendo ou vai surfar essa onda também?

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