Coluna

Networking no marketing esportivo – Parte 2

Aos que acompanharam o primeiro texto da coluna sobre networking (leia aqui), segue abaixo a continuação. Boa leitura! 1 – Tenha metas e sonhos: no […]

Networking no marketing esportivo – Parte 2

13 de outubro de 2020

7 minutos de Leitura

Fábio Wolff
Fábio Wolff
Fábio Wolff é sócio-diretor da Wolff Sports, e professor em cursos de MBA em Gestão e Marketing Esportivo na Trevisan Escola de Negócios

Aos que acompanharam o primeiro texto da coluna sobre networking (leia aqui), segue abaixo a continuação. Boa leitura!

1 – Tenha metas e sonhos: no avião rumo ao mestrado em Liverpool, anotei em um pedaço de papel três metas desejadas para a minha vida profissional: fundar uma agência de marketing esportivo, dar aula e escrever um livro. Apesar de muito distantes da minha realidade como um estudante, sempre estiverem presentes na minha mente.

2 – Enfrentar as decepções: No final de 2002 cheguei de volta ao Brasil, matei a saudade da família e dos amigos, arregacei as mangas e fui em busca de oportunidades de trabalho. Infelizmente, senti que o mercado por aqui havia pouco evoluído desde a minha saída. Bati em diversas portas, falei com alguns diretores de clubes de futebol, mas não senti abertura ou qualquer tipo de reciprocidade nas conversas que tive. Mestrado em Liverpool?… Por diversas vezes, fui ignorado.

3 – Abrir a mente: a primeira oportunidade de trabalho que obtive foi no Clube Hípico de Santo Amaro. Sinceramente, não me imaginava voltando de Liverpool para o país do futebol com um mestrado justamente nesta área – apenas oito brasileiros haviam realizado esta especialização – e ir atuar como gerente de eventos em um clube hípico. Mas confesso que me surpreendi positivamente com a experiência, pois realizei diversos tipos de eventos, desde os tradicionais torneios hípicos, um sul-americano de hipismo, até um show da banda Chiclete com Banana. Aprendi muito e realizei diversos contatos preciosos.

4 – Sócio, eu? No início de 2004, por meio de um contato de meu pai, recebi o convite para fundar uma agência de marketing esportivo. Tive a liberdade para escolher o nome (Unique Sports & Marketing), criar a logomarca, bem como estabelecer o foco e diretrizes da agência. Aquela oportunidade caiu do céu, afinal estava realizando uma das metas que havia estabelecido. Tudo era novo, conviver com três sócios, acertos, erros e, ao final de dois anos, apesar de ter tido a experiência de aumentar o meu networking e ter várias portas abertas no meio do futebol, cheguei à conclusão de que deveria partir para um novo desafio.

5 – Ter a minha própria agência: Primeira meta alcançada! Fundei a Wolff Sports em 2006, em um escritório de 36 metros quadrados e uma secretária. A minha rede de contatos, que não era tão extensa, foi fundamental para iniciar a operação equilibrando as contas. Estabeleci um core business, ou seja, trabalhar com o patrocínio esportivo, e procurei ter na agência características que julgava ser essenciais, como dinamismo e a busca da excelência na prestação de serviço. Com uma certa bagagem e apaixonado pelo trabalho, aos poucos fui aprimorando os processos, formando uma equipe e desenvolvendo o networking com os recursos escassos que possuía. Sabia que a chave para o crescimento era aprimorar a rede de contatos, mas como fazer isso com um budget limitado?

6 – Trabalho de formiguinha: perdi a conta da quantidade de telefonemas curtos e grossos ou nos quais fui ignorado. Sabia que faz parte, mas o desejo de conquistar o espaço da agência no mercado era intensamente maior do que horas e horas infrutíferas. O tempo passou e a resiliência resultou em novos contatos, clientes que, orgulhosamente, estão há mais de uma década conosco.

7 – Ser professor, a segunda meta realizada. Em 2003, em uma quinta-feira recebi o convite para lecionar marketing esportivo na Universidade Ibirapuera, para começar na terça seguinte. Preparei a aula inicial a toque de caixa e, quando cheguei na universidade para a primeira aula, fui informado que a disciplina era relacionada à teoria da comunicação, ou seja, nada de marketing esportivo. Confesso que travei, mas o tempo era curto para qualquer tipo de bloqueio, afinal, havia uma sala cheia de alunos jovens – assim como eu, à época com 26 anos – me aguardando. Ao sair da aula, liguei para o meu pai preocupado, pois achava que aquela experiência não me agregaria para os planos estabelecidos na carreira. Do outro lado da linha escutei um “você não tem nada a perder, usufrua da experiência por um semestre e deixe-a, se não gostar”. Após seis meses, não só não abandonei a experiência como havia aceitado outras disciplinas para ministrar e em um piscar de olhos estava com 26 horas semanais para lecionar, paralelamente ao meu trabalho na agência.

Aprender a me comunicar de forma clara e transparente, lecionando, foi fundamental para a minha experiência de vida. Confesso que, inicialmente, fiquei angustiado, receoso de que poderia estar perdendo o foco. Aprendi e continuo a aprender de que não devemos controlar tudo que acontece em nossas vidas. Foi graças aos três maravilhosos anos que passei por lá que recebi o convite para lecionar Gestão de Marcas no Senac e depois, finalmente, veio o convite para ser professor de marketing esportivo no curso de pós-graduação na Universidade São Marcos e, posteriormente, no MBA da Universidade Trevisan, onde leciono sobre marketing e patrocínio esportivo há 10 anos. Lecionar exige constante estudo e proporciona a oportunidade de aprender e se relacionar com os alunos, ou seja, trata-se de uma oportunidade ímpar de crescimento pessoal, profissional, além de novos contatos. Tenho hoje um cliente, por exemplo, que há 17 anos era meu aluno.

8 – Pense grande: o tempo passou, a agência cresceu, bem como o budget para investir em relacionamento. Tivemos a nossa primeira experiência em cadeiras Vip na Arena Corinthians (hoje Neo Química Arena) e de lá não saímos mais. Contratamos um camarote no Estádio do Morumbi e por lá fomos muito felizes, aprimorando o nosso marketing de relacionamento. Por fim, fizemos uma das nossas escolhas mais assertivas ao contratar um camarote no Allianz Parque até 2024. Esses espaços contribuem no sentido de potencializar os relacionamentos com os nossos clientes e prospects.

9 – Espaço vazio é oportunidade perdida. Quando há um show ou jogo, consultamos o nosso CRM, analisamos os contatos e fazemos os convites. Temos clientes que gostam de assistir futebol, outros preferem shows. O convite é fruto de análise de contato a contato e da utilização do espaço com bom senso. O importante é que, independente do que ocorra, possamos oferecer esta experiência aos clientes e prospects.

10 – Escrever um livro, a terceira meta. O ciclo planejado naquele voo de Guarulhos para Londres se encerrará com o livro. Ao longo da minha carreira refleti muito sobre isso, pois há diversas histórias que gostaria de contar, mas achei que teria de já estar fora do mercado. As pitorescas costumo dividir com os meus alunos, mas colocar tudo em um livro impresso me daria muita dor de cabeça (será !?…). Escrever um livro deve ser muito gratificante. O desejo em cumprir esta terceira meta continua presente!

Enfim, agradeço aos que acompanharam a minha jornada ao longo desses dois textos mais recentes aqui em minha coluna e espero ter agregado com dicas e inspiração aos que batalham para realizar o sonho de trabalhar e se desenvolver na indústria esportiva brasileira.

O percurso é longo, cheio de altos e baixos, de erros e acertos, mas quando se faz com paixão o resultado costuma ser gratificante. Não desista de seu sonho! Um forte abraço!

“Sem paixão, você não tem energia. Sem energia, você não tem nada.”
Warren Buffett – investidor e filantropo americano.

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