Você certamente deve ter se perguntado qual é marca que aparece na roupa dos atletas brasileiros durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, principalmente na cerimônia de entrega de medalhas. Com certeza você viu durante o evento os medalhistas olímpicos do Brasil à bordo de um conjunto de moletom nas cores verde e amarelo. O MKTEsportivo conta tudo sobre a empresa, história, investimentos e patrocínios.
A PEAK Sport, companhia de origem chinesa que fornece os uniformes do Time Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, assumiu o lugar que foi da Nike nos Jogos de Londres 2012 e Rio 2016. Pelo acordo, os atletas deverão vestir obrigatoriamente peças da marca durante viagens, pódios e cerimônias oficiais. Conheça os uniformes do Time Brasil nos Jogos Olímpicos.
Segundo o blog Olhar Olímpico, do UOL, o acordo envolve o pagamento de R$ 7.877 milhões, mas em permuta. Em outras palavras, este valor será entregue apenas em produtos, não dinheiro.
Como um dos pioneiros na indústria de roupas esportivas na China, a Peak Sport iniciou seus negócios em produtos de calçados em 1988 e estabeleceu a marca “PEAK” em 1991. De acordo com a pesquisa de mercado da Frost & Sullivan, a PEAK é um dos as três marcas de calçados esportivos e de basquete mais famosas da China. Porém, apenas oito anos depois do IPO (oferta pública inicial, na sigla em inglês) na bolsa de Hong Kong em 2009, quando abriu seu capital, precisou fazer a operação reversa. A empresa teve suas ações retiradas da listagem (OPA) por baixo rendimento das ações.
A companhia coloca um alto valor em pesquisa e desenvolvimento e tem quatro centros fortes de P&D com 260 designers profissionais unidos da China, Europa e Estados Unidos.
Para a delegação brasileira presente na capital japonesa, foram produzidas 39 mil peças, entre calças, bermudas, agasalhos, camisas, tops, bonés, bolsas e calçados. Além do Brasil, a Peak é também patrocinadora dos Comitês Olímpicos da Eslovênia, Islândia, Nova Zelândia, Romênia e Ucrânia também assinaram contratos com a Peak.
Entre os 301 atletas brasileiros nas Olimpíadas de Tóquio, só 24 estão competindo vestindo uniformes do Time Brasil. A empresa ofereceu vestuário para toda a delegação, mas 28 confederações esportivas optaram por usar fornecedores individuais durante os Jogos. Apenas atletas de 7 modalidades usaram os uniformes da Peak enquanto competem: boxe, canoagem, levantamento de peso, pentatlo, remo, tênis de mesa e tiro com arco.
Fora de cerimônias, as confederações têm liberdade para vestir competidores com fornecedores individuais durante os jogos e disputas. O vôlei, por exemplo, veste peças da Asics nos jogos pelo patrocínio da marca a Confederação Brasileira de Vôlei. O mesmo se aplica ao futebol, que pelo acordo com a Nike, veste o swoosh durante as partidas.
Desde que assumiu o lugar da Nike no Time Brasil, a chinesa Peak forneceu equipamentos para os Jogos de Inverno em PyeongChang, em 2018, os Jogos Pan-americanos de Lima, no Peru, em 2019. Pelo contrato, a delegação brasileira ainda vestirá peças da marca nos Jogos de Paris, em 2024.
Em 2017, a PEAK foi uma das primeiras marcas em todo o mundo a aplicar a tecnologia de impressão 3D aos sapatos esportivos. Três anos antes, a marca esportiva adquiriu o mais avançado equipamento de impressão 3D e lançou produtos baseados no conceito de impressão 3D.
No último mês de maio, a marca lançou o “FUTURE I”, tênis de corrida feitos com impressão 3D. A introdução do sapato de basquete, feito com impressão 3D, elevou a PEAK para a posição de marca esportiva líder mundial em P&D e aplicação da tecnologia de impressão 3D.
Os novos uniformes do Time Brasil apresentam a tecnologia inovadora voltada para o desempenho esportivo e com funções como manter a roupa fresca e seca, isolamento térmico, proteção ao vento e à água.
Portanto, isso explica a presença da Peak nas cerimônias de medalha e figurar com destaque nas entregas feitas para atletas como Kelvin Hoefler, Rayssa Leal, Fernando Scheffer e Daniel Cargnin.
A mistura de uniformes, porém, acabou gerando uma confusão com a seleção masculina de futebol. Os jogadores brasileiro subiram ao pódio para receber a medalha de ouro da modalidade no domingo (08.08) usando a camiseta do time, criada pela Nike, e com o agasalho da Peak amarrado na cintura. A atitude desrespeita as orientações oficiais do COB e configura uma quebra de contrato com a empresa, que se manifestou nas redes sociais sobre pedindo que alguém fosse responsabilizado por isso.
“Confirmamos que houve um rumor que a Nike seja uma marca secundária da Peak e que fazemos parte da mesma companhia. Aqui reiteramos que somos empresas diferentes e não tínhamos nenhuma intenção de combinar a camisa deles com nossas calças no pódio. Alguém deve ser responsabilizado por isso e por colocar a Nike em uma situação embaraçosa. Nós somos a Peak. Eles são a Nike… De qualquer forma, os atletas estão de parabéns”, escreveu a marca em seu Instagram.
O COB também emitiu uma nota de repúdio à CBF e aos jogadores brasileiros, dizendo que irá punir a organização. “Após o encerramento dos Jogos, o COB tornará públicas as medidas que serão tomadas para preservar os direitos do Movimento Olímpico, dos demais atletas e dos nossos patrocinadores”, dizia parte do comunicado. Comentaristas e atletas de outras modalidades também criticaram a ação da seleção masculina, lembrando que isso prejudica as outras categorias que são mais dependentes do patrocínio disponibilizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro do que o futebol.
MAIS SOBRE A MARCA PEAK, DO TIME OLÍMPICO
A “Peak Sport” se estabeleceu em 1989 e já tem uma rede de distribuição de quase oito mil pontos de venda em mais de 110 países. Segundo o site oficial, a Peak se mostrou como uma das marcas de calçados e roupas de crescimento mais rápidas do mundo. Ainda de acordo com o site, isso aconteceu por causa do “design, qualidade e tecnologias patenteadas”.
Ainda vale destacar que a Peak fornece calçados, roupas e assessórios, tanto para as Olimpíadas de verão quanto de inverno. Por fim, o site oficial da marca informa que a cultura da “Peak Sport” é inspirada no lema “Mais rápido, mais forte, mais alto” dos Jogos Olímpicos.
Neste ano, inclusive, a imprensa internacional noticiou que o valor de mercado da marca chinesa já era de US$ 1.4 bilhão (aproximadamente R$ 7,3 bilhões na cotação atual).