Indústria

Sem deixar de lado os “heróis locais”, Roland Garros foca em criar valor de marca

Aymeric Labaste, Gerente de Desenvolvimento Internacional da Federação Francesa de Tênis, detalhou o trabalho realizado pelo torneio

Sem deixar de lado os “heróis locais”, Roland Garros foca em criar valor de marca

18 de maio de 2022

6 minutos de Leitura

Roland Garros sempre foi muito especial para o Brasil. As três conquistas de Gustavo Kuerten elevaram o patamar de importância do país nas pretensões do grand slam francês. Guga, inclusive, voltará ao saibro sagrado de Paris em 2022 após três anos.

Na atual edição, esta força de marca tem sido materializada com ações locais e ampla cobertura da mídia, com transmissões nos canais Disney e Sportv.

Por diferentes motivos, hoje, EUA, China e Brasil são países que a Federação Francesa de Tênis busca trabalhar a imagem do torneio no âmbito global. Por aqui, há um estreito relacionamento com a Confederação Brasileira de Tênis, que trouxe a Roland-Garros Junior Wild Card Series para o Rio de Janeiro no último mês de abril.

“Gustavo Kuerten foi fundamental para lançar luz sobre o tênis no Brasil e acabou sendo importante para nós continuar promovendo Roland-Garros quando ele se aposentou. O envolvimento de Guga para promover o tênis em todo o Brasil, bem como o incrível trabalho feito pela CBT há anos para atrair novos jogadores, são definitivamente cruciais para o ecossistema do tênis no Brasil”, disse Aymeric Labaste, Gerente de Desenvolvimento Internacional da Federação Francesa de Tênis, em entrevista exclusiva para o MKTEsportivo.

Ciente que atletas exercem um poder passageiro sobre modalidades e mercados, o executivo destacou que o trabalho que a Federação Francesa de Tênis desenvolve busca minimizar a dependência destes “heróis locais”, tudo para que o grand slam tenha longevidade ao construir uma sólida base de fãs e consumidores.

“Com as ativações de Roland-Garros implementadas durante todo o ano em nossos mercados-alvo, somos capazes de gerar valor, e criar conscientização e associação de marca”, acrescentou.

Para este ano, um recorde: serão € 43.6 milhões em premiação, um aumento de 27% em relação ao que foi distribuído na edição anterior. Quem levantar a taça de campeão embolsará € 2.2 milhões, tanto no torneio individual masculino como no feminino.

Abaixo, a entrevista completa com Aymeric Labaste, Gerente de Desenvolvimento Internacional da Federação Francesa de Tênis:

Gustavo Kuerten é certamente o ativo mais importante de Roland Garros quando pensamos no Brasil. Por outro lado, é fundamental lembrar que seu último título foi em 2001. Como explicar o crescimento anual da popularidade do torneio no mercado brasileiro, mesmo depois de duas décadas da última conquista do país?

Gustavo Kuerten foi fundamental para lançar luz sobre o tênis no Brasil e acabou sendo importante para nós continuar promovendo Roland-Garros quando ele se aposentou. O envolvimento de Guga para promover o tênis em todo o Brasil, bem como o incrível trabalho feito pela CBT há anos para atrair novos jogadores, são definitivamente cruciais para o ecossistema do tênis no Brasil. Nossa colaboração com a CBT nos permitiu implementar ativações de Roland-Garros por uma década em solo brasileiro e dar vida ao nosso torneio de maneira significativa.

O tênis, na perspectiva geral brasileira, é visto como um esporte elitista cujo público é majoritariamente formado por adultos. Iniciativas como o Roland-Garros Junior Wild Card Series e o Roland-Garros eSeries do BNP Paribas buscam de alguma forma rejuvenescer a torcida e, consequentemente, trazer mais jovens para o torneio?

Ao hospedar Roland-Garros Junior Wild Card Series e Roland-Garros eSeries pelo BNP Paribas (a maior competição de eTennis do mundo), podemos promover e apresentar Roland-Garros a um público totalmente novo de antemão, ao mesmo tempo em que modernizamos o DNA do torneio em nossa maneira de comunicarmos. Também nos permite engajar nossa base global de fãs e alavancar diferentes pontos de contato com eventos de tênis e eTennis.

Hoje, Roland Garros tem um mercado prioritário fora da França, cujo país não tem representante na quadra? É possível fazer um trabalho de internacionalização de marcas sem depender de tenistas?

Como Chefe de Desenvolvimento Internacional de Roland-Garros, meu papel é desenvolver nosso Grand Slam em nossos mercados prioritários e garantir que a dependência de “heróis locais” (ou seja, os melhores jogadores) seja reduzida.

Com as ativações de Roland-Garros implementadas durante todo o ano em nossos mercados-alvo (EUA, China, Brasil, etc.), somos capazes de gerar valor e criar conscientização e associação de marca.

A edição 2022 de Roland Garros será o primeiro grand slam do ano de Djokovic, marcará a despedida de Jo-Wilfried Tsonga, um dos grandes nomes do tênis francês, e a presença de 100% do público nas arquibancadas. Comente um pouco sobre a organização e expectativas para o torneio deste ano.

Após duas edições afetadas pela pandemia global, Roland-Garros 2022 receberá mais de 600 mil fãs mais do que prontos para torcer por seus jogadores favoritos. Estamos empolgados em organizar nossas primeiras sessões noturnas com capacidade total. Também usaremos painéis de LED na quadra Philippe-Chatrier pela primeira vez, ajudando-nos a levar a experiência dos fãs para o próximo nível.

Recentemente, a Roland-Garros Amateur Series foi uma forma de ativação com um público bem nichado. Após a pandemia, quais são os planos de ativação para este mercado internacional e, em particular, para o Brasil?

Em 2022 organizamos a Roland-Garros Junior Wild Card Series no Rio de Janeiro, dando ao vencedor menino (Joao Fonseca) e menina (Olivia Carneiro) a oportunidade de entrar diretamente no sorteio principal do Roland-Garros Junior de 2022.

Guga, nosso embaixador global, voltará a Roland-Garros pela 1ª vez desde 2019 e nos ajudará a promover Roland-Garros em escala global e principalmente no Brasil. Já estamos explorando projetos com a CBT para 2023, incluindo Roland-Garros Amateur Series, para melhorar a experiência dos entusiastas do tênis brasileiro.

Além da parceria de longa data com a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), você tem um plano de parcerias comerciais locais?

Em relação a Roland-Garros, focamos principalmente em parcerias com marcas globais dispostas a ativar Roland-Garros em mercados internacionais. Mas com o apoio da CBT, também estamos abertos a parcerias locais para apoiar nossas ativações no Brasil, como nossa colaboração com Taroii para 2022 Roland-Garros Junior Wild Card Series.

Compartilhe