Coluna

A ciência dos ingressos na Copa do Mundo

Entender as fases de comercialização, os diferentes produtos e o ecossistema que envolve a venda é realmente um desafio

A ciência dos ingressos na Copa do Mundo

08 de agosto de 2022

5 minutos de Leitura

Quando chega o ano da Copa do Mundo, o torcedor que pensa em viajar para o evento sabe que vai começar a dolorosa saga para conseguir pelo menos um ingresso para o jogo da sua seleção.

Entender todas as fases de venda, os diferentes produtos e o ecossistema que envolve a venda de ingressos da Copa é realmente um desafio que exige muita pesquisa e especialmente experiência em Copas passadas. Os poucos que investem seu tempo em estudar essa ciência fatalmente dominam o assunto e se dão bem, seja no sorteio, seja na fase de vendas diretas.

A engrenagem por trás da venda dos ingressos da Copa do Mundo é extremamente complexa e a FIFA possui um time de dezenas de pessoas dedicadas a entrelaçar essa teia e fazer o ingresso chegar na mão do torcedor.

Aliás, após várias Copas terceirizando o processo de venda e operação de ingressos, a Copa do Qatar será a primeira em que a FIFA cuidará do tema de cabo a rabo. Em 2016, Gianni Infantino assumiu a presidência da FIFA após um final de mandato turbulento do antecessor. Logo foi publicada a visão da FIFA para os próximos anos, e nela estava incluída a internalização de diversas áreas core do negócio. Entre elas, a venda de ingressos.

Desde que a Copa começou a ser disputada com 32 times, são 64 jogos no total. Os estádios normalmente variam entre 40.000 e 80.000 de capacidade, então o número de ingressos disponíveis gira em torno de 3 milhões para o campeonato inteiro.

Porém, o que mais se ouve quando abrem as vendas é que as filas virtuais são gigantes, que não tem mais nada disponível ou que ninguém conseguiu nada no sorteio. Realmente, não é uma tarefa fácil conseguir aquele tão desejado ingresso para a Copa.

Abrir a venda de ingressos não é simplesmente colocar 3 milhões de ingressos no site para venda. A FIFA elabora um planejamento de fases de venda que, para a Copa do Qatar, foi dividida em 3 etapas:

1ª. Fase de Venda: de Janeiro a Março de 2022 (dividida entre uma fase de sorteio e uma de venda direta), ainda antes do sorteio dos grupos.

2ª. Fase de Venda: de Abril a Agosto de 2022 (também com uma fase de sorteio e outra de venda direta), já após o sorteio dos grupos.

– Fase de Vendas “Last Minute”: em data ainda a definir, mas essa se estende até o dia da Final e os ingressos são vendidos tanto online quanto nos Centros de Ingresso em Doha, quando estiverem em operação.

Além destas 3 fases de venda para o público geral, a FIFA também tem que atender diversos outros grupos de clientes, e é aí que o processo começa a ficar complexo. Também há fases de venda para grupos (cotas de patrocinadores, federações, país-sede, entre outros) e vendas de pacotes de Hospitalidade. Todos estes clientes bebem nessa fonte de 3 milhões de ingressos, e por isso é comum ver, especialmente em fases mais avançadas de venda ao público, que jogos que estavam esgotados voltaram a ter ingressos. Isso acontece, na maior parte dos casos, porque estes grupos corporativos não exerceram o seu direito de compra em 100% dos ingressos e o que sobra volta para o bolo do público geral.

A cada encerramento de janela de vendas para grupos, mais ingressos podem ser incorporados ao estoque disponível para os torcedores comuns. Por isso, a FIFA estabelece diversas fases de venda, assim a gestão do estoque para o público final fica mais eficiente e controlável.

Esse cenário macro onde você sai de 3 milhões de ingressos, sendo que X são para público geral e Y são para grupos e hospitalidade, é só a ponta do iceberg. Na verdade, o trabalho real acontece lá na base do iceberg. Afinal, o estoque final de ingressos nada mais é que a soma de assentos disponíveis em cada categoria de cada jogo em cada estádio.

Quem está acostumado a comprar ingressos para a Copa sabe que a FIFA tradicionalmente divide os ingressos em 4 categorias: 1 (a mais central e mais cara), 2 (corner), 3 (atrás do gol) e 4 (exclusiva para residentes do país-sede e estritamente atráas do gol, sendo o ingresso mais barato). Essa é a base para a montagem do plano de ingressos de cada jogo. E cada jogo é um jogo! O mesmo estádio pode ter configurações ligeiramente diferentes por jogo, e mais diferentes ainda entre uma fase e outra da competição. Quanto mais para a frente no campeonato, mais assentos são dedicados a imprensa e aos patrocinadores (e menos ao público geral).

Geralmente, a dinâmica dos ingressos indica que na primeira fase de venda o estoque para público geral é bastante limitado. Porém, como ela acontece antes do sorteio dos grupos, nem todo mundo é ousado suficiente para aplicar sem saber que time está jogando, então as chances são razoavelmente boas.

Com o passar do tempo, e das fases de venda, os grupos de clientes vão devolvendo os ingressos que não querem comprar e o estoque disponível para público geral aumenta. Essa explicação derruba o mito que a FIFA “segura” ingressos ou vende por lotes. Todos os ingressos estão sempre disponíveis para a venda, porém nem todos para o público final. O que um tipo de cliente não compra, e’ passado para outro.

Desse jeito, a FIFA garante que há “emoção” na venda de ingressos até o último minuto. Literalmente, ingressos podem aparecer a qualquer momento no sistema até a hora do pontapé inicial do jogo. Então, se você estiver em Doha para a Copa e quiser aproveitar para encaixar uns joguinhos a mais, fique sempre de olho no site!

Para todas as informações sobre ingressos da Copa do Mundo 2022, visite http://fifa.com/tickets e nos vemos no Qatar!

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