Coluna

Ministério do Esporte: a indústria esportiva volta a ter voz

Atletas, clubes, confederações, federações e entidades esportivas passam a ter voz ativa e conexão direta com o governo

Ministério do Esporte: a indústria esportiva volta a ter voz

11 de janeiro de 2023

4 minutos de Leitura

Fellipe Drommond
Fellipe Drommond
Sócio Diretor do Grupo TFW, CEO do Magnus Futsal e CMO da More Skills

O Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no início do seu governo o retorno do Ministério do Esporte em prol da reconstrução de uma política pública para o desenvolvimento estratégico da indústria esportiva, fomento da prática de atividades físicas pela sociedade e inclusão social.

A ex-jogadora de vôlei e fundadora do Instituto Esporte & Educação (IEE), Ana Moser, foi a indicada para comandar o mais alto cargo de gestão esportiva do Brasil. Encarado por muitos como somente mais um ministério para os governantes cumprirem acordos políticos e indicarem pessoas a cargos de relevância em troca de apoio, desta vez teremos uma profissional do esporte e a primeira mulher à frente do cargo.

Poucas pessoas são capazes de mensurar a importância do esporte como importante ferramenta de transformação e inclusão social, além do seu papel relevante na economia e potencial fonte de geração de empregos.

O Ministério do Esporte tem a missão de coordenar as ações de um segmento que representa 2% do PIB do Brasil e no mundo, se fosse um país, a indústria esportiva estaria entre as dez maiores economias do planeta. Além de gerar empregos e movimentar consideravelmente a economia global, colabora para uma sociedade mais saudável: segundo estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde) para cada $1,00 investido no esporte o país economiza $3,00 de gasto com saúde.

Com a retomada do Ministério do Esporte os atletas, clubes, confederações, federações e entidades esportivas passam a ter novamente voz ativa e principalmente uma conexão direta com o governo. A pasta passa a tomar frente em iniciativas diante do legislativo para que novas leis possam ser criadas em prol do crescimento, proteção e regulação do esporte nacional, um orçamento específico para o investimento no desenvolvimento esportivo é destinado para execução do plano de trabalho da instituição e principalmente a prática esportiva volta a ser tratada como política pública no Brasil. Isso não quer dizer que o segmento deverá apoiar-se em receitas públicas para sobreviver, mas sim que o respaldo das instituições públicas proporcionarão maior credibilidade para que as empresas de capital privado tenham segurança em investir cada vez mais no esporte brasileiro.

Experiência não falta para a ministra realizar um grande trabalho. Dialogar com todas as modalidades para compreender suas especificidades é fundamental para o sucesso, inclusive com a comunidade gamer. Atualmente no país, 75% da população declara jogar algum tipo de jogo em celular, computador e/ou videogame e em contrapartida temos 45% das pessoas declaradamente sedentárias, sendo mais agravante entre os jovens cujo número corresponde a 84%…mas o que isso quer dizer?

Reconhecer o presente é entender que o e-sports é uma realidade e considerando a sua popularidade, se for encarado como esporte, talvez a propagação da necessidade de uma boa preparação física/mental para desempenhar em alto nível possa ser um importante aliado para termos uma juventude mais saudável.

Trabalhar para a inclusão não é nenhuma novidade para Ana que, em parceria com a UNICEF, criou em seu instituto no ano de 2005 o projeto Caravana do Esporte, reunindo professores, gestores escolares, gestores públicos, instituições e organizações esportivas da sociedade civil para realização de atendimento direto a crianças e adolescentes em estações esportivas educacionais apresentando a prática do esporte à comunidades carentes, povos indígenas, jovens, crianças, idosos e refugiados. Agora terá a oportunidade de expandir este lindo projeto para todo território brasileiro, escalando exponencialmente os resultados de performance e inclusão social.

Aos 54 anos, Ana Moser assume a responsabilidade de dar voz novamente para toda a comunidade esportiva. Maior representatividade no governo , liderança no Congresso e no Senado são atributos que desembarcam em Brasília instantaneamente com a primeira ministra do esporte mulher da história do país.

Lutar pela igualdade salarial e melhores condições aos esportes femininos certamente estarão entre as principais pautas de sua gestão, sem deixar de lado o desenvolvimento sustentável das modalidades tradicionais almejando alcançar a maior quantidade possível de jovens inseridos no esporte e ampliando as estruturas de alta performance em busca de melhores resultados em todas as camadas do universo esportivo do Brasil.

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