Tão logo foi anunciado que ‘Air: A História por trás do Logo’ contaria a história por trás da contratação de Michael Jordan pela Nike e a construção do império em torno da Air Jordan, esperava-se que o protagonismo do filme estaria na lenda do basquete ou mesmo em Sonny Vaccaro, que em 1984 era o responsável pelo recrutamento de novos talentos para serem patrocinados pelo swoosh.
Vaccaro, de fato, tinha uma visão fantástica de mercado. Mesmo sem conhecer Jordan pessoalmente, ele estava convencido de que aquele jovem jogador seria o futuro do basquete. E mais: estaria disposto a arriscar sua posição na Nike e investir todo o orçamento no GOAT.
Portanto, Vaccaro fez a companhia ir atrás de Michael Jordan e o resto é história…
…e foi história porque uma pessoa muito importante na vida do atleta fez uma exigência e o executivo se viu “obrigado” a aceitar (caso contrário, adidas ou Converse o levariam).
Sim, nada seria possível sem uma figura central em todo esse cenário: Delores Jordan, mãe de MJ23 e interpretada pela fantástica Viola Davis. Para mim, esta sim é a grande protagonista e revolucionária da nossa indústria.
Como o próprio Michael Jordan já disse, sem sua mãe talvez a Air Jordan (Jordan Brand) nem teria existido. No longa, Viola Davis consegue trazer esse sentimento de importância de maneira impecável.
Para fechar com a Nike, Deloris Jordan exigiu que a proposta contemplasse, além de uma linha exclusiva de tênis oferecida inicialmente, que seu filho fosse o primeiro atleta a ter participação de lucro na venda dos seus calçados. Pense nos dias atuais, o quanto isso se tornou corriqueiro entre lendas.
Um tênis é apenas um tênis, até meu filho usá-lo.
Imagine se a Nike declina a contraproposta? Bastaria Deloris procurar Converse e adidas, e outra história seria escrita. Se maior ou menor, é tema para um outro debate.
Importante lembrar que, naquele momento, o swoosh tinha apenas 17% de participação no mercado de basquete nos EUA, contra 54% da Converse e 29% da adidas. Notou como seria, de certa maneira, tranquilo Deloris aceitar outro projeto? Todos estavam na mesa e Jordan ainda tinha preferência pela marca alemã.
Por que não sair do comum ciente do valor do seu filho? Ao fazer uma exigência jamais vista na indústria, ela mudou a história do jogo.
Vale exaltar também o papel de Philip Knight, fundador da Nike, na negociação com Deloris (vou parar por aqui para não ter mais spoiler).
É ÓBVIO que houve uma dramatização em cima de um roteiro que se baseou em fatos, mas é inegável que Deloris era a principal responsável pela carreira de Michael Jordan, principalmente no começo, quando ele ainda era um calouro, e posteriormente nos seus primeiros anos de NBA.
Jordan exaltou sua mãe ao entrar no Hall da Fama
Em setembro de 2009, Michael Jordan conquistou seu espaço no Hall da Fama do Basquete. Na ocasião, ele ingressou na lista de homenageados ao lado dos ex-jogadores David Robinson e John Stockton, além dos técnicos Jerry Sloan e C. Vivian Stringer.
Muito emocionado e em meio à lágrimas, Jordan, que conquistou seis títulos da NBA pelo Chicago Bulls e duas medalhas de ouro olímpicas pelos Estados Unidos, deixou claro a importância que sua mãe teve em sua trajetória no basquete.
“Minha mãe, o que eu posso dizer da minha mãe? Ela nunca fica parada. Vocês acham que eu sou ocupado? Ela está sempre fazendo algo. Ela é durona e atualmente ela tem dois trabalhos. Ela é inacreditável. Se existe alguém me cobrando todo dia, esse alguém é ela. Ela me mantem focado nas boas coisas da vida. Como as pessoas te enxergam, como você as respeita, o que é bom para as crianças, pra você. Como você é visto publicamente. Tudo isso veio dos meus pais, da minha mãe. Eu tenho 46 anos e ela ainda toma conta de mim. Até hoje. E isso é uma qualidade dela. Eu a amo demais”, disse Jordan no palco do evento.
