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Gestão de imagem de atleta no Brasil: nicho de mercado

No exterior, atletas de ponta e até mesmo medianos possuem um mercado gigante para endorsement

Gestão de imagem de atleta no Brasil: nicho de mercado

25 de abril de 2023

4 minutos de Leitura

Fábio Wolff
Fábio Wolff
Fábio Wolff é sócio-diretor da Wolff Sports, e professor em cursos de MBA em Gestão e Marketing Esportivo na Trevisan Escola de Negócios

No início de 2022, pintou uma nova oportunidade de negócio: fazer a gestão da imagem e patrocínios de atleta.

Na verdade, a oportunidade já havia surgido há alguns anos, mas como estávamos focados em determinados projetos, acabamos não embarcando nessa oportunidade.

Na época, o atleta em questão era um juvenil do Flamengo, o Vinícius Jr. Quando me dei conta, o atleta já se encontrava em Madri, e a oportunidade perdida.

No começo de 2022 outra oportunidade de fazer gestão de um menino, dessa vez de nome Endrick, e preciso confessar, era um desconhecido para mim até então.

Bastaram alguns vídeos recebidos do empresário do atleta, Fred Pena, da TFM, para aceitar de prontidão o desafio. Fizemos um estudo de posicionamento de imagem jovem talento com as informações recebidas e apresentamos ao staff e família.

Com o de acordo por parte de todos os envolvidos, fomos ao mercado e captamos dois patrocínios de 3 anos de duração ao Endrick. O primeiro deles com a Odontocompany, considerado o mais precoce da história do futebol brasileiro, exceto aqueles de fornecedor de material esportivo, e também o do Rei do Pitaco, um fantasy league.

Desde então, ambos patrocinadores vêm utilizando mensalmente o asset com muita regularidade por intermédio de campanhas nas mídias sociais. A Odontocompany também o coloca em campanhas em tv aberta.

Basicamente, os pilares do Endrick se constituem em patrocínios de longo prazo com players do mercado que possuam um storytelling orgânico com ele.

Planejamos até oito patrocinadores, modelo baseado em grandes atletas do esporte mundial: Roger Federer (agora ex-atleta), Rafael Nadal e Cristiano Ronaldo. O número limitado de patrocinadores se deve ao fato de proporcionar mais recall de associação com as marcas, criando assim, uma força de associação e troca de atributos.

Com o trabalho com o camisa 9 do Palmeiras em andamento, temos sido procurados por muitos empresários e famílias para realizar trabalhos similares.

Entre os muitos convites, vislumbramos em reunião com o Nick Arcuri, da Un1que, um potencial grande de parceria em relação ao atleta Luis Guilherme, menino de 17 anos da Sociedade Esportiva Palmeiras e que já integra o profissional do clube. Além de ter conquistado diversos títulos importantes na base, o jovem atleta soma diversos títulos com a Seleção Brasileira, sendo o mais recentemente, o Sul-americano Sub 20.

O modelo de estratégia desenvolvido ao Luis Guilherme é muito similar ao do Endrick, poucas empresas e contratos de longo prazo.

Quando fiz o mestrado em Liverpool, Indústria do Futebol, tinha o desejo de trabalhar na IMG, empresa gigante global que cuida da imagem e de patrocínios de grandes nomes do esporte mundial.

O que chama a atenção é que no exterior atletas de ponta e até medianos possuem um mercado gigante para endorsement. Porém, aqui no Brasil, em função de inúmeras razões, esse mercado praticamente não existe. Basta ligar a tv e ver quantos atletas que atuam no Brasil são rostos constantes.

O mercado é gigante, mas a maioria dos empresários e gestores aqui no Brasil realizam um trabalho reativo, ou seja, são procurados esporadicamente por empresas para realizar ações pontuais ou campanhas determinadas.

Não existe um trabalho estratégico de posicionamento de imagem, em função disso muitas oportunidades se perdem pelo caminho. O foco sempre, por parte dos empresários, é de realizar as transações dos atletas com o mercado do exterior.

O tema é complexo, e me comprometo, em breve, a voltar com outras colunas sobre o assunto. O fato é que temos um potencial gigante, um nicho de mercado.

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