De acordo com o levantamento anual realizado pela EY, empresa de consultoria e auditoria, 30 dos 40 times que disputaram as Séries A e B do Campeonato Brasileiro em 2022 registraram um crescimento consolidado de 156% na receita total nos últimos 10 anos, chegando a R$ 8.1 bilhões em 2022.
A EY analisa a saúde financeira dos clubes brasileiros e apresentou o material com base na análise do cenário econômico e o desempenho financeiro dos clubes brasileiros no ano passado. Para esse material, Chapecoense, CRB, CSA, Ituano, Juventude, Londrina, Náutico, Novorizontino, Sampaio Corrêa e Tombense não foram incluídos, pois, até o momento desse levantamento, não publicaram suas demonstrações financeiras.
Todas as receitas se mantiveram no mesmo patamar em termos proporcionais, de 2021 para 2022, com exceção de Direitos de Transmissão e Premiação e matchday, que apresentaram mudanças.
“Essa diferença aconteceu, principalmente, por conta da contabilização, em 2021, de Direitos de Transmissão e Premiação dos campeonatos de 2020, que se encerraram no ano seguinte, por conta da paralisação decorrente da pandemia. Houve aumento das receitas de matchday dos clubes brasileiros em 2022. Essa fonte de renda foi contabilizada normalmente, decorrente do retorno dos públicos aos estádios, e retornou ao patamar de anos anteriores”, disse Pedro Daniel, Diretor Executivo de Esporte da EY.
Olhando para as receitas com direitos de transmissão e premiação por clube, Flamengo e Palmeiras representaram 25% do total arrecadado pelos clubes e 47% das receitas estão concentradas em 5 clubes: Flamengo, Palmeiras, Corinthians, São Paulo e Grêmio.
“Esses resultados foram impulsionados pelas conquistas esportivas dos últimos anos, no período de 2018 a 2022. Vale ressaltar que o Flamengo tem 14% de receitas com direito de transmissão e premiações, maiores que o Grêmio e Internacional juntos, enquanto o Corinthians, com 9% possui mais receitas com direitos de transmissão que Bahia, Fortaleza e Ceará somados”, ressalta o executivo.
Já quando o levantamento aponta a questão do endividamento, a EY analisa três aspectos: endividamento líquido, empréstimos e tributário.
As Dívidas Tributárias aumentaram em 8%, os empréstimos em 19% e o endividamento teve alta de 9%, em relação ao ano anterior. O Endividamento Líquido apresentou um aumento de R$ 333 milhões, se comparado ao resultado de 2020, que até então tinha sido o maior nos últimos 10 anos, e de R$ 900 milhões em relação ao ano de 2021, que havia tido uma queda.
“Tanto as Dívidas Tributárias quanto os Empréstimos apresentaram crescimento constante nos últimos 5 anos, com aumento de R$ 791 milhões e mais de R$ 1.2 bilhão, respectivamente, comparado ao valor de 2018”, acrescentou.
Por fim, no que se refere aos indicadores de endividamento por receita total, metade dos clubes analisados apresentaram índices abaixo de 1.
Dentre os 10 primeiros colocados, apenas 3 clubes participaram da série A em 2022: Botafogo, Atlético-MG e Fluminense, respectivamente. Já na série B, 3 clubes apresentaram índice abaixo de 1, sendo eles: Criciúma, Brusque e Operário PR.
“O maior índice ficou com o Guarani, que apresentou o número de 8,49. Ou seja, o endividamento líquido do clube em 2022 foi 8 vezes superior ao faturamento realizado. O Botafogo é o segundo clube com maior índice, apresentando endividamento 6,38 vezes maior que o seu faturamento, de R$163 milhões. Esses 2 clubes juntamente com o Cruzeiro foram os únicos a apresentarem índice acima de 6”, finalizou Daniel.