Indústria

Alto valor e imaturidade do mercado dificultam multiclubes no futebol brasileiro

Executivos apontam barreiras no atual cenário do futebol brasileiro que impedem número maior de investimentos

Alto valor e imaturidade do mercado dificultam multiclubes no futebol brasileiro
Renné Pinheiro, Rodolfo Kussarev, Roque Júnior, César Grafietti e Rafael Plastina, sócios da Convocados

25 de agosto de 2023

2 minutos de Leitura

O modelo de Multiclubs Ownership (MCO), onde um mesmo dono comanda mais de uma instituição esportiva, vem se tornando tendência na indústria ao longo dos últimos anos e em 2022 chegou com força por aqui.

No Brasil, o modelo pode ser visto na negociação do Bahia com o City Football Group, com Ronaldo ao se tornar acionista majoritário do Cruzeiro, tendo controle também do Valladolid, do grupo Eagle Football, de John Textor, que adquiriu o Botafogo, e a 777 Partners comprou 70% das ações da SAF do Vasco.

Recentemente, a Convocados, consultoria de investimentos especializada no mercado do futebol, se uniu à Blue Crow e Galapos para estruturar um fundo de private equity com o objetivo de adquirir equipes da modalidade. Para ela, por enquanto, o Brasil não está no radar de aquisições.

“[O motivo] primeiro pela maturidade de mercado. O europeu é muito mais maduro do ponto de vista de negociação de clubes. Já tem décadas de compra e venda, você sabe por quanto compra e tem uma boa ideia de por quanto vende. Tem demanda, escassez, e isso permite que para um investimento desse de 10 anos, você consiga entregar uma ideia mais clara para o investidor. Aqui é imaturo”, disse Cesar Grafietti, um dos sócios da Convocados, ao Lideranças, podcast do MKTEsportivo.

O executivo também deixou claro o alto valor a ser investido quando se trata de futebol brasileiro.

“Eu acho o valor dos investimentos nos clubes brasileiros muito acima do que se investe para ter retornos mais certos na Europa”, completou.

Para a consultoria, existe ainda outro fator muito importante e que é visto como um entrave: uma liga que busque incrementar suas receitas e trabalhe todo o ecossistema que envolve o “produto” futebol.

“Acrescento o fato de não termos uma liga que efetivamente cuide do Campeonato Brasileiro, e que busque trazer e potencializar as receitas. Por exemplo, cuidar dos direitos internacionais, onde passemos a ter um faturamento que seja minimamente relevante. Que busque patrocínios, no lugar de placas de mídia, e que trate os dados e bilheteria de uma outra forma. O Brasil faz parte do roteiro, mas não nessa fase”, finalizou Rafael Plastina, sócio da Convocados.

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