O modelo de Multiclubs Ownership (MCO), onde um mesmo dono comanda mais de uma instituição esportiva, vem se tornando tendência na indústria ao longo dos últimos anos e em 2022 chegou com força por aqui.
Ainda que não envolva, por enquanto, um clube brasileiro, o país já registra o seu primeiro projeto com executivos brasileiros.
Recentemente, a Convocados, consultoria de investimentos especializada no mercado do futebol, se uniu à Blue Crow e Galapos para estruturar um fundo de private equity com o objetivo de adquirir equipes no mercado europeu.
Neste sentido, o primeiro passo foi dado com a compra do Anadia FC SAD, clube português da Liga 3, cuja gestão passou a ser realizada pela Blue Crow, gestora portuguesa com mais de € 400 milhões em AuM, tendo os Convocados como advisors e gestores dos clubes.
“O nosso projeto de Multiclubs Ownership (MCO) começa com a aquisição de um clube de Portugal. Foi formado um fundo de investimentos em Portugal, que é gerido pela Blue Crow. No Brasil, temos uma parceria com a Galapos, que faz prospecção e a busca de investidores nos EUA e Brasil”, detalhou Cesar Grafietti, um dos sócios da Convocados, ao Lideranças, podcast do MKTEsportivo.
“A formação desse fundo permite a compra e desenvolvimento dos clubes na Europa. A ideia é começar com Portugal. Esse projeto nasce de uma forma que você vincule o país sede do clube com alguma relação de negociação de atletas”, acrescentou.
No Brasil, o modelo pode ser visto na negociação do Bahia com o City Football Group, com Ronaldo ao se tornar acionista majoritário do Cruzeiro, tendo controle também do Valladolid, do grupo Eagle Football, de John Textor, que adquiriu o Botafogo, e a 777 Partners comprou 70% das ações da SAF do Vasco.
No entanto, para César, é fundamental que todas as inciativas do tipo tenham estratégias de desenvolvimento muito planejadas.
“O nosso projeto tem um contexto, um conceito. É um foco em crescimento, de equipes de acesso. Acredito que seja o primeiro MCO que tem no mercado que nasce com um processo de desenvolvimento muito bem desenhado. A maior parte dos que vemos hoje é porque vislumbrou oportunidade, e quando você vai fazer esta conexão, não existe”, salientou.
Como o modelo de multiclubes, como o nome próprio leva a crer, é formado por diversas equipes, muitos pilares são levados em consideração, da prospecção ao fechamento do negócio.
“É uma junção de várias origens de dados, proprietários, históricos de mercado, performance, evolução nas ligas, fluxo de atletas latino-americanos, africanos, e também de dinheiro. Analisamos o estudo detalhado das finanças dos clubes que o César faz. Olhamos também para outros pilares, como posição geográfica, infraestrutura, ambiente politico. Dentro da microgeografia de cada país, ainda analisamos os clubes dentro de todos esses cenários. São muitas variáveis, de fato”, detalhou Rafael Plastina.
Neste momento, a Convocados já tem dois novos negócios envolvendo aquisição em andamento. O primeiro a ser anunciado ao longo deste segundo semestre, enquanto o segundo nos primeiros seis meses de 2024. Segundo a consultoria, a diferença de datas se baseia no “período de folga para entrar, fazer o setup e entender a realidade do clube”.