Coluna

Cases interessantes para combater à Pirataria no Futebol

Trata-se de um desafio crescente que afeta não apenas as receitas dos clubes e patrocinadores, mas também a autenticidade da marca e segurança do consumidor

Cases interessantes para combater à Pirataria no Futebol

22 de janeiro de 2024

6 minutos de Leitura

Bruno Koerich
Bruno Koerich
CEO da Destra

Segundo o Fórum Nacional de Combate à Pirataria, o Brasil teve um prejuízo de R$ 410 bilhões em 2022 com produtos piratas. Na mesma linha, segundo o Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), em 2021, foram vendidas 60 milhões de camisas de times de futebol no Brasil, sendo 22 milhões falsificadas.

No último mês, o Portal R7 fez uma matéria para abordar o tema. Os números são alarmantes e causam um impacto direto na receita de todo ecossistema, desde os clubes, federações, atletas, indústrias e lojistas. Toda a cadeia sofre o impacto direto.

A pirataria emerge como um desafio crescente, afetando não apenas as receitas dos clubes e patrocinadores, mas também prejudicando a autenticidade da marca e a segurança do consumidor. Neste artigo, quero ressaltar os problemas enfrentados, mas também as soluções propositivas para avançarmos na conscientização e combate ao produto pirata por meio de ferramentas e ações.  

Caso você goste de conteúdo em vídeo, gravei sobre o tema em nosso canal de conteúdo relacionado ao licenciamento de marcas no YouTube.

O Impacto Negativo da Pirataria no Marketing Esportivo

A pirataria no esporte não é apenas uma questão de vendas ilegais; ela mina os esforços de branding e marketing dos clubes. Produtos falsificados, muitas vezes vendidos a preços significativamente mais baixos, podem parecer atraentes para os consumidores, mas trazem consequências graves. Eles reduzem a receita dos clubes e patrocinadores, que dependem da venda de mercadorias licenciadas como uma fonte vital de receita.

Além disso, a qualidade inferior desses produtos pode prejudicar a imagem do clube, diminuindo a percepção de valor entre os fãs e consumidores. Há também uma questão de segurança, já que os produtos piratas frequentemente não passam pelos mesmos controles de qualidade que os itens oficiais.

É importante ressaltar ainda que, cada vez mais nos deparamos com produtos com nível altíssimo de qualidade, o que torna a competição ainda mais difícil. Muitos se perguntam, por qual motivo o fornecedor oficial não consegue competir preço? Trago aqui algumas informações: quanto o pirata paga ao clube? Qual o tamanho do enxoval que ele fornece ao clube para que atletas e colaboradores utilizem durante a temporada? Qual o imposto que o pirata paga? É inviável e injusto fazer uma comparação financeira.

A Importância da Ação dos Clubes Contra a Pirataria

A luta contra a pirataria exige uma resposta ativa dos clubes de futebol. Ao se manifestarem e tomarem medidas contra a venda de produtos falsificados, os clubes não apenas protegem suas receitas e marcas, mas também fortalecem a confiança e lealdade dos fãs. Uma abordagem proativa demonstra comprometimento com a qualidade e autenticidade, valores que são essenciais para manter a integridade do esporte.

Ademais, ações efetivas contra a pirataria podem abrir caminho para novas oportunidades de parcerias e patrocínios, já que as empresas tendem a valorizar associações com marcas que se esforçam para proteger sua propriedade intelectual.

Ações Propositivas

Case 1 – Esporte Clube Vitória e Nofake: Um Caso de Sucesso no engajamento com o torcedor

 
 
 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Uma publicação compartilhada por Nofake (@nofake)

A Nofake é uma plataforma de combate à pirataria digital, que ajuda os clubes e empresas a identificarem vendas online de produtos falsificados.

Um exemplo dessa ação proativa é a parceria entre o Esporte Clube Vitória e a Nofake.

Juntos, eles lançaram uma campanha inovadora para combater a pirataria de mercadorias esportivas. A campanha, Ruge Forte contra à pirataria, inclui uma série de ações junto ao torcedor, que poderá realizar denúncias e receber prêmios exclusivos. O sucesso desta parceria não se reflete apenas nos números, mas também no aumento da conscientização sobre os riscos da pirataria e na valorização de produtos licenciados.

João Carlos, CEO da No Fake fez a seguinte declaração:

“O futebol é paixão! Na campanha demos a oportunidade do torcedor expressar esse sentimento ajudando a proteger as marcas E.C. Vitória. E o resultado foi excelente, recebemos muitas denúncias de produtos falsificados que convertemos em ações efetivas que protegeu milhares de torcedores. A pirataria é um problema complexo no futebol, mas é preciso falar sobre ela, conversar com o torcedor para que ele possa entender a importância das receitas geradas pelo licenciamento.”

Já o Bruno Carvalho, gerente de Marketing do EC Vitória e um grande amigo do licenciamento falou:

“A pirataria sempre foi uma grande pedra no sapato do licenciamento, e nem todos os clubes têm um departamento jurídico que disponibilize a equipe para realizar as ações necessárias. A chegada da No Fake veio para nos ajudar nessa batalha. O consumidor, em geral, entende que a pirataria é extremamente nociva aos cofres do clube e, em especial, o torcedor do Vitória, que recebeu muito bem as ações realizadas pela No Fake e estão contribuindo muito com as denúncias de produtos piratas, nada mais justo do que recompensá-los com um boné lindo e exclusivo dessa parceria”.

Case 2: Fortaleza Esporte Clube e as camisas populares

Em 2019 o Fortaleza fez um barulho enorme com uma grande ação, que foi o lançamento das Camisas POP. A campanha consistia na oportunidade do torcedor trocar sua camisa falsificada, recebendo um desconto extra de R$ 10,00, por uma camisa original, com o preço de R$ 59,90. Foram mais de 4500 camisas vendidas, numa ação que incluiu também os ambulantes que comercializavam produtos piratas.

O clube realizou algumas alterações ao longo do tempo, mas continua com a preocupação em comercializar camisas com preços populares para atender aos seus torcedores. As Camisas POP são comercializadas nas lojas oficiais do Tricolor, físicas, online e também no estádio.

Renan Menezes, outro grande amigo e gerente de comercial do clube falou um pouco sobre o tema: “Entendemos que existem torcedores em todas as camadas sociais e nós enquanto clube temos que oferecer isso ao mercado. O projeto “camisa POP” chegou para ficar e agora, 4 anos depois, temos um mix bem maior de produtos e mais que dobramos a produção.”

Compartilhe