No cenário vibrante da Eurocopa 2024, um nome se destacou tanto pelos seus feitos dentro de campo quanto pela sua dedicação aos estudos: Lamine Yamal. Este jovem prodígio espanhol, com apenas 17 anos, tem impressionado o mundo do futebol com suas habilidades excepcionais, ao mesmo tempo que equilibra suas responsabilidades acadêmicas.
Desde o início do torneio, Yamal tem quebrado recordes e conquistado corações. Ele se tornou o jogador mais jovem a participar de uma Eurocopa, demonstrando uma maturidade e uma habilidade que vão além de sua idade. Em seu jogo de estreia contra a Croácia, suas jogadas incisivas e assistências foram cruciais para a vitória da Espanha, mostrando que ele não é apenas uma promessa, mas uma realidade no futebol europeu.
Antes de brilhar na Eurocopa, Yamal já vinha se destacando no Barcelona, onde sua habilidade, criatividade e velocidade o tornaram uma peça fundamental no time. Foi no clube catalão que ele desenvolveu a técnica e a confiança que agora exibe no cenário internacional. No entanto, a Eurocopa trouxe seu talento para os olhos do mundo inteiro, solidificando sua posição como uma das maiores promessas do futebol global.
Mas o que torna Yamal ainda mais admirável é sua dedicação aos estudos. Mesmo com a pressão de um torneio de alta competição como a Eurocopa, ele não deixou suas obrigações escolares de lado. Yamal trouxe seus deveres de casa para a Alemanha, onde o torneio foi realizado, e continuou a estudar para seus exames finais. Este comprometimento reflete não apenas sua ética de trabalho, mas também a importância que ele e sua família atribuem à educação.
Foi comum ver fotos do jovem espanhol estudando para as provas finais e fazendo lições de casa entre um jogo da Eurocopa e outro. Inclusive, o jovem estava estudando no dia anterior a um dos momentos mais marcantes do torneio.
Yamal é um exemplo inspirador para jovens atletas em todo o mundo. Sua jornada mostra que é possível alcançar a excelência no esporte sem abrir mão da educação. Ele representa uma nova geração de atletas que entendem a importância de ser bem-sucedido tanto dentro quanto fora de campo.
A história de Lamine Yamal na Eurocopa 2024 foi um testemunho de que, com talento, dedicação e um bom equilíbrio entre esporte e educação, os jovens podem alcançar grandes feitos em todas as áreas de suas vidas. Ao continuar a brilhar nos campos de futebol e nas salas de aula, Yamal inspira uma nova geração a seguir seus passos, mostrando que o verdadeiro sucesso vai além dos gramados.
Um dos momentos mais marcantes do torneio foi o golaço decisivo de Yamal contra a França, vencedora da Copa do Mundo de 2018 e Vice campeã de 2022. Este gol não apenas selou a vitória da Espanha por 2-1 na semifinal, mas também destacou a habilidade do jovem de brilhar em momentos críticos. Contra estrelas como Kylian Mbappé e Antoine Griezmann, Yamal mostrou que está pronto para enfrentar os melhores do mundo.
A Espanha se sagrou campeã frente à Inglaterra na final realizada em Berlim, no domingo (14). Para abrilhantar ainda mais a jornada estudantil e esportiva do jovem, que se dividiu entre brilhar para o mundo e se dedicar às suas aulas a distância, ele deu um passe decisivo para Nico Williams marcar o primeiro gol da Espanha quando o placar ainda estava 0x0. Embora não tenha feito sua partida mais brilhante, mostrou personalidade contra astros mundiais como Jude Bellingham, Phil Foden e Harry Kane.
Além disso, Yamal fez uma partida brilhante contra o Brasil, onde outro jovem prodígio, Endrick, também brilhou. Neste emocionante empate por 3-3, ambos os jogadores demonstraram seu imenso talento, com Yamal recebendo uma ovação de pé dos torcedores presentes no Santiago Bernabéu. Este jogo destacou a capacidade de Yamal de competir e se destacar contra grandes talentos internacionais, solidificando ainda mais sua posição como uma estrela em ascensão no futebol mundial.
O problema da falta de estudo do atleta brasileiro
A imagem dos atletas brasileiros frequentemente sofre com a má fama de serem considerados “jogadores problemáticos”, o que tem levado o valor de mercado deles a diminuir em algumas transações e feito com que clubes prefiram jogadores de outras nacionalidades. Atletas profissionais brasileiros, especialmente aqueles que alcançam sucesso e fama rapidamente, muitas vezes se encontram em situações de vulnerabilidade e envolvidos em escândalos, em grande parte decorrentes da falta de estudo e suporte educacional, seja por parte dos clubes ou pela ausência de estrutura familiar adequada.
A pressão para manter o desempenho, a influência de terceiros e os altos ganhos financeiros, somadas à falta de estudos, costumam resultar em decisões erradas. Isso faz com que muitos atletas, especialmente do futebol, apareçam nas manchetes policiais, em vez de serem reconhecidos por suas habilidades esportivas ou por suas contribuições sociais e inspiradoras.
Uma das questões críticas que afetam os clubes formadores no Brasil inclui tanto a responsabilidade jurídica da Lei Pelé quanto a responsabilidade social e educacional em relação aos jovens atletas. A falta de investimento dos clubes na educação de base e no desenvolvimento individual faz com que os clubes percam dinheiro, pois os atletas brasileiros acabam perdendo valor de mercado devido a decisões ruins. Isso também resulta na perda de credibilidade do país no cenário internacional.
É importante ressaltar que, embora um clube seja formador e cumpra todos os requisitos relacionados à política de estudos da CBF, isso não necessariamente significa que o jovem esteja estudando de fato e aprendendo. Na prática, o clube precisa comprovar que o jovem está estudando e matriculado em algum colégio, mas um comprovante de matrícula e um boletim não necessariamente refletem o aprendizado ou até mesmo a frequência escolar. Temos diversos relatos de jogadores matriculados que, em tese, cumprem o requisito, mas que, na prática, não pisam na escola há semanas ou meses e nem repõem as aulas perdidas.
Para preencher essa lacuna, é essencial promover a formação integral de atletas, garantindo que o foco não seja apenas no desempenho esportivo, mas também na preparação educacional e pessoal. A transição da base para o profissional apresenta deficiências significativas, com projetos educacionais fragmentados e iniciativas isoladas dos clubes. É crucial oferecer soluções abrangentes e padronizadas para fortalecer o sistema de clubes formadores no Brasil, garantindo um futuro promissor para os jovens talentos, independentemente de atingirem ou não o sucesso profissional no esporte.
Conclusão
Atuo na indústria do esporte e educação há 20 anos. Embora muitas vezes traga números alarmantes sobre a união desses dois campos e tenha severas críticas sobre a abordagem atual da indústria, mantenho um otimismo sobre o caminho que estamos trilhando. Nos últimos anos, tenho presenciado uma mudança positiva, especialmente por parte dos jovens atletas da nova geração que veem a educação como um pilar essencial.
Além de Yamal, posso citar as raras exceções brasileiras, como Vinicius Jr., que fundou o Instituto Vini Jr. com foco na educação de jovens, e Endrick, que, antes de se mudar para a Espanha, estudou espanhol e inglês para se comunicar internacionalmente, entendendo sua influência global e seu poder de marca.
Eu mesmo senti na pele a dificuldade de um jovem que se torna profissional no esporte. Passei por muitas situações e vi grandes jogadores que fizeram parte dos 1% que se profissionalizaram, desperdiçaram suas carreiras por falta de estudo. Por outro lado, há os 99% que não se tornam profissionais e acabam sem profissão no futebol e sem educação, resultando em vidas difíceis por terem abdicado dos estudos sem conseguir ingressar em um clube. Vi muita coisa até criar a Esporte Educa, minha empresa, com o objetivo de resolver esse problema e reescrever a relação do esporte com a educação no Brasil. Fui premiado nacional e internacionalmente em Dubai e Munique, e posso afirmar que estamos trilhando um caminho positivo.
Essa evolução não se deve apenas ao que venho construindo, mas também à mudança na indústria do futebol impulsionada pelas SAFs e pelo ESG, além de profissionais qualificados que se preocupam com os ODS da ONU aplicados ao esporte, especialmente ao futebol.
Ainda com otimismo, cito mais dois movimentos: o SIGA, a maior organização mundial de integridade no esporte, que está colaborando para cirar um novo cenário para a indústria esportiva, garantindo que ela seja governada e operada sob os mais altos padrões de integridade, onde tive a oportunidade de conhecer Vinicius Sousa dos Santos, responsável pelas relações institucionais. E também um movimento muito interessante da Universidade do Futebol, do qual sou membro, liderado por Heloisa Rios e minha querida amiga Ana Ratti, chamado Progresso Futebol de Base.
Este movimento reúne profissionais incríveis da indústria do futebol para discutir diversos pontos de melhoria na base dos atletas brasileiros, sendo um deles o pilar da educação.
Se você gostou do tema esporte e educação, convido você a ler minhas colunas anteriores, repletas de dados sobre o tema no Brasil:
➤ “Educação e Conscientização dos atletas: análise do caso Paquetá e a manipulação de resultados”
➤ “Educação: o único caminho para salvar o Esporte e gerar impacto positivo nas próximas gerações”
➤ “A regra é clara: o atleta com formação e suporte educacional vai, sim, dar certo”
➤ “O esporte como ferramenta de apoio para o sucesso educacional”
Com todas essas iniciativas e o esforço coletivo de tantos profissionais dedicados, acredito firmemente que estamos construindo um futuro melhor para o esporte no Brasil. A educação como pilar fundamental na formação de nossos jovens atletas não só garantirá carreiras mais sólidas e duradouras, mas também contribuirá para a formação de cidadãos mais completos e preparados para os desafios além dos campos e quadras.
Continuarei trabalhando incansavelmente para que a Esporte Educa e todas as demais iniciativas possam atingir seus objetivos e transformar vidas. Juntos, estamos reescrevendo a história do esporte e educação no nosso país.