As empresas de apostas embolsaram R$ 3 bilhões dos brasileiros cadastrados no Bolsa Família. O número faz parte de um levantamento feito pelo Banco Central a pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM).
Nele consta que 24 milhões de pessoas no país participaram de apostas ou jogos do setor desde o início do ano. Trata-se de 11,3% da população brasileira estimada pelo IBGE para agosto de 2024 (212,6 milhões de pessoas).
O montante foi obtido apenas para transações que envolveram Pix para pagamento, o que segundo o BC representa a maioria das transações. Cartões de débito e crédito não foram contabilizados.
“Está gerando uma percepão de que a gente pode ter uma piora na qualidade do crédito, com comprometimento grande”, destacou Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.
De acordo com a pesquisa, de janeiro a agosto, os brasileiros gastaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês com apostas, entre loterias da Caixa ou plataformas de apostas esportivas, e jogos como cassino on-line. Deste total, 15% fica com as casas de apostas (de R$ 2,7 bilhões a R$ 3,15 bilhões mensalmente). Os 85% restantes retornam aos apostadores na forma de premiação.
Segundo o levantamento, a maior parte dos apostadores tem idade entre 20 e 30 anos.
Bolsa Família
Apenas em agosto, 5 milhões de pessoas que são beneficiadas pelo Bolsa Família realizaram apostas, destinando R$ 3 bilhões a empresas desse segmento apenas em transações pelo Pix. O número representa 17% dos cadastrados no programa social do governo federal.
Entre esses apostadores, 4 milhões (70%) são os chefes de família. Eles enviaram R$ 2 bilhões via Pix (67%) para empresas de jogos de azar.
“Esses resultados estão em linha com outros levantamentos que apontam as famÌlias de baixa renda como as mais prejudicadas pela atividade das apostas esportivas. É razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”, destacou o relatório do BC.