Coluna

Fundo São Paulo FC: quando a mudança não é uma opção

Mesmo com avanços positivos desde o início da gestão de Júlio Casares, o clube ainda enfrenta um cenário desafiador com um alto endividamento

Fundo São Paulo FC: quando a mudança não é uma opção

08 de outubro de 2024

4 minutos de Leitura

OutField
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Grupo focado em investimentos, inteligência e estratégia para esporte e entretenimento.

Por Pedro Oliveira – Sócio-fundador da OutField

Recentemente completamos 3 anos da aprovação da Lei das SAF e seu impacto no futebol brasileiro pode ser intensamente sentido, dentro e fora de campo. Desde agosto de 2021 foram criadas 68 Sociedades Anônimas do Futebol e vemos hoje um mercado que acessa capital institucional pela primeira vez em sua história, tendo atraído mais de R$ 5 bilhões em novos recursos oriundos dos compromissos de investimento realizados nas SAFs.

Ao mesmo tempo, alguns Clubes que operam no modelo Associativo, seguem dando bons exemplos de gestão. Desde Flamengo e Palmeiras que atuam com governança de primeiro nível já há uma década, até ótimos casos como Fortaleza e Athlético Paranaense. Isso mostra que a forma de fazer futebol já mudou, e quem não acompanhar a revolução, irá ficar pra trás. Como falamos bastante no escritório da OutField, a boca do jacaré está abrindo e quem não se mexer será cada vez menos relevante no mercado.

Neste contexto, o São Paulo FC como potência que é, vem acumulando avanços positivos desde o início da gestão de Júlio Casares, tendo conquistado resultados esportivos importantes em campo, como os títulos do Paulista de 2021 e da Copa do Brasil de 2023, mas também acelerando as receitas do Clube, as quais cresceram 50% entre 2021 e 2023.

No entanto, o Clube ainda enfrenta um cenário desafiador com um alto endividamento de aproximadamente R$700 milhões e um mercado que está cada vez mais inflacionado – na comparação entre 2023 e 2022, as despesas com futebol dos Clubes da Série A cresceram 35%, impulsionadas justamente pelo novo capital que adentrou o mercado – ex: Botafogo e Cruzeiro investiram R$230 milhões e R$180 milhões, respectivamente, apenas na última janela de transferências.

Por tudo isso, cria-se um cenário em que o aumento da geração de receitas/caixa é consumido pelas despesas financeiras e cai a capacidade para investimento no core business (futebol profissional e de base). Assim, a atual gestão do Tricolor entendeu a importância de mudar a rota e estruturar um novo caminho para introduzir o Clube no futuro do futebol brasileiro, criando uma via inédita de acesso ao mercado de capitais e adotando melhores práticas de governança corporativa em sua gestão. Afinal, nem só de SAFs o mercado irá viver e com o desenvolvimento dessa solução, o SPFC se posiciona na frente mais uma vez.

Para simplificar: o que o SPFC está fazendo, junto com a OutField e a Galapagos Capital, é estruturar um Fundo de Investimentos com R$240M em dinheiro novo para o Clube equalizar seu fluxo de caixa e gerir melhor seus passivos bancários. Nesse cenário temos que pensar menos no instrumento e mais no que ele significa: uma solução de capital estruturada e dedicada exclusivamente ao SPFC que é parte importante do processo de reestruturação financeira pelo qual o Clube está passando no 2o mandato do Presidente Julio Casares.

Se dentro de campo a atual gestão elevou o patamar competitivo do Clube, a visão para os próximos anos é fazer com que o Tricolor Paulista comece a reduzir substancialmente seu endividamento, de modo que os recursos disponíveis para investimento no futebol também aumentem com o tempo, replicando as trajetórias de Palmeiras e Flamengo que iniciaram seus processos de reestruturação em 2013 e hoje colhem os frutos de uma gestão financeira equacionada e pensada para o longo-prazo.

Sempre digo que o futebol irá mudar mais nos próximos 10 anos do que nos últimos 100 e movimentos como esse apenas reforçam que a mudança está entre nós e que os Clubes de futebol, que possuem sim um negócio com extremo potencial em mãos, precisam definitivamente se atentar à necessidade de ter uma gestão profissional, aderente ao que há de melhor no mundo corporativo. Desta maneira, poderemos aos poucos seguir encurtando a distância para mercados mais desenvolvidos, a fim de recolocar o futebol brasileiro no topo do futebol mundial.

O SPFC está liderando esse caminho e esperamos que outros gigantes do futebol brasileiro também avaliem novas possibilidades para seu futuro.

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