Mais de 100 jogadoras de futebol profissional assinaram uma carta aberta direcionada à FIFA exigindo que a mesma rescinda o acordo de patrocínio fechado com a petrolífera saudita Aramco.
Segundo o jornal The Times, a companhia pagará US$ 100 milhões por ano à Fifa em um acordo válido por pelo menos quatro anos, que engloba, entre outros torneios masculinos e femininos, a Copa do Mundo Feminina de 2027, que será disputada no Brasil.
Na carta aberta, 106 jogadoras, de 24 países diferentes, exigem que a FIFA o encerre por razões humanitárias e ambientais.
“As autoridades sauditas têm gastado milhões em patrocínios desportivos para tentar desviar a atenção da reputação brutal do regime em matéria de direitos humanos, mas o tratamento que dispensa às mulheres fala por si. Pedimos à Fifa que reconsidere esta parceria e substitua a Aramco por patrocinadores alternativos cujos valores se alinhem com a igualdade de gênero, os direitos humanos e o futuro seguro do nosso planeta. Também propomos a criação de um comitê de revisão com representação das jogadoras, para avaliar as implicações éticas de futuros acordos de patrocínio e garantir que estejam alinhados com os valores e objetivos do nosso esporte”, destaca a carta.
“Este patrocínio é muito pior do que um gol contra no futebol: a Fifa poderia muito bem derramar óleo no campo e incendiá-lo. Nosso trabalho como jogadoras profissionais tem sido um sonho para nós e é um sonho para as meninas que serão as jogadoras do futuro. Merecemos muito mais do nosso corpo governante do que a sua aliança com este patrocinador que é um pesadelo”, acrescenta.
A atacante holandesa Vivianne Miedema, estrela da seleção de seu país e que atualmente defende o Manchester City, é uma das signatárias da carta.
A entidade ainda afirmou à emissora britânica BBC Sport que “valoriza a sua parceria com a Aramco”, enfatizando que a receita dos patrocínio tem sido reinvestida em todos os níveis do futebol feminino.
Histórico de controvérsias
Vale lembrar que, por ocasião da Copa do Mundo Feminina de 2023, a FIFA foi obrigada a negar o patrocínio da Visit Saudi, órgão de turismo da Arábia Saudita, após Austrália e Nova Zelândia, países-sede da competição, terem se revoltado com o possível acordo.
Já este ano, a Anistia Internacional, organização não governamental que defende os direitos humanos, alertou que a escolha da Arábia Saudita para ser sede da Copa do Mundo Masculina de 2034 geraria diversos problemas relacionados ao tema e pediu que a entidade não escolha como sede do torneio um país que “não forneça garantias sobre a segurança dos envolvidos na organização e participação no evento”.
Para piorar a situação, a Arábia Saudita também sinalizou desejo de sediar a Copa do Mundo Feminina de 2035.