Coluna

A Band é o player ideal para desenvolver o apelo da F1 no Brasil?

A permanência da emissora como canal oficial da categoria representa um atraso na busca pelo aumento na base de fãs de automobilismo no país

A Band é o player ideal para desenvolver o apelo da F1 no Brasil?
Foto: Miguel Schincariol / AFP

05 de novembro de 2024

3 minutos de Leitura

Renan Camargo
Renan Camargo
Analista da indústria do esporte e jornalista de automobilismo na F1MANIA

A partir do GP de São Paulo do último final de semana, a Fórmula 1 provou que é um produto valioso para milhões de brasileiros, tanto para os que estiveram in loco, vivenciando as emoções da etapa em Interlagos, como para aqueles que acompanharam a transmissão na poltrona de casa.

Apesar dessa relevância que ainda existe, durante a etapa brasileira me questionei diversas vezes: será que a Band, que detém os direitos da competição, é a plataforma ideal para desenvolver o apelo da categoria no país?

É nítido que a Fórmula 1 não tem o mesmo impacto/audiência no Brasil que tinha na época de Ayrton Senna. Porém, com a passagem de bastão de Bernie Ecclestone para a era Liberty Media (2016-atualmente), a F1 voltou a ser um produto cobiçado e cada vez mais rentável.

Nesse processo de modernização da categoria e ampliação dos fãs, enxergo a permanência da mesma na Band, até o final de 2025, como um atraso na busca por aumento na base de espectadores no país.

O primeiro fator é pelo alcance, que em poucos momentos ativou uma parcela considerável da população brasileira, e o segundo ponto diz respeito à forma que o próprio player lida com o produto.

Para ilustrar, no último domingo, foram realizadas a classificação e a corrida do GP de São Paulo, etapa que é a mais aguardada da temporada por brasileiros. Apesar do recorde da emissora em audiência na temporada 2024, a prova principal ficou atrás da Globo, que colocou um filme para concorrer com o evento, e do SBT, que transmitia o programa de auditório “Domingo Legal”.

Isso nos leva a crer que o alcance da cobertura, se a etapa tivesse sido transmitida pela Globo, seria bem mais interessante e possivelmente não se posicionaria em terceiro lugar nos índices. A marca aponta a limitação na exposição do campeonato no player e pode ter relação com as diversas reclamações nas redes sociais sobre a qualidade apresentada nas transmissões.

Outro assunto que deve ser destacado, é relacionado ao contato com o fiel consumidor e os novos públicos. Nesse domingo tão relevante para o esporte a motor mundial, ao invés da realização de um pós-corrida, com análises e cobertura do que acontecia in loco, a emissora optou em realizar um pré-jogo do duelo entre Flamengo e Atlético-MG, partida que seria transmitida em outro canal.

A atitude mostrou um certo desdém da emissora com o produto, que é apontado como um de seus carros-chefes, e finalizou de forma “fria” uma cobertura de evento que teve como uma de suas atrações o heptacampeão Lewis Hamilton homenageando Senna e dando voltas em Interlagos com a icônica McLaren MP4/5B.

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