Nesta terça-feira (5), às 21h30, durante a partida Bahia x São Paulo, o setor Sudoeste da Arena Fonte Nova apresentará uma cena marcante: 384 cadeiras vazias cobertas com camisas de diversos times brasileiros.
As ‘cadeiras vazias’ fazem alusão às consequências muitas vezes irreparáveis da violência: pessoas deixam de ir aos estádios por medo, times precisam jogar de portões fechados como punição e a ausência permanente das vítimas fatais.
A ação criada pela agência Nacional Comunicação faz parte do lançamento da campanha Cadeiras Vazias e do Movimento de Ocupação pela Paz no Futebol, iniciativas do Governo Federal por meio do Ministério do Esporte, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg) e os principais clubes do futebol brasileiro.
O objetivo é promover a ocupação do respeito e da paz nos estádios, e criar um ambiente seguro na adoção de comportamentos positivos e na denúncia de atos de violência que abrangem racismo, homofobia, xenofobia, agressões contra a mulher e intolerância religiosa.
O número de cadeiras simboliza o total de vítimas fatais de violência no futebol dos últimos anos, conforme levantamento do jornalista esportivo Rodrigo Vessoni.
Ação no Jogo
A estratégia engajará os jogadores dos dois clubes e torcedores em atividades de conscientização durante a partida na Fonte Nova, promovendo uma mensagem clara de que todos – sociedade civil, autoridades e instituições esportivas – têm um papel fundamental na construção de um ambiente pacífico no futebol. Representantes de famílias das vítimas fatais, depois de uma dolorosa ausência em estádios de futebol, estarão presentes no estádio da Fonte Nova para participar do ato simbólico pela paz
“A ação da ‘Cadeiras Vazias’ cria uma intervenção visual poderosa, revelando o impacto devastador da violência. Cada lugar vazio simboliza uma história interrompida e uma ausência. Contar com a coragem e a generosidade dessas famílias tornou o movimento ainda mais significativo”, explica Karina Monique, VP de Criação da Nacional Comunicação.
Um dos familiares que estará no jogo é Ettore Marchiano, pai da torcedora palmeirense Gabriela Anelli, morta aos 23 anos no dia 8 de julho de 2023, na capital paulista. Ela foi atingida por estilhaços de uma garrafa após um confronto entre torcedores ao redor do estádio.
Outra presença é Mikaelly Belinasi, irmã gêmea do santista Sergio Henrique, de 21 anos, que faleceu em 23 de agosto de 2020, alvejado por um tiro de arma de fogo. A morte decorreu de uma briga generalizada entre torcedores, na cidade de Mauá, na Grande São Paulo. No mesmo episódio, o santista Higor Matis Toledo, de 22 anos, também morreu, atingido por um disparo de bala.
Outra cadeira vazia será simbolicamente ocupada por Tiago Valdevino, tio de Paulo Ricardo da Silva, torcedor do Sport, morto em 2 de maio de 2014, após o jogo entre os clubes Santa Cruz e Paraná, no estádio do Arruda, em Recife. A vítima fatal, de 26 anos, foi atingida por um vaso sanitário lançado do topo da arquibancada para fora do estádio por um torcedor não identificado.
Pós-Jogo
A partir de quinta-feira (7), a sustentação da campanha Cadeiras Vazias será impulsionada nas redes sociais com diversos conteúdos a serem compartilhados por atletas, ex-atletas, clubes, torcidas organizadas, influenciadores e outras personalidades. Usando as hashtags #OcupaçãoPelaPaz e #PazNoFutebol, as publicações exibirão peças da campanha, minidocumentários com depoimentos carregados de emoção e saudade de familiares de Paulo Ricardo, Sergio Henrique e Gabriela, informações sobre o panorama da violência no futebol e medidas propostas pelo Movimento de Ocupação pela Paz no Futebol.
Além da repercussão na imprensa e entre influenciadores, a estratégia é impulsionar conteúdos nas redes sociais e divulgar peças publicitárias na mídia esportiva de TV, rádio, online, impressa e em painéis digitais OOH.