Apresentado pela Netflix e pela Most Valuable Promotions (MVP), a noite desta sexta-feira (15) reserva um evento esportivo de peso para os amantes do boxe. Jake Paul (10-1, 7 nocautes), enfrenta o lendário Mike Tyson (50-6, 44 nocautes), ao vivo, com transmissão exclusiva na plataforma de streaming. O evento acontecerá no AT&T Stadium em Arlington, Texas.
A Most Valuable Promotions foi criada por Jake Paul e Nakisa Bidarian em 2021, com a missão de dar mais controle criativo aos lutadores. Desde então, a MVP tem realizado alguns dos maiores eventos de pay-per-view do mundo.
Pelo lado da Netflix, trata-se de um fortalecimento de sua recente mudança de estratégia envolvendo transmissões ao vivo de eventos esportivos. Ainda que muitos foquem apenas na luta entre Jake e Tyson, na verdade, a iniciativa terá como coevento principal, a campeã dos superleves Katie Taylor contra a campeã unificada dos penas Amanda Serrano. Trata-se da revanche feminina mais esperada da história do boxe.
De “desinteressada” ao início no esporte ao vivo
Até 2022, a Netflix manteve uma posição de não entrar em esportes ao vivo, diferentemente de suas concorrentes, como Amazon Prime Video e Apple TV. Na oportunidade, Ted Sarandos, co-presidente-executivo da companhia, declarou à revista Variety que a plataforma não tinha interesse em investir na transmissão de competições esportivas.
“Não vimos um caminho lucrativo para nos associarmos com o esporte. Não somos antiesportivos, mas apenas a favor do lucro”, afirmou, na época.
Mesmo com uma primeira incursão neste ecossistema a partir da transmissão de um torneio de golfe entre celebridades, em 2023, o mesmo Sarandos reiterou o desinteresse por tais ativos, reafirmando que a empresa estava interessada apenas em programação adjacente a esportes, como séries, filmes e documentários.
“Nossa posição em esportes ao vivo permanece inalterada. Estamos muito entusiasmados com o sucesso da nossa programação adjacente aos esportes. Acabamos de lançar uma grande série chamada Quarterbacks com a NFL. Algumas semanas atrás, tivemos o Tour de France [Unchained], que fez exatamente o que vimos com o Drive to Survive e apresentou um novo público a um esporte que existe há muito tempo, mas não é realmente compreendido”, disse Sarandos, citando novos conteúdos que haviam sido lançados envolvendo futebol americano e o ciclismo.
No entanto, com o avanço significativo de concorrentes diretos no mercado de transmissões ao vivo, a Netflix nitidamente passou a flexibilizar sua estratégia.
Em março deste ano, o serviço transmitiu, ao vivo, o confronto entre Rafael Nadal e Carlos Alcaraz. O duelo aconteceu em Las Vegas, dias antes do início do torneio de Indian Wells.
“No ano passado, decidimos fazer uma grande aposta em transmissões ao vivo, aproveitando o número de fãs de comédia, reality shows, esportes e muito mais. Não há eventos ao vivo, esportivos ou outros, que se comparem ao público que a NFL atrai. Estamos muito animados com o fato da exclusividade para os jogos de Natal da NFL”, comentou Bela Bajaria, diretora de conteúdo da Netflix, ao abordar a compra dos direitos de partidas da NFL.
As séries, naturalmente, seguem a todo vapor. Para este mês, o serviço lançará SENNA, sobre a vida e carreira de Ayrton Senna, e outra que destaca a ascensão meteórica da Saudi Pro League, a liga saudita de futebol.
Primeira transmissão esportiva envolveu golfe e esportistas
A Netflix teve sua primeira transmissão esportiva ao vivo no dia 14 de novembro de 2023. A empresa reuniu nomes de duas séries esportivas presentes no seu catálogo para o torneio de golfe The Netflix Cup.
No caso, os conteúdos foram ‘Drive to Survive‘, que destaca os bastidores da Fórmula 1, e ‘Full Swing‘, que leva ao público a temporada do PGA. O evento também foi em Las Vegas e coincidiu com o final de semana de estreia do GP de Fórmula 1 na cidade.
Pelo lado do automobilismo, participaram os pilotos Alex Albon (Williams Racing), Pierre Gasly (Alpine), Lando Norris (McLaren) e Carlos Sainz (Ferrari). Entre os golfistas, marcaram presença Rickie Fowler, Max Homa, Collin Morikawa e Justin Thomas.
Com bilhões investidos, portfólio avança com NFL e WWE
Diante de suas primeiras e positivas experiências, a Netflix flexibiliza cada vez mais sua posição sobre transmissões esportivas. Prova disso, é que para dezembro, a empresa transmitirá as tradicionais partidas da NFL no Natal. Como parte do acordo de três temporadas, a plataforma contará com duelos da bola oval até 2026.
Também para o ano que vem, a Netflix se tornará a nova casa do WWE a partir de um acordo bilionário. Com o negócio, a plataforma de streaming se tornará o lar exclusivo do evento nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, América Latina e outros territórios assim que o acordo se iniciar.
Segundo fontes próximas da negociação, o contrato vale pelo menos US$ 400 milhões por ano e acredita-se que tenha uma duração superior a cinco temporadas.
“Ao combinar nossa abrangência, recomendações e entusiasmo com a WWE, seremos capazes de proporcionar mais alegria e valor para suas audiências e nossos membros. O ‘Raw’ é o melhor do entretenimento esportivo, misturando ótimos personagens e narrativas com ação ao vivo 52 semanas por ano, e estamos empolgados em ter essa parceria de longo prazo”, comentou Bela Bajaria, na ocasião do anúncio.