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Arábia Saudita não autorizará venda de bebida alcoólica na Copa do Mundo 2034

Fifa não pressionará o governo saudita para mudar suas leis restritivas, reafirmando "o respeito às políticas locais do país anfitrião"

Arábia Saudita não autorizará venda de bebida alcoólica na Copa do Mundo 2034
Foto: Reuters

19 de dezembro de 2024

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A Arábia Saudita vai manter a proibição da venda de bebidas alcoólicas durante a Copa do Mundo de 2034, de acordo com informações divulgadas pelo jornal britânico The Guardian. A decisão já levanta debates sobre como as rígidas leis locais, em vigor desde 1952, impactarão a organização do Mundial.

A proibição foi instituída pelo Rei Ibn Saud e segue como uma das políticas mais estritas do país, desafiando os padrões geralmente adotados em eventos internacionais, como aqueles promovidos pela FIFA.

Apenas uma loja em Riad possui autorização para fornecer bebidas alcoólicas, e ainda assim exclusivamente para diplomatas não muçulmanos. Esse fornecimento é controlado por cotas rígidas, refletindo a postura conservadora saudita em relação ao tema. A entidade, que já enfrentou situações semelhantes em torneios anteriores, terá que adaptar sua abordagem ao rigoroso contexto legal do país.

Durante a Copa do Mundo de 2022 no Catar, a família Al-Thani surpreendeu ao rejeitar, pouco antes do início do torneio, o plano de comercializar cerveja nos estádios. Essa decisão resultou na remoção dos produtos da Budweiser das áreas próximas às arenas, gerando um imbróglio financeiro que obrigou a Fifa a pagar uma indenização de cerca de £ 40 milhões (cerca de R$ 315 milhões) à patrocinadora AB InBev. Durante o evento, o consumo de bebidas alcoólicas ficou restrito a uma área específica para fãs, enquanto nos estádios, apenas opções sem álcool estavam disponíveis.

Apesar dos contratempos enfrentados em 2022, a empresa de bebidas decidiu renovar seu contrato de patrocínio com a federação até a Copa do Mundo de 2026. As negociações também incluíram discussões sobre a venda de álcool no Mundial de 2034, que será sediado na Arábia Saudita. No entanto, a Fifa declarou que não pressionará o governo saudita para mudar suas leis restritivas, reafirmando seu respeito às políticas locais do país anfitrião.

Os laços financeiros entre a entidade e o governo saudita têm se fortalecido de forma significativa. A Aramco, estatal de petróleo, firmou um contrato de patrocínio de quatro anos avaliado em £ 320 milhões (R$ 2,48 bilhões). Paralelamente, o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita tem planos de aplicar recursos na DAZN, plataforma de streaming que recentemente adquiriu os direitos globais de transmissão do Mundial de Clubes por £ 800 milhões (R$ 6,2 bilhões).

A Copa do Mundo de 2034 pretende firmar-se como um marco comercial, evidenciando o desejo da Arábia Saudita de ampliar sua relevância em nível global. O país já acumula mais de 900 acordos de patrocínio em diversas modalidades, sendo 94 deles voltados exclusivamente ao futebol. Essa estratégia destaca o esporte como um meio essencial para fortalecer sua projeção internacional.

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