Nos últimos anos, a Arábia Saudita ampliou significativamente sua atuação na indústria do esporte. Seja para renovar sua imagem política ou investir em ativos valiosos, o país vem se tornando um dos principais agentes do mercado.
Além de colocar em prática o ambicioso projeto “Visão 2030”, registrando grandes progressos através do aporte em patrocínios globais, a nação possui diversos representantes em organizações esportivas em todo o mundo.
De acordo com o Play the Game, instituto de ética esportiva sediado na Dinamarca, sauditas ocupam mais de 1.400 cargos em entidades do segmento.
Voltando ao âmbito financeiro, o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF) tem estado à frente de várias destas aplicações no esporte, representando mais de um terço dos aportes de patrocínio do país.
Futebol
A estratégia da Arábia Saudita abrange vários esportes. Desde o futebol até modalidades menos populares globalmente. No esporte mais popular do mundo, o PIF iniciou esse movimento ao investir £305 milhões no Newcastle em 2021. Além do clube inglês, o fundo também possui o controle de equipes da Saudi Pro League, incluindo os principais clubes do país: Al-Hilal, Al-Nassr, Al-Ahli e Al-Ittihad.
Se destacam também 48 acordos com nações individuais, além de negócios com as Confederações de Futebol Africana e da Oceania. Grande parte dessas parcerias envolvem países fora da Europa.
Um dos principais desafios da nação, o reino se prepara para receber a Copa do Mundo de 2034, prometendo um dos maiores espetáculos arquitetônicos e de experiências aos fãs já proporcionados na história do evento.
Tênis
A ATP, organizadora do principal torneio de tênis do mundo, anunciou parceria com o Fundo Soberano da Arábia Saudita. O acordo faz com que o PIF se torne o patrocinador principal de vários eventos da entidade.
Com um contrato inicial de cinco anos, o fundo também fechou acordo de naming rights para nomear o ranking dos atletas masculinos, que anteriormente era patrocinado pela Pepperstone (plataforma de negociação) desde 2022.
Golfe
No golfe, a Arábia Saudita lançou o LIV Golf, atraindo os melhores golfistas da atualidade e sinalizando um rompimento com os circuitos tradicionais. Atualmente, a organização busca se fundir com o PGA Tour , expandindo sua importância na modalidade.
Automobilismo
A país também marca presença na principal categoria do automobilismo. Na F1, além do patrocínio à Aston Martin, o reino recebe o Grande Prêmio de Jeddah desde 2021, gerando uma das receitas mais relevantes do calendário da competição.
Em 2024, segundo resultados publicados, a receita da Fórmula 1 entre janeiro e março de foi de US$ 553 milhões, contra US$ 381 milhões no mesmo trimestre do ano anterior. O crescimento é atribuído a três fatores principais: taxas de promoção de corridas, direitos de mídia e patrocínio. As datas incluíram os GPs do Bahrein, Arábia Saudita e Austrália em março.
eSports
Em julho, a Arábia Saudita anunciou que sediará os Jogos Olímpicos de eSports em 2025. Apesar do acordo não especificar qual será a periodicidade da competição, o evento ocorrerá “regularmente” e a parceria com o Comitê Nacional da Arábia Saudita será válida por doze anos.
Esportes de combate
Em 2024, o país também ampliou sua atuação nos esporte de combate. No boxe, o país colocou Riad, capital do reino, como centro dos grandes eventos da modalidade. Já no UFC, o Riyadh Season, festival anual de esportes e entretenimento financiado pelo país, fechou acordo de naming rights com evento da organização. Além disso, o reino também detém parceria de uma década com o WWE, promovendo dois eventos de wrestling por temporada.
Críquete
Através da Aramco, empresa petrolífera estatal da Arábia Saudita, o país patrocina o Conselho Internacional de Críquete e anunciou a criação da sua liga profissional da modalidade.
Além de aprimorar a reputação global, Ben Gordon, especialista em diplomacia esportiva da Dentons Global Advisors, destacou que os acordos no mercado esportivo também visam promover o crescimento econômico do reino.
“O aspecto da notoriedade da marca ou do poder brando faz parte do retorno econômico porque, em última análise, trata-se de impulsionar a atividade económica e ampliar significativamente o turismo no reino”, afirmou Gordon.