Coluna

Esporte e Solidariedade: Atletas, Startups e Organizações de Impacto que marcaram 2024

Uma jornada pelos projetos e iniciativas que estão revolucionando o impacto social através do esporte e da inovação

Esporte e Solidariedade: Atletas, Startups e Organizações de Impacto que marcaram 2024

31 de dezembro de 2024

13 minutos de Leitura

Ivan Ballesteros
Ivan Ballesteros
CEO e fundador da Esporte Educa, primeira EduSportech brasileira com foco em reescrever a relação do esporte com a educação dentro do país

Caro leitor, estamos nos últimos dias do ano, uma época que naturalmente desperta sentimentos de solidariedade, fraternidade e esperança. Por isso, o tema de hoje será a solidariedade e os atletas que têm feito a diferença nesse setor tão inspirador.

Após a publicação da minha coluna “Atletas Mais Comercializáveis de 2024: Brasileiros, Mulheres e a Força do Personal Branding”, recebi uma provocação do bem da querida Daiany França Saldanha. Além de colega do mercado esportivo, ela é referência social no terceiro setor.

“Ivan, que tal falarmos dos atletas mais solidários também? E escrever sobre os projetos sociais esportivos mais relevantes no Brasil?” Não apenas achei a proposta bacana, como percebi que o final de ano era o momento perfeito para abordar essa pauta. Convidei Daiany para co-criar esta coluna comigo, e hoje tenho o prazer de dividir este espaço com uma coautora tão especial.

Ao longo de 2024, tive o privilégio de publicar 23 colunas aqui no MKT Esportivo, totalizando 29.278 palavras. Compartilhei tendências globais, inovações no mercado de tecnologia e startups, cases inspiradores de grandes marcas e análises sobre a relevância da educação no esporte.

Cada texto foi pensado para conectar ideias, provocar debates e, acima de tudo, destacar como o esporte e a educação podem caminhar juntos para criar uma sociedade mais justa.

Buscando sempre inovar, já explorei diferentes formatos, incluindo colunas em formato de séries, onde dois ou mais textos se complementavam para aprofundar um tema.

Hoje, trago mais uma novidade: pela primeira vez, compartilho este espaço com uma coautora. Daiany, que é CEO da Líderes Esportivos e líder da frente de esportes do Instituto MOL, traz uma bagagem incrível e insights valiosos que enriqueceram essa discussão.

Juntos, vamos destacar os projetos solidários que estão transformando vidas por meio do esporte e celebrar os atletas que usam sua influência para impactar positivamente a sociedade.

Esporte e solidariedade: O legado social de atletas brasileiros

Historicamente, atletas têm sido agentes de transformação social, utilizando suas trajetórias de sucesso como inspiração e suas redes de influência para impulsionar mudanças sociais. No Brasil, iniciativas como o Instituto Elisângela Maria Adriano, que promove o atletismo como ferramenta de inclusão social, e o Instituto Vini Jr., que transforma a educação em escolas públicas e promove a educação antirracista, como atletas podem ampliar o impacto de suas histórias pessoais em benefício de comunidades.

O potencial transformador do esporte vai muito além das competições. Ele é um canal poderoso para o engajamento social, a mobilização de recursos e o fortalecimento de uma cultura de doação, especialmente quando liderado por figuras carismáticas e admiradas pela sociedade. Imagine o impacto se essas torcidas, clubes e atletas unissem forças para transformar o mundo?

Por que o esporte é um mobilizador único frente às outras indústrias?

O esporte conecta pessoas de todas as idades, gêneros e origens sociais, criando uma rede natural de engajamento que poucas outras indústrias conseguem replicar. Dados da FIFA mostram que o futebol é acompanhado por mais de 5 bilhões de pessoas, consolidando-se como o maior fenômeno social global. No Brasil, o impacto econômico do futebol é imenso, representando 0,72% do PIB nacional, além de possuir uma capacidade incomparável de gerar visibilidade e adesão emocional.

Segundo o estudo Doar Brasileiro: o esporte como mobilizador de doações, conduzido pelo Instituto MOL, as torcidas e os ídolos esportivos têm um papel fundamental na construção de confiança para as doações. A pesquisa revelou que:

  • 93% dos entrevistados consideram positiva a associação de atletas com campanhas de doação;
  • 58% disseram que anúncios em eventos esportivos os incentivariam a doar;
  • 24% doariam motivados por um convite de seu clube de coração.

A credibilidade de atletas e clubes esportivos atua como um facilitador essencial para superar a desconfiança de potenciais doadores, um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações da sociedade civil.

Isso fica evidente ao analisarmos o nível de engajamento da torcida do Corinthians, que até o momento já arrecadou impressionantes R$ 33,6 milhões para ajudar a quitar o estádio. E veja bem, não estamos falando de um problema social, mas de uma dívida milionária herdada de gestões anteriores do clube que foram irresponsáveis.

Exemplos de sucesso: Mobilização e impacto social

Um caso emblemático foi a campanha “Jogando Junto – Pela Reconstrução do RS”, liderada por Grêmio e Internacional em 2024. A ação arrecadou quase 30 milhões para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, mostrando o poder de mobilização do esporte quando aliado a causas sociais. Inclusive nesse ano a FIFA premiou Thiago Maia, volante do Internacional. O brasileiro levou o troféu ‘fair play’ da entidade na famosa premiação anual o Fifa The Best.

Outros exemplos incluem a fundação do FC Barcelona, que destina 0,7% de suas receitas para projetos sociais, e iniciativas como as campanhas de arrecadação de alimentos realizadas durante partidas do Campeonato Brasileiro, envolvendo mais de 200 clubes em uma rede nacional de solidariedade.

Atletas solidários: um exemplo a ser seguido

Além dos institutos já citados, figuras como Neymar Jr., Flávio Canto, Guga Kuerten, Ana Moser e Janeth Arcain têm usado sua influência para beneficiar comunidades em situação de vulnerabilidade. Em paralelo, iniciativas de atletas internacionais, como Cristiano Ronaldo, Serena Williams e Lionel Messi, reforçam que o esporte é uma linguagem universal de solidariedade e impacto social. E, se você busca algo verdadeiramente lindo e inspirador, convido você a conhecer a história de Sadio Mané. O jogador senegalês tem transformado sua vila natal com projetos de infraestrutura que incluem escolas, hospitais e acesso à internet, além de oferecer apoio financeiro a todas as famílias locais. Uma verdadeira lição de como o esporte pode mudar vidas!

O Brasil, com sua paixão inigualável pelo esporte, tem o potencial de liderar uma nova era na cultura de doação. Unindo a força de suas torcidas, o carisma de seus ídolos e o alcance de suas iniciativas, é possível mobilizar recursos significativos para transformar vidas.

Como ampliar esse impacto no Brasil?

Para consolidar o esporte como um mobilizador social, podemos explorar estratégias como:

  • Parcerias entre clubes e organizações sociais: destinar um percentual fixo de receitas para projetos filantrópicos, como faz o FC Barcelona.
  • Engajamento das torcidas: promover campanhas de doação em dias de jogos, incentivando a doação de alimentos, itens de necessidade básica ou valores simbólicos junto à compra de ingressos.
  • Apoio de atletas: estimular jogadores a se envolverem pessoalmente em campanhas sociais, ampliando sua atuação para além das doações financeiras.
  • Educação e conscientização: utilizar a visibilidade do esporte para promover causas como a inclusão social, a educação antirracista e a igualdade de gênero, áreas onde muitos institutos já atuam.

Além dessas estratégias, é importante destacar outros players que buscam fazer a transformar a sociedade brasileira por meio do esporte:

  • Esporte Educa: Fundada por mim (Ivan) é uma startup que usa tecnologia para transformar vidas, construindo pontes entre esporte e educação. Criada para garantir que qualquer atleta possa conciliar sua carreira esportiva com os estudos, a iniciativa está disponibilizando até fevereiro R$ 15 milhões em bolsas, impactando diretamente as famílias e abrindo novos caminhos para o futuro.
  • Instituto MOL – Doar Brasileiro – Esporte: Incentiva a cultura de doação no Brasil, conectando o esporte com a mobilização de recursos para causas sociais. O Grupo MOL é famoso por diversas iniciativas além do esporte que já mobilizaram mais de R$ 80 milhões em doações para 225 organizações em todo Brasil, o grupo foi fundado em 2007 por Roberta Faria e Rodrigo Pipponzi , sua frente esportiva é liderada por Daiany que hoje é coautora dessa coluna.
  • Play For Cause: É uma Startup que tem uma plataforma que conecta esporte e solidariedade, que tem como fundador o empreendedor social André, arrecadando fundos para instituições sociais por meio de leilões de itens e experiências exclusivas. Desde sua fundação, já arrecadou + de R$ 2 Milhões impactando mais de 100 organizações em 18 estados brasileiros.
  • Sou do Esporte: O Prêmio Sou do Esporte, a maior premiação esportiva independente do Brasil, é reconhecido internacionalmente pelo movimento #PlayTheGame. Focado em promover a governança no esporte, o prêmio celebra confederações, federações, empresas e atletas que inovam, geram impacto social e adotam boas práticas, contribuindo para o desenvolvimento do esporte no país.

Institutos de atletas que transformam o Brasil

Abaixo está uma lista de institutos de atletas e ex-atletas que representam a força do esporte como vetor de transformação social:

  • Fundação Fenômenos
    Fundada pelo ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário, a fundação desenvolve projetos sociais voltados para a educação e inclusão social de crianças, adolescentes e mulheres em situação de vulnerabilidade.
  • Fundação Gol de Letra
    Criada pelos ex-jogadores de futebol Raí e Leonardo, a fundação atua na educação integral de crianças e jovens, promovendo atividades educacionais, culturais e esportivas para o desenvolvimento pessoal e comunitário.
  • Instituto Ana Moser
    Fundado pela ex-jogadora de vôlei Ana Moser, o instituto promove a inclusão social por meio do esporte, oferecendo oportunidades para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade.
  • Instituto Ayrton Senna
    Criado em homenagem ao piloto Ayrton Senna, o instituto trabalha para melhorar a qualidade da educação pública no Brasil, impactando milhões de estudantes desde sua fundação.
  • Instituto Bola Pra Frente
    Fundado pelo ex-jogador de futebol Jorginho, o instituto utiliza o esporte como ferramenta de inclusão social, oferecendo atividades educacionais e esportivas para crianças e adolescentes em comunidades carentes.
  • Instituto Compartilhar
    Criado pelo ex-atleta e técnico de vôlei Bernardinho, o instituto visa transformar vidas por meio do esporte e da educação, promovendo valores como disciplina, trabalho em equipe e respeito.
  • Instituto Elisângela Maria Adriano
    Fundado pela ex-atleta de atletismo Elisângela Adriano, o instituto promove o atletismo como ferramenta de inclusão social, oferecendo treinamento e suporte para jovens talentos.
  • Instituto Gabriel Medina
    Criado pelo surfista Gabriel Medina, o instituto apoia jovens talentos do surfe, oferecendo suporte financeiro e psicológico para crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos.
  • Instituto Guga Kuerten
    Fundado pelo ex-tenista Gustavo Kuerten, o instituto promove a inclusão social por meio do esporte, beneficiando milhares de crianças em Santa Catarina.
  • Instituto Janeth Arcain
    Criado pela ex-jogadora de basquete Janeth Arcain, o instituto oferece oportunidades esportivas e educacionais para crianças e jovens, visando o desenvolvimento integral e a inclusão social.
  • Instituto Neymar Jr.
    Fundado pelo jogador de futebol Neymar Jr., o instituto apoia crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, oferecendo atividades educacionais, esportivas e culturais.
  • Instituto Patrícia Medrado
    Criado pela ex-tenista Patrícia Medrado, o instituto promove o tênis como ferramenta de inclusão social, oferecendo aulas e atividades para crianças e jovens de comunidades carentes.
  • Instituto Paulinho
    Fundado pelo jogador de futebol Paulinho, o instituto desenvolve projetos sociais voltados para a educação e o esporte, visando a inclusão social de crianças e adolescentes.
  • Instituto Reação
    Criado pelo ex-judoca Flávio Canto, o instituto atende crianças e jovens em comunidades carentes, utilizando o judô como ferramenta de inclusão social e promoção de valores.
  • Instituto Rumo Náutico (Projeto Grael)
    Fundado pelos ex-velejadores Lars e Torben Grael, o instituto promove a inclusão social por meio de esportes náuticos, oferecendo formação esportiva e profissionalizante para jovens em situação de vulnerabilidade.
  • Instituto Vicente Lenílson
    Criado pelo medalhista olímpico Vicente Lenílson, o instituto é voltado para o desenvolvimento de jovens talentos no atletismo, oferecendo treinamento e suporte para atletas em formação.
  • Instituto Vini Jr. Fundação
    Fundado pelo jogador de futebol Vinícius Jr., o instituto visa transformar a educação em escolas públicas, priorizando a aprendizagem e a capacitação de professores, além de desenvolver materiais educativos sobre antirracismo.
  • Mempodera
    Fundado pela ex-lutadora Aline Silva, o projeto promove a inclusão social e o empoderamento de meninas e mulheres por meio da luta olímpica, oferecendo treinamento e suporte educacional.
  • Projeto Brasileirinhos
    Criado pela ex-ginasta Daiane dos Santos, o projeto oferece atividades esportivas e educacionais para crianças e adolescentes, visando a inclusão social e o desenvolvimento integral.

O esporte possui uma dualidade única: além de ser uma das indústrias mais poderosas em mobilização e transformação social, é também um dos maiores mercados globais, movimentando bilhões. Seu diferencial está no 5º P do marketing esportivo: a paixão. Esse sentimento, capaz de engajar multidões, pode e deve ser canalizado para promover impacto social, fomentar projetos e startups sociais e fortalecer a cultura de doação.

Entretanto, é fundamental que o Brasil avance além da dependência da Lei de Incentivo ao Esporte. Embora importante, ela não deve ser a única solução. O que aconteceria se essa lei fosse revogada? Exemplos como Mané construindo hospitais com recursos próprios, o Grupo MOL promovendo a cultura de doação, minha startup Esporte Educa, que disponibilizará R$ 15 milhões em bolsas, e a Play For a Cause, que já direcionou mais de R$ 2 milhões para ONGs, mostram que existem outros caminhos possíveis.

Espero que esta reflexão inspire você, leitor do MKT Esportivo, a agir e inovar. O esporte não é apenas paixão; é uma ferramenta poderosa para construir um futuro melhor. Como parte de uma audiência qualificada aqui do nosso portal, você tem o potencial de criar projetos transformadores e fortalecer a nossa indústria. Se deseja criar uma startup de impacto social fique à vontade para me procurar ou se você quiser entender mais sobre o terceiro setor e captação de recursos descentralizados, recomendo conhecer a Líderes Esportivos, criada por Daiany que também escreveu essa coluna, a Líderes Esportivos capacita líderes e organizações esportivas no Brasil, promovendo o direito ao esporte com ênfase no empoderamento de meninas e mulheres.

Como dizia Nelson Mandela: “O esporte tem o poder de mudar o mundo!”

Feliz 2025!


Que esta coluna traga esperança e que os bons sentimentos preencham seu coração.

Até breve, caro leitor!

Compartilhe
ver modal

Assine a newsletter do MKT