Por Antonio Abibe, CEO da NWB
A evolução da mídia digital tem nos conduzido para um novo nível de relação com o público: a torcida. No passado, o foco era simplesmente a audiência. Programas icônicos como o Chacrinha e Faustão, ou até eventos esportivos marcantes, tinham como pilar o hábito do consumo, sustentado por uma comunicação de via única.
O público assistia, e os conteúdos se consolidavam como parte da rotina. Era uma relação fiel, porém passiva e sem a intensidade emocional que hoje se torna cada vez mais central nas relações com os conteúdos.
Com a chegada da internet e das redes sociais, surgiram conceitos como engajamento e comunidade. As plataformas como Orkut e Facebook, e até o YouTube e Instagram, trouxeram uma dimensão mais interativa, em que os criadores passaram a construir comunidades em torno de suas mensagens. Essas comunidades são marcadas por um envolvimento emocional e pela sensação de pertencimento, quebrando a barreira entre emissor e receptor. Para adicionar mais um nível, nos últimos anos, vimos uma evolução desse conceito com o fandom.
Um exemplo são os eventos de games ou de cultura pop, como BGS e CCXP, em que os fandons, sejam de personagens, jogos, filmes, séries e até marcas, estão presentes para consumir o universo do qual são mais do que uma comunidade. O fandom representa uma camada ainda mais intensa, capaz de mobilizar e agir em prol de algo ou alguém.
Hoje, na internet, vivemos o ápice dessa relação com a transição para a torcida. Essa é uma forma de conexão que ultrapassa o engajamento digital e se aproxima da paixão visceral que sempre associamos ao esporte. Torcer é vibrar, é chorar, é transformar o momento em uma experiência de vida. Um bom exemplo de marca que já explora essa relação é a Red Bull, empresa de bebidas energéticas conhecida por patrocinar diversos esportes, inclusive equipe Red Bull Racing vencedora de fórmula 1 e, mais recentemente, time de futebol Red Bull Bragantino.
É o que começamos a viver mais de perto com a criação do Desimpedidos Esporte Clube (DEC) e que vemos na Supercopa Desimpedidos (SCD), em que a relação com o público transcende o conteúdo e alcança o envolvimento pleno de torcedores que vivem aquele momento como se fosse um jogo do seu time do coração, àquele da ‘vida real’.
Na edição de 2024 da SCD tivemos novo recorde de audiência com um impacto de 305 milhões. Um único vídeo do evento que registrou o gol do Menzinho, personagem do influenciador Fausto Carvalho, pela equipe da Furia chegou a mais de 13 milhões de views no Instagram. Tudo isso, ao som da bateria da Furia, que marcou presença nos três dias de evento na Mercado Livre Arena Pacaembu e certamente ajudou o time a chegar até a final do Campeonato.
A construção dessa relação não é acidental. Ela é fruto de anos de trabalho para fortalecer as conexões entre criadores e audiência, culminando em uma relação que é, ao mesmo tempo, digital e profundamente humana, física e presencial. Essa transformação abre um universo de possibilidades para marcas.
Em 2025, temos como objetivo amplificar e potencializar esse formato, oferecendo a oportunidade das marcas se tornarem parte dessa história tão emocional e intensa quanto a relação entre torcedores e seus ídolos.
Estamos apenas começando a explorar o potencial desse novo nível de relação. Torcida é mais do que um novo termo para o digital, é um marco na forma como nos conectamos, interagimos e criamos valor na internet. É o próximo passo na creator economy e na forma como construímos narrativas coletivas, envolvendo não só audiências, mas verdadeiros torcedores, prontos para viver cada momento com a mesma intensidade que só o esporte é capaz de proporcionar.
*Antonio Abibe, CEO da NWB. Com mais de 20 anos de atuação nas indústrias de mídia e entretenimento, tem atuação ativa no desenvolvimento da creator economy no mercado brasileiro.