O Vasco da Gama, que anunciou recentemente um acordo de patrocínio com a Motochefe Brasil, oficializou o pedido de recuperação judicial para o clube e sua SAF. A decisão, que era planejada desde setembro de 2024, tem como objetivo reestruturar as finanças e evitar a repetição de erros administrativos do passado. A diretoria garantiu que a medida não comprometerá os investimentos no futebol nem o cumprimento de suas obrigações financeiras, incluindo o pagamento de salários em dia.
A atual gestão do Cruzmaltino reforçou que enfrentar as dificuldades financeiras de forma estruturada é essencial para garantir um futuro mais estável. Para a diretoria, medidas impopulares podem ser necessárias, mas fazem parte de um processo que busca evitar que os problemas financeiros se perpetuem.
O regime de recuperação judicial foi considerado um passo estratégico pela administração comandada por Pedrinho. A ideia é utilizar esse mecanismo para renegociar dívidas de maneira mais organizada e segura. A consultoria Alvarez & Marsal, contratada para assessorar o clube, estimou recentemente que as dívidas do Vasco giram em torno de R$ 1,4 bilhão.
Antes da transformação em SAF, o Gigante da Colina aderiu, em 2021, ao Regime Centralizado de Execuções (RCE), destinado ao pagamento de dívidas trabalhistas e cíveis. Na época, os valores somavam aproximadamente R$ 223 milhões, com uma parcela fixa de 20% das receitas do clube sendo destinada ao pagamento dessas obrigações.
A principal diferença entre os dois regimes está no controle das decisões financeiras. Enquanto no Regime Centralizado o clube deve cumprir determinações judiciais sobre os pagamentos, na recuperação judicial há a necessidade de apresentar um plano que pode ser aprovado ou rejeitado pela Justiça. Esse modelo foi utilizado anteriormente pelo Cruzeiro, que teve a RJ aceita dois dias após a entrada com o pedido.
Na recuperação judicial, um administrador judicial é designado para acompanhar o processo, papel geralmente desempenhado por um escritório de advocacia especializado. Já na modalidade extrajudicial, não há essa nomeação, e as dívidas incluídas podem ser selecionadas de maneira mais flexível, permitindo uma negociação menos burocrática em relação ao RCE.
Comunicado do Vasco
“O Club de Regatas Vasco da Gama (CRVG), reiterando seu compromisso com a transparência e o respeito a toda comunidade vascaína, informa que deu entrada no pedido de recuperação judicial da VascoSAF e do CRVG na 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), nesta segunda-feira, 24 de fevereiro.
Após concluir com êxito a etapa das mediações, é hora de a instituição avançar para a próxima fase. A recuperação judicial é fundamental neste momento, uma vez que reforça o comprometimento com o presente e o futuro do Vasco da Gama.
A reestruturação, iniciada em junho de 2024, tem como objetivo restabelecer, efetivamente, a saúde financeira do Club e da SAF. Esse processo segue contando com o suporte da Alvarez & Marsal e de renomados escritórios de advocacia altamente especializados.
A recuperação judicial é fundamental para aumentar a segurança jurídica, criando um cenário de previsibilidade e estabilidade financeira, favorável para atrair novos investidores e, eventualmente, uma futura negociação pautada pela responsabilidade.
O CRVG e a VascoSAF reafirmam que as operações do dia a dia e os investimentos no futebol continuarão, assim como o pagamento em dia dos salários dos profissionais, atletas e demais obrigações”.