Na semana passada, o Mineirão, um dos estádios mais emblemáticos do Brasil, com quase seis décadas de história, anunciou uma mudança significativa em sua gestão. Jacqueline Alves, engenheira civil com MBA em Gestão Empresarial e Master em Finanças, que atuava como gerente administrativa e financeira desde 2014, assumiu o cargo de diretora, tornando-se a primeira mulher a ocupar essa posição no Gigante da Pampulha.
Em um ambiente tradicionalmente masculino, sua conquista representa não apenas um avanço na própria carreira, mas também um passo importante rumo a uma gestão mais diversa e representativa.
“Estou extremamente honrada e orgulhosa de chegar a essa posição, principalmente no ano em que o Mineirão completa 60 anos de história. Imaginar que, nessas seis décadas, nenhuma mulher tenha ocupado essa posição de liderança me deixa ainda mais honrada. Tenho certeza de que minha presença aqui está abrindo caminhos para que outras mulheres enxerguem onde podem chegar. Inclusive, acredito que muitas ocuparão esse espaço um dia”, afirmou Jacqueline, em entrevista exclusiva ao MKT Esportivo.
“O mercado, como um todo, é desafiador para a mulher. Vejo que ainda existem diversos obstáculos que dificultam nossa chegada a certas posições, mas espero que minha trajetória sirva de inspiração para muitas outras”, completou.
Após as reformas para a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, a tradicional arena localizada em Belo Horizonte vive uma nova fase, focada na modernização e em projetos voltados à otimização da experiência do espectador nas diversas atrações que o Mineirão abriga. A chegada de Jacqueline à liderança também sinaliza uma nova etapa estratégica para o estádio. Com um olhar voltado para o futuro, ela assume o cargo também com o compromisso de fortalecer ainda mais o protagonismo do Gigante da Pampulha no cenário nacional indo além do futebol.
“Nossa principal meta imediata é manter o Mineirão como referência. Hoje somos referência no país, tanto no futebol quanto na realização de eventos. Temos uma forte presença na agenda cultural de Minas Gerais, com diversos tipos de programações, festivais, shows e, é claro, o futebol. Queremos garantir cada vez mais uma experiência única para os frequentadores do estádio, sejam eles fãs, torcedores, donos de agências, clubes de futebol ou produtores”, destacou.

Em 2022, o Mineirão reafirmou sua posição como um dos principais motores econômicos de Minas Gerais. De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas (Ipead) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as atividades realizadas no estádio resultaram em um impacto econômico de R$ 1,16 bilhão no estado. Desse montante, R$ 575 milhões foram gerados pelos 55 jogos de futebol realizados ao longo do ano, enquanto os 152 eventos culturais, corporativos, feiras e shows contribuíram com R$ 388 milhões.
Os números evidenciam o papel fundamental do Mineirão na economia local, consolidando-o como um centro multifuncional que vai além do esporte, impulsionando diversos setores e contribuindo significativamente para o desenvolvimento econômico de Minas Gerais.
“Acredito que a estrutura do Mineirão é um diferencial em relação às outras arenas. Hoje, temos 300 mil metros quadrados de áreas a serem exploradas. Temos a Esplanada, uma área com 90 mil metros quadrados, externa ao estádio, que nos dá muitas possibilidades. No ano passado, tivemos uma partida de futebol dentro do Mineirão, com 32 mil pessoas, e, do lado de fora, na Esplanada Norte, começava um show para 20 mil pessoas. Essa estrutura nos permite realizar eventos simultâneos”, exemplificou a diretora.
O espaço citado por Jacqueline é aberto ao público três horas antes do início dos jogos e é visto como uma grande oportunidade para exposição de marcas por meio de lojas e ativações.

Avançando para 2024, o Mineirão bateu recorde de média de público, com quase 38 mil torcedores por jogo, pelo quarto ano consecutivo. Além disso, fechou o período com 21 grandes shows e um público próximo a 650 mil pessoas. Para 2025, a nova gestão promete ainda mais modernização e revitalização de áreas do estádio.
Jacqueline, inclusive, antecipou uma série de iniciativas que reforçam o posicionamento do Mineirão como uma arena moderna, conectada às demandas do presente e às tendências do futuro. Entre as novidades, destaca-se a adoção da biometria facial para acesso ao estádio — tecnologia que promete otimizar a segurança e a fluidez na entrada do público. A diretora concluiu reforçando o desejo de tornar o Mineirão a arena mais inovadora do país, com foco também em iniciativas sustentáveis e sociais.
“Utilizamos uma usina fotovoltaica que gera energia elétrica para nossas próprias partidas. Temos um sistema de captação de água da chuva, que nos permite reutilizar quase 100% da água. Firmamos parcerias com associações de catadores de papel para coleta e organização dos resíduos durante os jogos. Comemoramos também um ano do nosso camarote TEA, para crianças autistas frequentarem o estádio com seus acompanhantes, e frequentemente lançamos iniciativas contra importunação sexual, racismo, entre outras ações que fazem do Mineirão esse lugar de destaque no país”, finalizou.