Na indústria do esporte, a escolha de quais clubes patrocinar não é apenas uma questão de afinidade, mas de posicionamento de marca. Enquanto algumas empresas optam por se associar a grandes equipes estrangeiras, de apelo global e enorme visibilidade, outras apostam em clubes locais como forma de fortalecer sua presença regional e criar conexões mais autênticas com o público. Mas o que define essa decisão? Quais critérios orientam as marcas na hora de escolher onde investir?
A resposta está em uma equação refinada entre perfil de torcida, potencial de consumo e estratégia regional de marca.
Antes de tudo, patrocinar um clube de futebol é um investimento em audiência. No caso, a seleção é criteriosa, buscando torcidas com identidade definida, comportamento digital ativo e afinidade com seu posicionamento.
Um dos grandes cases do mercado, o Barcelona é muito procurado por empresas que querem se associar à ideia de “cultura, juventude e inovação”, características historicamente relacionadas com os blaugranas. Já o Real Madrid, com sua fama de time vencedor, atrai companhias poderosas, como nos acordos com a Louis Vuitton e com a HP, que desejam se apropriar de territórios como tradição, excelência e liderança.
No Brasil, o Flamengo, com sua torcida massiva e com ampla presença nacional, é cobiçado por marcas que querem alcance em todo o país. Já clubes como Grêmio, Internacional, Atlético-MG e Athletico-PR também exercem forte poder de atração, especialmente para empresas que valorizam conexões mais enraizadas com torcidas locais e desejam consolidar sua presença no Sul e Sudeste, regiões de grande relevância econômica e cultural.
Estudos de geolocalização e consumo mostram que torcedores de diferentes clubes possuem padrões de comportamento distintos, até mesmo em relação a hábitos de compra, renda média, engajamento em redes sociais e sensibilidade a ações promocionais. Portanto, cada contrato firmado reflete uma decisão estratégica baseada em dados, comportamento do consumidor e oportunidades de conexão cultural.
Como exemplo disso, a parceria entre Samsung e Tottenham é um reflexo de posicionamento de marca e segmentação de público. Além da ligação com a Premier League, a marca sul-coreana se beneficia da forte base de fãs do clube em países asiáticos.
O time londrino é um dos mais assistidos na Coreia do Sul, especialmente por conta da presença do atacante Son Heung-min.
Em outro case notório está o patrocínio da Red Bull ao RB Leipzig, onde a empresa austríaca escolheu um clube que podia crescer sob sua influência, numa região da Alemanha onde o futebol tinha pouca força comercial, abrindo espaço para inovação e crescimento da marca.
Em um cenário onde cada clique é monitorado e a camisa de um clube funciona como vitrine, conhecer a fundo o perfil da torcida e o mercado-alvo é essencial. Essa compreensão pode ser o divisor de águas entre um patrocínio com alto retorno de visibilidade e engajamento, e outro que passa despercebido, sem gerar o impacto esperado.