Coluna

Gestão e mitigação de riscos para cerimônias na Copa do Mundo

A área de Cerimônias é responsável por gerenciar as Cerimônias de Abertura e Encerramento do torneio

Gestão e mitigação de riscos para cerimônias na Copa do Mundo

31 de maio de 2022

5 minutos de Leitura

Neste mês vamos abrir espaço para um tema extremamente importante, especialmente nestes tempos de incerteza, mudanças abruptas de cenários globais e acontecimentos recentes em eventos esportivos, como a Final da Champions League.

O tema é Gestão de Riscos e para isso convidei Adriano Guimarães, que trabalha como Gestor de Riscos em Cerimônias para a Copa do Mundo. A área de Cerimônias é responsável por gerenciar as Cerimônias de Abertura e Encerramento da Copa do Mundo, e também outras cerimônias menores como os procedimentos pré-jogo, além de também estarem envolvidos em todos os eventos-teste do ciclo como a FIFA Arab Cup e as finais de Amir Cup, como comentamos na coluna do mês passado.

Adriano Guimarães tem mais de 20 anos atuando em empresas multinacionais como VIVO, P&G, DIAGEO e Volkswagen na antecipação e gestão de riscos estratégicos. Tem ampla experiência integrando riscos estratégicos ao planejamento de negócios, construindo programas corporativos, fornecendo suporte e treinamento. Adriano vivia na Alemanha antes de se mudar para o Qatar, onde atuava como Gerente Global de Crises para o Grupo Volkswagen e era responsável pelas 11 marcas do grupo.

Gestão e Mitigação de Riscos para Cerimônias na Copa do Mundo

A realização de megaeventos esportivos como a Copa do Mundo, gera aos países em que são sediados, oportunidades de investimentos e de obtenção de resultados objetivos, além de visibilidade mundial e relevantes impactos sociais, econômicos e políticos a médio e longo prazo.

Os países que sediam um megaevento como a Copa do Mundo têm a oportunidade de exposição proporcionada pela maior veiculação na mídia mundial. Isso resulta em atração de diferentes públicos, além de investimentos financeiros e principalmente, no caso do Qatar, o reforço e consolidação da sua posição econômica na região e no globo. 

A gestão e mitigação de riscos para as Cerimônias da Copa do Mundo podem ser classificadas em:

Riscos Operacionais – aqueles associados à interrupção ou alteração da organização ou processo normal do evento, como por exemplo a Cerimônia de Abertura da Copa do Mundo. Tais riscos podem surgir de sistemas, estruturas, pessoas ou processos. São riscos relacionados à execução, entrega e processamento.

Riscos Estratégicos – referem-se aos eventos internos e externos que podem dificultar, ou mesmo impossibilitar, que uma organização atinja seus objetivos e metas estratégicas. Por exemplo, incidentes relacionados ao bem-estar dos trabalhadores, danos à reputação do comitê organizador, decisões estratégicas que não são claras ou tomadas de forma equivocada.

Riscos do Projeto – referem-se aos riscos e eventos do projeto que podem não ocorrer conforme o planejado ou que tenham impacto negativo. Por exemplo. o cronograma do projeto não está claramente definido ou compreendido, atrasos de consultores, empresas terceirizadas e outros contratados.  

Existem muitos outros riscos, como risco regulatório, ambiental, de reputação e imagem, cada um com pontos e potencial de impacto que merecem atenção. Há ainda os riscos imprevisíveis, eventos que não podem ser antecipados, como catástrofes naturais ou ameaças à saúde, como é o caso da pandemia da Covid-19.

A área de Cerimônias é responsável por garantir aos torcedores e espectadores uma experiência única e que ficará marcada na memória de cada um. Para isso é necessário minimizar os riscos que possam impactar essa experiência e garantir que todos os detalhes da operação e produção do evento sejam gerenciados e tratados de forma efetiva e estratégica. Assim, a comunicação e o envolvimento com as demais áreas funcionais da organização e autoridades, bem como com as empresas contratadas para execução dos trabalhos são essenciais para uma efetiva gestão de riscos. 

Para que todo esse processo ocorra, é necessária a elaboração de uma análise de risco detalhada para identificar riscos e vulnerabilidades que possam ocorrer durante as Cerimônias e desenvolver planos de contingência para minimizar tais exposições.

As etapas deste processo começam com a identificação dos riscos que envolvem todos os envolvidos no projeto. Desde o critério e seleção das empresas e consultores que serão contratados para execução dos trabalhos, até os riscos do próprio torneio que são identificados pelas respectivas áreas funcionais. Estes riscos são então alinhados em reuniões e comitês de para que sejam tratados e endereçados aos seus respetivos “owners”.

Os riscos identificados são monitorados dentro de um sistema que utilizamos e revisados conforme sua natureza, nível e criticidade. Esta ferramenta permite então que os riscos identificados sejam gerenciados por suas respectivas áreas e encerrados conforme o plano de mitigação.

Tudo isso mostra como é importante dedicar recursos para desenvolver um setor de gerenciamento de riscos e ameaças, aumentando assim a capacidade da organização de detectar e tratar eventos adversos com agilidade e eficiência. Ao fim, o objetivo é que todos os torcedores presentes no estádio, na Fan Fest e também todos os bilhões que estão assistindo pelos diversos canais e mídias tenham uma experiência memorável e inesquecível.

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