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Pelé: Rei do Futebol e do marketing esportivo

Pioneiro do marketing esportivo global, Edson Arantes do Nascimento morre aos 82 anos

Pelé: Rei do Futebol e do marketing esportivo

29 de dezembro de 2022

5 minutos de Leitura

Pelé nos deixou nesta quinta-feira, 29 de dezembro de 2022. Aos 82 anos de idade, o Rei do Futebol já tinha a saúde debilitada nos últimos anos por conta de um câncer. Ele estava internado desde 29 de novembro no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

A internação ocorreu em virtude de uma infecção respiratória após ele contrair Covid-19 e para a reavaliação do tratamento de um câncer no cólon.

Rei do Futebol. Atleta do Século. Não nos cabe falar sobre as conquistas dentro de campo. De imensurável tamanho. Naturalmente, a performance esportiva impactou o além das quatro linhas, com o Rei se tornando um produto de marketing em uma época que praticamente nenhum esportista se preocupava com esse âmbito.

Assim, ele foi pioneiro como atleta a se projetar como uma marca global.

O início na Copa de 1958

Em 1958, na Copa do Mundo disputada na Suécia, Pelé, então com 17 anos, foi fotografado no vestiário tomando um líquido numa embalagem industrializada. A foto rodou o mundo e, por trás dela, representou um dos primeiros patrocínios do jovem jogador.

A marca em questão era a TetraPak, que desejava mostrar que suas embalagens eram seguras para conservar alimentos.

“Pacto Pelé” e o auge a partir da Copa do Mundo de 70

Em 1970, quando a Copa do Mundo no México ficou marcada por ser a primeira a ser transmitida ao vivo e em cores para todo o mundo, a imagem de Pelé entrou em um novo patamar.

Durante o torneio, mais precisamente no dia 14 de junho de 1970, o camisa 10 agachou-se no círculo central do gramado do estádio Jalisco, em Guadalajara, e amarrou sua chuteira PUMA King.

A cena foi registrada pelas câmeras da transmissão e retransmitida ao vivo mundo afora. O que parecia um movimento corriqueiro de um jogador durante uma partida, gerou uma crise entre Adidas e Puma.

O ato de Pelé ajudou a colocar sua parceira em evidência, abrindo caminho para que a PUMA se tornasse ainda mais conhecida, e viesse a assinar contratos com jogadores como Johan Cruyff, Diego Maradona, entre outros. No entanto, naquela época, havia um pacto entre as marcas, o “Pacto Pelé”. Nele, ambas as companhias concordaram em não patrocinar o Rei por entender que elas entrariam em um leilão tão intenso que poderia até mesmo “quebrar” a empresa que fechasse com o atleta.

Em vão.

Ao desembarcar no Brasil com a taça Jules Rimet, o tricampeonato do nosso país, Pelé fechou um acordo com a Companhia Cacique de Café Solúvel para ter o primeiro produto licenciado com a sua marca. O Café Pelé se tornou símbolo da exportação do café brasileiro e, aliado ao uso da imagem de Pelé, fez o produto se tornar ainda mais global.

Nos EUA, NY Cosmos e entretenimento

Com a ida para o New York Cosmos, em 1975, Pelé iniciou uma íntima relação com o entretenimento, pilar marcante da indústria do esporte nos Estados Unidos.

Por lá, teve contato com diversas personalidades, entre elas, Muhammad Ali.

Ele chegou até mesmo a participar do filme “Fuga para a Vitória”, com os atores Michael Cane e Silvester Stallone, em 1981.

A partir da década de 80, a construção de um império

Fruto de sua passagem pelos Estados Unidos, a partir da década de 80, Pelé iniciou a construção de um verdadeiro império no marketing esportivo.

Em 1990, ele foi contratado pela Mastercard para a campanha de patrocínio à Copa da Itália. O acordo ficou válido até a edição da Rússia, em 2018.

Totalmente estabelecido como um garoto-propaganda, Pelé manteve intacto o veto à dois segmentos durante toda a sua carreira: bebida alcoólica e cigarro.

Enquanto o Brasil sagrava-se pentacampeão na Copa do Mundo disputada na Coreia do Sul e do Japão, em 2002, em uma entrevista ao USA Today, Pelé afirmou que faturava cerca de US$ 20 milhões por ano em contratos publicitários.

Na Copa de 2014, quase R$ 60 milhões com publicidade

De olho na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, Pelé aproveitou para faturar com patrocínios. Em 2012, fechou um acordo de cessão dos direitos comerciais de sua imagem para um conglomerado americano de mídia. Naquele ano, a marca Pelé faturou R$ 58 milhões com publicidade.

Destaque para a campanha com a companhia aérea Emirates, que uniu o Rei e Cristiano Ronaldo.

Uma imagem atemporal

Atemporal, a imagem e presença de Pelé seguiram sendo utilizadas juntamente com astros da nova geração.

Em 2019, por exemplo, ele participou de uma ação para a marca de relógios Hublot ao lado de Kylian Mbappé, então com 18 anos e recém-campeão do mundo pela França.

Em 2020, quando Neymar se tornou embaixador da PUMA, o atual atacante do Paris Saint-Germain figurou em uma campanha que fazia alusão à uma foto de Pelé da época em que ainda atuava.

Pelé, o Rei do Futebol, nos deixou. O futebol só é um produto global também por força da imagem e da trajetória de absoluto sucesso de Edson Arantes do Nascimento. Uma unanimidade.

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