Coluna

Menos discurso, mais investimento

Com a aproximação da Copa Feminina, muitas empresas fizeram menção ao futebol feminino e seus atributos, de forma a demonstrar um interesse nem sempre verdadeiro

Menos discurso, mais investimento
Foto: Rodrigo Corsi/Ag.Paulistão

09 de agosto de 2023

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Fábio Wolff
Fábio Wolff
Fábio Wolff é sócio-diretor da Wolff Sports, e professor em cursos de MBA em Gestão e Marketing Esportivo na Trevisan Escola de Negócios

O Brasil deixou a Copa do Mundo de forma decepcionante, após um empate com a Jamaica na fase de grupos. Se o título parecia distante, ao menos se aguardava uma boa campanha.

Com a aproximação da Copa do Mundo, verifiquei que muitas empresas e seus colaboradores faziam menção ao futebol feminino e aos seus atributos, de forma a demonstrar um interesse nem sempre verdadeiro.

Discursos ufanistas, frases de efeito, palavras de apoio.

Quem testemunhou tais arroubos teve a impressão de que havia um número gigante de empresas investidoras, patrocinadoras do futebol feminino.

Trabalho com a captação de patrocínio para este segmento há mais de 10 anos e a realidade de quem busca recursos para a modalidade não tem nada a ver com os discursos maravilhosos ouvidos recentemente.

Escutamos por diversas vezes que o calendário do futebol feminino no Brasil na base era mal estruturado e planejado. Em função disso, vislumbramos a possibilidade de contribuir com o desenvolvimento da modalidade.

Para isso, em parceria com a CBSS e com a Secretaria de Esportes do Governo do Estado de São Paulo, estruturamos um projeto que em outubro sairá do papel.

A Brasil Ladies Cup Sub20, competição que visa fomentar a base do futebol feminino, será disputada por 16 equipes do futebol brasileiro entre os dias 23 e 31 de outubro no interior de São Paulo.

Além disso, caminhamos para a realização da terceira edição do Brasil Ladies Cup, semana do futebol feminino no Brasil, e apesar de termos investido muito no evento nas primeiras edições, que teve no primeiro campeonato em 2021 a sua final no Allianz Parque e a presença do Atletico de Madrid no evento posterior, ainda a missão para captar patrocínios se apresenta deveras difícil.

Em torno de 400 empresas são abordadas ao longo do ano e obtemos o patrocínio em média de 16 empresas por temporada. Parece muito, mas não é.

Assim, os discursos de apoio ao futebol feminino não revertem em investimentos, o que, no mínimo, é lamentável.

Apesar das dificuldades, continuamos trabalhando intensamente para contribuir com a evolução do futebol feminino no Brasil e esperamos que tenhamos em breve um cenário mais favorável, ou seja, menos discurso e mais investimento por parte das empresas.

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