Coluna

Desvendando a aplicação do ESG no Esporte

Muito se fala sobre as práticas relacionadas à sigla ESG. Mas como ela tem aplicabilidade em tantos contextos e como incluir o esporte nessa tríade?

Desvendando a aplicação do ESG no Esporte

26 de fevereiro de 2024

4 minutos de Leitura

Ivan Ballesteros
Ivan Ballesteros
CEO e fundador da Esporte Educa, primeira EduSportech brasileira com foco em reescrever a relação do esporte com a educação dentro do país

O ESG é um jeito de olhar para as empresas, focando em três fatores-chave: como cuidam do meio ambiente, como tratam as pessoas e como conduzem a gestão dos seus negócios. Nesse sentido, integram-se os aspectos econômicos, de transparência e ética, buscando não apenas assegurar a competitividade e a perenidade da empresa, mas também atrair investidores interessados em negócios sustentáveis e responsáveis.

A sigla ESG vem do inglês e representa Ambiental, Social e Governança. É uma forma de avaliar se a empresa toma as decisões certas internamente, para si,  e se é boa para o mundo lá fora. 

Por algum motivo, no Brasil formou-se uma ideia equivocada de que ESG se limita apenas a cuidar do meio ambiente, da emissão de carbono ou salvar a Amazônia. Embora isso seja crucial, é apenas uma pequena parte de algo muito mais amplo. 

Environmental /Ambiental 

A letra E, no contexto do ESG, abrange todas as áreas relacionadas à preservação e à minimização de impactos prejudiciais ao meio ambiente. Explorando esse pilar, observamos diversas esferas relevantes. Seguem algumas reflexões adicionais:

  • No âmbito de um clube de futebol, ocorrem vários eventos esportivos. Como esses eventos abordam as questões de poluição ambiental e a gestão de resíduos?
  • Considerando as arenas e centros de treinamento do clube, qual é o grau de eficiência energética implementado ou quais medidas são adotadas para reduzir a pegada de carbono?
  • É válido questionar como o clube se envolve na conscientização ambiental de seus torcedores, buscando engajamento nas redes sociais e promovendo a importância do cuidado com o meio ambiente.

Social

A componente social, representada pela letra S, refere-se às relações entre os diversos participantes do processo. Colaboradores, investidores, fornecedores, governo, organizações do terceiro setor, comunidades locais estão envolvidas aqui. No cenário esportivo, estão os torcedores. Falando da parte social:

  • Considerando que apenas 1% dos jovens do clube provavelmente se tornarão atletas de elite com salários expressivos, é fundamental refletir sobre o cuidado dedicado à educação formal e ao desenvolvimento de soft skills para esses jovens. Além disso, ter um olhar atento e preparar estes 1%, que têm de atletas com potencial para o sucesso, a lidar com a fama e se tornarem modelos exemplares para a sociedade, evitando que se tornem protagonistas de escândalos e capas de reportagens policiais.
  • Um clube detém o poder de influenciar milhões de torcedores. Como ele promove a conscientização e implementa ações voltadas para a diversidade, inclusão, igualdade de gênero e combate ao racismo? É importante observar qual é a abordagem interna do clube diante dessas questões, e de que forma ele comunica essas posições para a sociedade.
  • Ao abordarmos os temas de saúde e segurança, relações trabalhistas e respeito aos direitos humanos, surge a necessidade de indagar sobre a forma como os colaboradores do clube e os atletas estão sendo tratados diariamente.

Governança Empresarial

A letra “G” representa a governança corporativa e administrativa do negócio. Nesse contexto, abordam-se temas como o desenvolvimento, transparência, auditoria e comunicação sobre desempenho, auditorias, resultados e questões éticas da empresa ou do clube. As perguntas são:

  • O clube tem adotado uma postura transparente em relação ao seu balanço financeiro e seus resultados diante de investidores, mercado, patrocinadores e torcida?
  • Há uma auditoria independente encarregada de analisar o clube de maneira totalmente imparcial?

Deixei durante este artigo algumas provocações que merecem um tempo de brainstorm e reflexão de clubes e entidades esportivas. Você, gestor esportivo, já parou para pensar em como responder a essas perguntas? 

Vamos conversar mais sobre este tema em outros dois artigos em uma série de conteúdos em que também abordarei a evolução nas formas de gestão dos clubes empresariais e sua interligação com os princípios ESG. Para deixar um spoiler, vou explicar no último texto de que forma esses critérios ESG podem impactar a avaliação financeira de um clube, influenciando, assim, potenciais investimentos.

Ivan Ballesteros é CEO e fundador da Esporte Educa é a primeira EduSportech brasileira com foco em reescrever a relação do esporte com a educação dentro do país. Fundada no final de 2020, em meio à pandemia, a Esporte Educa já avaliou mais de 3.000 esportistas e encaminhou 540 deles para instituições de ensino brasileiras.

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