Coluna

O ídolo é humano

Nasci amando o esporte e desde pequeno comecei a cultivar meus ídolos, como Zico, Sócrates, Oscar, Bebeto, entre muitos outros. Comprava as revistas Placar, Match […]

O ídolo é humano

28 de janeiro de 2022

3 minutos de Leitura

Fábio Wolff
Fábio Wolff
Fábio Wolff é sócio-diretor da Wolff Sports, e professor em cursos de MBA em Gestão e Marketing Esportivo na Trevisan Escola de Negócios

Nasci amando o esporte e desde pequeno comecei a cultivar meus ídolos, como Zico, Sócrates, Oscar, Bebeto, entre muitos outros.

Comprava as revistas Placar, Match Point e o jornal a Gazeta Esportiva para acompanhá-los de perto.

Muito tempo depois, encontrei no esporte o motivo de me profissionalizar, especializar e começar a vivenciar esse mundo de outra forma.

Aos poucos, passei a entender as dificuldades, os desafios que um atleta possui, ainda mais no Brasil, para se desenvolver, se superar e vencer na carreira.

Os ídolos sempre me transmitiram a falsa impressão de se serem super-humanos, super-heróis, fortalezas inabaláveis, ou seja, eles iam para os campos, quadras, tatames, faziam o que tinham que fazer sem se abalar e com êxito.

Recentemente, casos como o da ginasta Simone Biles, da tenista Naomi Osaka e agora do tricampeão Gabriel Medina começaram a mostrar ao mundo e a mim uma visão que não se havia desses atletas: eles todos são serem humanos.

Apesar de todo o preparo físico, psicológico e talento, eles SIM têm todo o direito de não quererem atuar, performar por um determinado momento da carreira ou simplesmente pelo resto da carreira.

Quando se vê de fora é fácil criticar, apontar erros, mas na verdade ninguém deve criticar o atleta, pois ninguém, de fato, sabe as dores, os fantasmas ou o momento de depressão, reflexão de cada um.

Vi muitas críticas ao multicampeão Gabriel Medina por abrir mão de competir nas primeiras etapas do Circuito Mundial de Surf (WSL).

Os atletas, apesar de continuarem sendo super-heróis para muitos, são humanos.

Os patrocinadores optam por ter seus embaixadores, pois se identificam com eles, com seus atributos, com a magia que faz as pessoas os aplaudirem, se emocionarem.

Mas, eles também são seres humanos e a humanização de suas imagens é algo recente, que precisa ser observada com cautela.

Uma marca patrocinadora que, em um momento delicado como esse para um atleta, dá a sua mão a ele, o apoiando em suas decisões, é algo que pode até beneficiá-la institucionalmente. Respeitar, compreender e apoiar o momento do atleta faz com que as empresas patrocinadoras sejam vistas de uma forma humanizada pelo mercado.

Agora não é momento de pressionar, criticar ou se silenciar em relação ao Gabriel Medina. É a oportunidade de apoiá-lo na sua decisão, afinal ele é um ser humano. Um jovem rapaz com 28 anos de idade.

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