No início deste mês, a Usada (United States Antidoping Agency), agência antidoping dos EUA, abriu uma polêmica ao colocar a Nike no centro do escândalo envolvendo o técnico Alberto Salazar, patrocinado pela gigante americana e encabeçava o projeto “Nike Oregon”, que treinava atletas para provas de longa distância. E ele acaba de fazer sua primeira vítima.
Mark Parker, CEO da marca desde 2006, anunciou que deixará o cargo. John Donahoe, que já foi o diretor-executivo da gigante do comércio online eBay e que estava na ServiceNow, uma empresa especializada em computação em nuvem, assumirá o seu lugar.
Vale lembrar que, de acordo com o jornal americano The Wall Street Journal, Mark Parker estava a par do esquema de doping. A publicação divulgou em primeira mão trechos de um relatório da agência que mostravam que Parker teve acesso a emails há dez anos e que ao menos um experimento foi realizado dentro da sede da Nike.
Quando estourou o caso, a gigante americana tratou de negar qualquer envolvimento de Parker. Em comunicado interno aos funcionários, o profissional garantiu que a empresa jamais havia participado de qualquer esforço para “dopar sistematicamente” atletas e se mostrou indignado com as acusações da Usada que prejudicam o seu nome e o da companhia.
“Ter meu nome e o da Nike ligados a estas falsas caracterizações insensatas (da Usada) é ofensivo”, escreveu à época, chamando as conclusões da agência antidoping de “altamente enganosas”.
Com 13 anos na presidência, o agora ex-CEO é também o presidente do conselho da companhia desde 2015, substituindo o fundador Phil Knight. Aos 64 anos, ele entrou na Nike em 1979, subindo na hierarquia e ocupando cargos como designer de produtos e co-presidente de marcas. Sua gestão foi responsável por levar a Nike no final de setembro ao maior valor de mercado de sua história (US$ 145 bilhões) após anúncio de aumento de 7% no faturamento no último trimestre, para US$ 10.7 bilhões.
Além do caso envolvendo Salazar, sua gestão foi marcada por outra polêmica. Em 2018, houve uma revisão executiva e vários processos por alegada discriminação de gênero e uma cultura de “clube dos meninos”.
Segundo a Nike, Mark Parker atuará como presidente executivo e continuará a liderar o conselho da empresa, trabalhando próximo a Donahoe e à diretoria. Com o anúncio de sua saída, as ações caíram 1% nas primeiras horas.