Coluna

Qual será o legado das empresas de apostas esportivas para o esporte brasileiro?

Estamos acompanhando uma disparada nos valores das principais propriedades comerciais dos clubes e entidades esportivas em razão da grande concorrência no setor

Qual será o legado das empresas de apostas esportivas para o esporte brasileiro?

29 de janeiro de 2024

3 minutos de Leitura

Fellipe Drommond
Fellipe Drommond
Sócio Diretor do Grupo TFW, CEO do Magnus Futsal e CMO da More Skills

Com a regulamentação do segmento de sites de apostas e jogos online, estamos acompanhando uma disparada nos valores das principais propriedades comerciais dos clubes e entidades esportivas em razão da grande concorrência entre as principais marcas deste mercado.

Muitas empresas que já atuavam no Brasil, porém com hospedagem fiscal no exterior, e outras gigantes do segmento que a partir da segurança jurídica estão entrando no mercado nacional para buscar consolidação no país que mais realiza apostas esportivas no mundo.

Somente em 2022, os internautas brasileiros acessaram 3,19 bilhões de vezes sites de apostas esportivas, 22,78% do total de acessos no mundo, movimentando pelo menos R$ 45 bilhões em transações e já superou o Reino Unido que é considerado o mercado mais consolidado do mundo neste segmento. Estes números, de acordo com a consultoria Similarweb, representaram um aumento de 75% das receitas de patrocínios e publicidade no esporte.

Muito dinheiro na mesa, receitas disparando, mas qual é o legado que todo este investimento poderá deixar para o esporte brasileiro? Assistimos diariamente os anúncios milionários dos novos patrocinadores, porém a única promessa que escutamos dos gestores é sobre o investimento das receitas em contratações, títulos e conquistas.

O investimento de um determinado segmento em uma fatia considerável do esporte é cíclico, já tivemos o boom dos banco digitais, as indústrias de bebidas, eletrodomésticos,  estatais, entre tantas outras oportunidades de aproveitar da injeção de investimento financeiro para estruturar um planejamento sólido e estratégico para ampliar o poder de consumo dos fãs/torcedores.

O esporte é feito por fãs/torcedores que por sua vez são consumidores em seu dia a dia, mas não consomem os clubes e entidades esportivas, porque estes não estão preparados para conversar com sua base. Base de dados que na maioria das vezes é efêmera por falta de cuidado e preocupação com a consolidação de números e informações que poderão tornar-se uma sólida fonte de receita.

Na era da informação, as entidades esportivas estão mais uma vez com a oportunidade de revolucionar a forma de relacionar-se com o seu potencial consumidor, promovendo métricas mercadológicas que poderão impulsionar diversas novas frentes de negócio para potencializar suas receitas. Porém, não vejo ninguém preocupado em converter a base de seus patrocinadores para o próprio clube; ou utilizar da plataforma digital das casas de apostas para campanhas promocionais da entidade esportiva. 

Para rentabilizar é necessário investir em profissionais de mercado, estrutura, conhecimento e enxergar o esporte como uma ampla plataforma de negócio, muito além das quatro linhas para que quando essa onda passar não sejam novamente afogados pelas dívidas.

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