Coluna

Como o caso ‘Football Leaks’ reforça o papel protetor da gestão de ativos digitais

O escândalo se iniciou com diversos furos jornalísticos que abalaram o cenário esportivo na Europa

Como o caso ‘Football Leaks’ reforça o papel protetor da gestão de ativos digitais
Foto: eic.network

15 de fevereiro de 2024

4 minutos de Leitura

Adalberto Generoso
Adalberto Generoso
CoFundador e CEO da Yapoli, empreendedor serial com mais de 10 anos de experiência em tecnologia, marketing e digital e vencedor de 3 Cannes Lions.

O ‘Football Leaks’ foi um site criado em setembro de 2015, inicialmente como um blog, que revelou ao público informações confidenciais sobre jogadores e clubes importantes do mundo do futebol.

O escândalo se iniciou com diversos furos jornalísticos que abalaram o cenário esportivo na Europa. Tudo começou com a publicação de investigações sobre evasão fiscal, em dezembro de 2016 e novembro de 2018, realizada por parceiros midiáticos da European Investigative Collaborations (EIC), tais como Der Spiegel, Mediapart, El Mundo, Expresso, Falter, L’espresso e Le Soir. 

As publicações incluíam valores de taxas de transferência, salários e cláusulas contratuais. 

Ainda em 2016, surgiram alegações de que o ‘Football Leaks’ estava sendo investigado por chantagem e extorsão pelas autoridades portuguesas. Já em novembro de 2018, o site relatou a existência de discussões secretas sobre a criação da Superliga Europeia, uma competição continental de clubes que nunca se concretizou. O Manchester City e o Paris Saint-Germain também receberam acusações de violações das regras do Fair Play Financeiro da UEFA, com o primeiro sendo sancionado, enquanto o segundo foi inocentado.

Em resumo, os furos jornalísticos revelaram a prática de terceiros detendo propriedade de jogadores de futebol, envolvendo indivíduos, corporações internacionais e grandes bancos. É um contexto semelhante ao do WikiLeaks, outra organização transnacional sem fins lucrativos que divulga informações confidenciais vazadas de governos ou empresas. 

Ambos têm desempenhado papéis cruciais em expor informações sensíveis. Porém, essas ações não acontecem sem consequências drásticas.

O criador do Football Leaks, Rui Pinto, foi detido em janeiro de 2019 e extraditado para Portugal. Ele foi condenado a quatro anos de prisão por tentativa de extorsão, acesso ilegal a dados e violação de correspondência. No entanto, permanecerá em liberdade condicional. 

O julgamento revelou que Rui Pinto acessou, inclusive, dados de clubes brasileiros, como Corinthians, Santos, Cruzeiro, Grêmio, Internacional e Goiás. Nesse sentido, vale lembrarmos que, não necessariamente ligados ao ‘Football Leaks’, vários incidentes recentes envolveram instituições esportivas nacionais. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por exemplo, foi alvo de uma invasão em dezembro de 2023; o Cruzeiro SAF também enfrentou um vazamento de contrato preliminar, em março de 2022; e o São Paulo expôs contratos de patrocínio e documentos em outubro de 2021. 

DAM como solução para prevenir vazamentos de dados

Todos esses incidentes destacam a necessidade urgente de medidas de cibersegurança nos clubes de futebol. Há muito dinheiro envolvido nesses vazamentos, que demonstram o quanto o tratamento dos seus acervos digitais pode ser determinante para o futuro da respectiva instituição.

O Flamengo é um ótimo exemplo de conduta referente ao assunto, apostando em uma abordagem proativa de proteção de recursos. No caso, é o investimento em uma plataforma DAM (Digital Asset Management), que, desde agosto de 2022, ajuda o Rubro-Negro a se prevenir de ataques cibernéticos.

Isso acontece, por exemplo, com a capacidade da tecnologia em garantir uma gestão eficiente de ativos digitais, como documentos, fotos e vídeos, preservando toda a memória do clube presente nos arquivos. Além disso, a solução também facilita a troca segura de informações entre colaboradores e a própria governança, evitando problemas jurídicos relacionados à proteção de dados.

Ou seja, não é uma saída voltada para a reparação de danos, mas sim à antecipação de qualquer vazamento. Portanto, certifica que o clube possa abraçar a transformação digital e utilizá-la ao seu favor para crescer, sem se preocupar com a imensidão de possíveis problemas ligados a falhas de cibersegurança.

O compromisso do Flamengo em preservar sua história digital e proteger seus ativos é uma resposta crucial aos desafios contemporâneos enfrentados pelo mundo do futebol. Em um contexto no qual as informações precisam ser resguardadas apropriadamente, a iniciativa do Rubro-Negro destaca a importância de investir em tecnologias como o DAM, blindando o seu patrimônio e mantendo a integridade das operações.

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