No Brasil, diversos clubes têm adotado modelos empresariais para profissionalizar sua gestão, envolvendo a participação de investidores e deixando para trás o formato associativo tradicional. Dois modelos predominam nessa transformação: as Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) e o modelo de Clube Empresa.
Vale ressaltar que alguns clubes brasileiros, como o Red Bull, já optavam pelo formato de clube-empresa antes mesmo da aprovação da Lei da SAF. Um indicativo de que a transição para uma gestão mais profissional e alinhada com o mercado internacional independe das mudanças legais recentes no Brasil.
O crescente interesse dos clubes brasileiros na adoção do modelo SAF é evidente. A chegada de investidores, tanto nacionais quanto internacionais, promete intensificar esse movimento, trazendo consigo uma onda de mudanças e oportunidades.
Apesar do otimismo gerado por esse movimento na indústria esportiva, é crucial que os clubes considerem as implicações sociais, ambientais e de governança em sua estruturação. Nesse contexto, torna-se essencial que as empresas adotem as melhores práticas de ESG não apenas para manterem a competitividade, mas também para atrair novos investidores. Cada vez mais, os investidores buscam empresas com compromisso tangível com a sustentabilidade, responsabilidade social e a governança, refletindo uma tendência crescente no cenário de alocação de recursos e na sua reputação de marca.
Afinal, que tipo de marca ou investidor estaria disposto a se associar a um clube que não demonstra um comprometimento ativo em tornar o mundo um lugar melhor?
Com frequência, patrocinadores e investidores retiram seu apoio a atletas e influenciadores envolvidos em escândalos que prejudicam sua imagem. Esse padrão vai se estender aos clubes, sinalizando uma mudança de paradigma em relação à importância da reputação de marca na esfera dos negócios esportivos.
Nos próximos 10 anos, será essencial alinhar os negócios esportivos com um comprometimento ativo nos desafios globais propostos pelas Nações Unidas, especialmente em relação aos amplamente reconhecidos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Se você está se questionando sobre como pode incorporar esse contexto em seu clube ou entidade esportiva, convido-o a revisitar o primeiro artigo desta série para obter algumas ideias e exemplos. Caso você já se lembre claramente do que foi discutido anteriormente e esteja familiarizado com as informações apresentadas aqui, podemos avançar para os próximos passos. A seguir, vou delinear áreas específicas de aplicação do ESG por blocos e setores, além de destacar a importância da sigla ODS.
Aplicação do ESG por blocos e setores
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Existem 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que são metas globais estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover um mundo mais sustentável até o ano de 2030. Cada objetivo aborda desafios específicos, como erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar, igualdade de gênero, educação de qualidade, água limpa e saneamento, entre outros.
Essas metas visam melhorar a qualidade de vida das pessoas, proteger o planeta e garantir um futuro mais justo e equitativo para todos.
Gestores esportivos e demais leitores, desafio vocês a liderarem uma revolução: transformem seus clubes, empresas, vidas em negócios lucrativos que não só brilhem entre as quatro linhas, mas também deixem um legado positivo, contribuindo para um mundo mais sustentável e justo.
Nos reencontramos no artigo final desta série, no qual explorarei como essas práticas podem potencializar o valor financeiro de sua organização esportiva, tornando-a mais atrativa para potenciais investidores.
Ivan Ballesteros é CEO e fundador da Esporte Educa é a primeira EduSportech brasileira com foco em reescrever a relação do esporte com a educação dentro do país. Fundada no final de 2020, em meio à pandemia, a Esporte Educa já avaliou mais de 3.000 esportistas e encaminhou 540 deles para instituições de ensino brasileiras.