Coluna

Ampliando horizontes: desafios, oportunidades e assédio no Futebol Feminino em 2024

É hora de desafiar as normas e estereótipos antiquados que limitam a participação e o progresso das mulheres no futebol

Ampliando horizontes: desafios, oportunidades e assédio no Futebol Feminino em 2024
Foto: Rebeca Reis / Ag. Paulistão

15 de abril de 2024

5 minutos de Leitura

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Por Charlie Maria

O futebol, como uma paixão compartilhada por milhões ao redor do mundo, tem sido palco de lutas e conquistas, mas também de desafios persistentes. Em 2024, apesar dos avanços em várias frentes, ainda nos deparamos com questões cruciais que permeiam o mundo do futebol feminino, desde o assédio até a constante luta por visibilidade e credibilidade. Importante ressaltar que, de acordo com dados do Datafolha, apenas 6% das mulheres no Brasil praticam o esporte.

Uma das questões mais prementes é o assédio, um problema estrutural em nossa sociedade. Dados apontam que 47% das brasileiras indicam ter sofrido assédio sexual. Que infelizmente não é exclusivo de outros contextos, mas também se faz presente nos campos de futebol. Recentemente, algumas reportagens revelaram casos alarmantes de assédio no futebol feminino, onde profissionais, como treinadoras, jogadoras e fisioterapeutas, enfrentam comentários inapropriados e toques indesejados durante seu trabalho. Essas profissionais frequentemente enfrentam discriminação, assédio e falta de reconhecimento por seu trabalho. Esses desafios não apenas prejudicam o desenvolvimento do futebol feminino, mas também perpetuam a ideia de que o esporte é exclusivamente para homens.

É fundamental reconhecer que o futebol é para todos. As mulheres têm o direito e o talento para jogar, treinar, administrar e contribuir para o esporte tanto quanto os homens. É hora de desafiar as normas e estereótipos antiquados que limitam a participação e o progresso das mulheres no futebol. Além de combater o assédio e a discriminação, é necessário investir em programas de inclusão e apoio para mulheres no esporte e na necessidade de uma capacitação específica sobre questões de gênero para para os profissionais que atuam direta ou indiretamente com o esporte para mulheres, como uma forma de sensibilização e educação. Isso inclui o aumento da visibilidade do futebol feminino, a implementação de políticas de igualdade de gênero e o fornecimento de recursos e oportunidades para o desenvolvimento das atletas.

À medida que avançamos em 2024 e além, devemos reafirmar nosso compromisso com a igualdade e a inclusão no futebol. A crise muitas vezes é um catalisador para a inovação, e o mundo do futebol não é exceção. Durante os últimos anos, testemunhamos uma crescente digitalização da modalidade, com transmissões ao vivo, plataformas de streaming e interações online se tornando cada vez mais comuns, popularizando ainda mais o esporte por essa acessibilidade. Nesse sentido, é importante destacar que na NWB estamos reforçando essa missão em nossa programação, com a transmissão do Paulistão Feminino em 2022 e em 2023 com a parceria da Centauro, além do Brasileirão Feminino em 2021 no Desimpedidos.

Essa mudança para o digital amplia o alcance do futebol feminino, que antes se via escondido e de difícil acesso, além de permitir que mais pessoas ao redor do mundo se envolvam com a modalidade, sobretudo, abre novas portas para oportunidades de carreira, especialmente para mulheres e grupos historicamente sub-representados. Um exemplo disso são os recordes de arrecadação e espectadores da Copa do Mundo de Futebol Feminino realizada em 2023 na Austrália e Nova Zelândia, segundo relatórios da Fifa.

Além disso, estamos presenciando um movimento crescente em direção à igualdade de gênero no futebol, com iniciativas como a implementação de cotas de gênero em comitês e órgãos administrativos, o aumento do investimento no futebol feminino e o apoio a programas de desenvolvimento para jovens talentos (Meninas Em Campo, Em Busca de Uma Estrela, Projetos de Futebol Feminino do SESI pelo Brasil). Essas ações não apenas promovem a inclusão e diversidade no esporte, mas também contribuem para a qualidade e competitividade do futebol como um todo.

À medida que avançamos em 2024, é crucial reconhecer que o futebol é um reflexo da sociedade em que vivemos, com suas lutas, desafios e oportunidades. Devemos permanecer vigilantes na luta contra o assédio e na promoção de visibilidade e igualdade de gênero, ao mesmo tempo em que abraçamos as novas oportunidades que surgem, impulsionando o esporte para um futuro mais inclusivo e vibrante. Em última análise, o futebol é mais do que um jogo; é uma plataforma para a mudança e a inspiração. Como reflexão da escritora e ativista pelos direitos das mulheres Simone de Beauvoir: “Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”. À medida que enfrentamos os desafios e abraçamos as oportunidades que se apresentam, podemos moldar um futuro onde o futebol verdadeiramente pertença a todos.

Charlie Maria, coordenadora de pós-produção na NWB. Com mais de 5 anos de experiência dedicados ao ecossistema esportivo, coordena a equipe de pós-produção da content tech desde a pré-produção até a finalização dos conteúdos.

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