Coluna

O lugar da inovação no esporte americano e o que podemos trazer para nossa realidade

Como nunca em sua história, o esporte no Brasil está bem posicionado aos olhos do mercado global para receber investimentos

O lugar da inovação no esporte americano e o que podemos trazer para nossa realidade

06 de maio de 2024

5 minutos de Leitura

OutField
OutField
Grupo focado em investimentos, inteligência e estratégia para esporte e entretenimento.

Por Pedro Oliveira – Sócio-fundador da OutField

Pra inovar pra valer e mudar o mundo, precisamos agir de acordo com nossas intenções e permanecer fiéis aos nossos valores. Nas últimas décadas, poucas indústrias no mundo levaram essa máxima tão ao pé da letra como os mercados de tecnologia e de esportes/entretenimento nos EUA. 

Cada uma no seu quadrado, elas são de longe, as líderes globais por estarem sempre à frente dos seus pares em outras geografias. Não à toa, quando olhamos o valor de mercado como referência, 8 das 10 maiores empresas de tecnologia do mundo são americanas, lideradas pelas imensas Microsoft, Apple, Nvidia e Google. No esporte não é diferente – os 10 times mais valiosos do planeta pertencem à NFL, NBA ou MLB, puxados por Dallas Cowboys, NY Yankees e Golden State Warriors (o Real Madrid é o 11º no ranking da Forbes Most Valuable Sports Teams 2023).

Por tudo isso, não escondemos de ninguém que os EUA são nossa grande inspiração em tudo que fazemos na OutField – sobretudo, pois eles conseguem trabalhar o esporte com o que acreditamos ser o melhor: esporte como negócio, esporte como entretenimento e esporte como ferramenta de impacto social/educação.

E lá, na base de toda a indústria, existem três aspectos fundamentais que ditam o ritmo do jogo: 

(1) Modelo de propriedade privado, ou seja, as organizações esportivas, incluindo as Ligas, têm donos/acionistas e são empresas orientadas para resultados, deixando apenas o papel de fomento das modalidades e gestão do esporte olímpico nas mãos de Federações e Universidades;

(2) como consequência do ponto #1, o capital institucional (leia-se: fundos de investimento, grandes alocadores de recursos e multinacionais), tem apetite para participar da indústria, buscando o retorno sobre o dinheiro investido; 

(3) como resultados dos pontos #1 e #2, há um grande incentivo para que seja investido muito dinheiro na busca por novas tecnologias aplicáveis ao mundo do esporte e do entretenimento – um espaço hoje comumente chamado de “sportstech”. 

Em março, tive uma mostra de como essas três frentes caminham juntas nos EUA. Na ocasião, a Plug and Play, hoje a principal plataforma de inovação do mundo, tendo em seu portfolio 34 unicórnios e realizado 183 investimentos em startups em 2023, realizou um evento nas instalações do Dallas Cowboys e do FC Dallas para anunciar sua entrada no universo das Sportstech.  

Isso só reforça o crescimento acelerado pelo qual o mercado esportivo vem passando e o enorme potencial que o esporte oferece para novas tecnologias. O objetivo deles é que por lá passem 40 startups de sportstech por ano, ao longo dos próximos 5 anos e que, claro, surjam unicórnios no processo. Ponto fundamental nisso tudo: times e atletas participando ativamente. Ao navegar no mercado americano na última década, algo que vi repetidamente foram os principais agentes da cadeia esportiva reinvestindo em novas tecnologias para fomentar o próprio setor – ex: apenas em 2023 os atletas das grandes ligas americanas investiram USD1,2B em fundos de sportstech ou diretamente em startups, enquanto os times e seus donos contribuíram com outros USD1,4B. 

O que isso significa? Ora, que por estarem inseridos bem no meio da indústria e entenderem bem as dores/oportunidades, atletas, donos e equipes são agentes relevantes no processo de transformação tecnológica. Mais importante ainda: eles entendem seu protagonismo nessa história e participam ativa e financeiramente da jornada. Uma das nossas missões na OutField é conseguir replicar essa realidade no Brasil na próxima década. 

Neste contexto, foi uma satisfação estarmos presentes como únicos representantes de fora dos EUA, representando a América Latina e todo o potencial transformador que temos por aqui. Junto conosco estava a BePass, nossa investida liderada pelo grande Ricardo Cadar (CEO e Fundador) que fez uma ótima apresentação para uma plateia com mais de 500 investidores e representantes de equipes esportivas, contando sobre os avanços que sua tecnologia de reconhecimento facial vem trazendo para o mercado esportivo no Brasil e no mundo. 

Além da BePass, outras 5 startups dos EUA apresentaram suas soluções e pudemos ter trocas valiosas com investidores líderes no mercado americano, incluindo a própria Plug and Play. Conclusão: como nunca em sua história, o esporte no Brasil está bem posicionado aos olhos do mercado global para receber investimentos, seja em startups conectadas ao setor, seja em SAFs ou mesmo em projetos relacionados à infraestrutura na indústria esportiva.

Pela primeira vez, sentimos que há uma crença de que o esporte é uma classe de ativos viável a ser trabalhada no Brasil e na América Latina, buscando crescimento sustentado de longo prazo e não os efeitos efêmeros causados no passado por grandes eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas. 

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