Futebol

CEO do Bayer Leverkusen exalta criação de fundo solidário na Alemanha

Fernando Carro acredita que abrir mão de verbas tornará a Bundesliga mais sustentável e competitiva

CEO do Bayer Leverkusen exalta criação de fundo solidário na Alemanha

06 de abril de 2020

4 minutos de Leitura

Depois de uma iniciativa vinda da Alemanha em que jogadores que atuam na Bundesliga concordaram em diminuir em 20% os salários para beneficiar outras pessoas em meio ao surto de coronavírus, o futebol do país registrou mais uma atitude positiva vinda dos clubes.

Bayern de Munique, Borussia Dortmund, RB Leipzig e Bayer Leverkusen renunciaram a um total de € 12.5 milhões em cotas televisas que tinham direito e acrescentaram mais € 7.5 milhões do próprio bolso para doar aos clubes que possuem dificuldades financeiras no país. A decisão se alinha aos valores da DFL, que costuma promover padrões sustentáveis para o desenvolvimento de todas suas equipes por intermédio de uma distribuição mais igualitária das receitas provenientes dos direitos televisivos.

Em entrevista, Fernando Carro, CEO do Leverkusen desde julho de 2018, detalhou os bastidores da criação do fundo solidário, que tem como objetivo manter a Bundesliga uma liga sustentável e competitiva, colaborando diretamente com os 32 clubes que formam as duas principais divisões do país.

“Existem duas razões principais em meu ponto de vista. A primeira é a questão da sociedade e a necessidade de nos unirmos e ajudar um ao outro. Sermos solidários. Todos estão sendo afetados nesta crise. Cada um de uma maneira diferente do que o outro, mas também afetado. E o segundo ponto é bastante simples: devido a falta de receitas, existirão clubes que precisarão de aporte financeiro. Precisaremos apoiá-los para manter a Bundesliga forte, estável e resiliente”, destacou o executivo.

Apesar do cenário delicado que vive a economia e a indústria do esporte como um todo, clubes tradicionais de outras ligas não uniram forças em prol de equipes menores para que elas sigam ativas após a pandemia. Carro destacou que este movimento de união é algo que está na raiz da cultura alemã.

“Eu escrevi minha tese sobre liderança e administração fazendo uma comparação direta entre Alemanha e Espanha, meu país. Ambas as culturas têm pontos muito benéficos, mas notei que uma das características da cultura alemã é fazer concessões, dar e receber. Note a formação dos conselhos de trabalhadores nas grandes empresas. Como empatia e boa vontade são valores que fazem trabalhadores alcançarem objetivos comuns. Acho que a criação do Fundo é algo especial e que será um fator de prosperidade do futebol e da cultura alemã”, destacou Fernando, que trabalha na Alemanha há mais de três décadas.

Hoje, as principais receitas dos clubes da Bundesliga são as verbas dos direitos de televisão (domésticas e internacionais), patrocínios, ingressos e merchandising. O âmbito digital e da inovação, segundo o profissional, é um dos diferenciais do Leverkusen em relação aos demais.

“É essencial que o clube tenha uma cultura de inovação dentro dele. Eu analiso que nosso departamento esportivo esteja em posição de liderança em relação aos demais no uso da tecnologia e na análise dela atualmente. Em comunicação digital, atuamos com a agência líder na Alemanha e implementamos um mundo com 15 canais em quatro idiomas para fornecer conteúdo em todo o mundo. Eu mesmo passei a administrar um canal profissional no Linkedin este ano. O intuito é manter minha rede global informada sobre o que está acontecendo no Bayer 04. Em geral, mantemos um trabalho digital de altíssimo nível, mas também existem outras áreas que precisamos aproveitar melhor”, concluiu.

Vale lembrar que a Liga Alemã de Futebol anunciou a ampliação da suspensão das duas divisões do país. A paralisação, inicialmente prevista até o dia 3 de abril, foi prorrogada pelo menos até 30 de abril, mas a intenção ainda é terminar a temporada até 30 de junho, como previsto desde o primeiro adiamento.

 

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