O Brasil foi bicampeão olímpico de futebol masculino. Neste sábado (7), em Yokohama, o palco do penta de 2002, a equipe venceu a Espanha, por 2 a 1, na prorrogação, após empate no tempo normal. No pódio, uma situação chamou atenção e pode até mesmo gerar multa para o COB.
A PEAK Sport, companhia de origem chinesa que fornece os uniformes do Time Brasil nas Olimpíadas de Tóquio, assumiu o lugar que foi da Nike nos Jogos de Londres 2012 e Rio 2016. Pelo acordo, os atletas devem vestir obrigatoriamente peças da marca durante viagens, pódios e cerimônias oficiais. Fora de cerimônias, as confederações têm liberdade para vestir competidores com fornecedores individuais durante os jogos e disputas. O vôlei, por exemplo, vestiu peças da Asics nos jogos pelo patrocínio da marca a Confederação Brasileira de Vôlei.
Ocorre que a Seleção Brasileira, que utiliza peças da Nike por conta do acordo de patrocínio da marca com a CBF, foi receber a medalha de ouro com a camisa de jogo, não com o agasalho da Peak. O mesmo estava amarrado na cintura de cada jogador.
O caso gerou revolta, primeiro entre os atletas, depois com o COB. O primeiro a se manifestar foi o nadador Bruno Fratus, medalha de bronze nos 50m livre.
“A mensagem foi clara: não fazem parte do time e não fazem questão. Também estão completamente desconexos e alienados sobre as consequências que isso pode gerar a inúmeros atletas que não são milionários como eles”, desabafou o medalhista no Instagram.
O fato é reflexo de uma má relação entre ambas entidades. A CBF bateu o pé para que a Nike tivesse destaque, não sua concorrente, que deseja ganhar espaço no Brasil a partir do seu fornecimento ao time olímpico. O contrato irá até os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. No mesmo dia, Isaquias (canoagem) e Hebert Conceição (boxe) ganharam medalha de ouro e utilizaram o vestuário da Peak.
Para a delegação brasileira presente na capital japonesa, foram produzidas 39 mil peças, entre calças, bermudas, agasalhos, camisas, tops, bonés, bolsas e calçados. Além do Brasil, a Peak é também patrocinadora dos Comitês Olímpicos da Eslovênia, Islândia, Nova Zelândia, Romênia e Ucrânia também assinaram contratos com a empresa chinesa.
As polêmicas envolvendo as marcas esportivas em Olimpíadas são históricas. O MKTEsportivo contou em um recente episódio do “Icônicos” sobre como o Dream Team tampou a Reebok, fornecedora do material esportivo do time de basquete, com a bandeira americana ao subir no pódio.
Em 2000, Gustavo Kuerten quase desistiu de disputar os Jogos Olímpicos de Sydney porque a Olympikus, então fornecedora de material esportivo do COB, proibiu o atleta de usar a marca da Diadora, que era sua patrocinadora desde o início da carreira. Guga quase boicotou os Jogos, mas um acordo entre Diadora e Olympikus permitiu que o tenista usasse a marca de sua fornecedora.
Em 2008, nos Jogos de Pequim, a Olympikus impediu que a Nike vestisse a seleção brasileira com o uniforme igual ao que o time jogava as competições organizadas pela Fifa. Já com a Olimpíada em andamento, a fabricante teve de confeccionar às pressas uma camisa sem o escudo da CBF e apenas com a logomarca do Time Brasil.
Somente em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que o COB liberou para que cada confederação dispute a Olimpíada com os uniformes entregues pelos fornecedores próprios. Na ocasião, a Nike fechou acordo com o Time Brasil e foi responsável por ceder os uniformes de pódio dos atletas, além de patrocinar as confederações de futebol, atletismo e basquete.