Patrocínio

Sem máster, sites de apostas deverão inflacionar outras propriedades de patrocínio na Premier League

Empresas do setor deverão recorrer a mangas, uniformes de treinamento e placas de publicidade

Sem máster, sites de apostas deverão inflacionar outras propriedades de patrocínio na Premier League

17 de abril de 2023

4 minutos de Leitura

Os clubes aprovaram a proibição de empresas de apostas no patrocinadores másteres dos clubes da Premier League. Como resultado, isso deve inflacionar os valores das demais propriedades das camisas.

Segundo a plataforma de avaliação de patrocínios Turnstile, sem o espaço mais valioso dos kits, as mangas, os uniformes de treinamento e placas de publicidade sofrerão aumento de valores.

“Prevemos que a proibição de patrocínio de apostas da frente das camisas aumentará o valor de outros ativos importantes de patrocínio, como as mangas, o uniforme de treinamento e as placas de publicidade”, disse Dan Gaunt, gerente geral da Turnstile, em entrevista ao site britânico SportsPro Media.

“Com um número reduzido de ativos premium disponíveis, haverá, sem dúvida, um aumento da tensão competitiva para os ativos que ainda estão em oferta, o que aumentará o valor geral do negócio. E o oposto pode ser dito para o valor da oferta da frente da camisa, embora o impacto disso provavelmente seja sentido apenas nos clubes menores que, tradicionalmente, têm sido mais dependentes da categoria de apostas. Se olharmos para a liga como um todo, esperamos ver alguma convergência entre os valores másteres e das mangas”, acrescentou.

Segundo o britânico The Times, os clubes da Premier League obtêm entre £ 5 milhões e £ 10 milhões com receitas de patrocínio fora o máster por temporada. A manga, por exemplo, entrega 60% de exposição em relação ao espaço máster.

“Se uma marca comprar cerca de nove minutos de tempo nas placas de led, ela alcançará uma quantidade semelhante de tempo de tela com relação ao patrocínio na frente da camisa, mas com a vantagem adicional de poder servir uma mensagem criativa mais detalhada para aqueles que estejam assistindo em casa ou no estádio”, comentou Gaunt.

Atualmente, dos 20 clubes que disputam a Premier League, oito possuem patrocínio máster de um site de apostas. A lista conta com Bournemouth (Dafabet), Brentford (Hollywood Bets), Everton (Stake.com), Fulham (W88), Leeds United (Sbotop), Newcastle (Fun88), Southampton (Sportsbet.io) e West Ham (Betway).

Todos terão o restante da atual temporada e as próximas três para conseguir outros parceiros.

Dan Gaunt ainda afirmou que a proibição acabará impulsionando “a inovação e a criatividade” dos clubes, uma vez que terão que parar de enxergar o setor de apostas como uma espécie de “salvação”.

“A proibição de uma grande categoria de adquirir o ativo principal de um patrocínio deve ter um impacto comercial, principalmente no curto prazo. No entanto, os clubes terão tempo para se preparar para isso, o que impulsionará a criatividade e a inovação, em vez de depender da indústria de apostas. Parte comercial à parte, isso me parece absolutamente o movimento certo do ponto de vista da responsabilidade social corporativa”, finalizou o executivo.

Movimento dos clubes tem forte interesse por trás

O movimento dos clubes, mesmo cientes da perda de faturamento, tem explicação: caso não aceitassem de maneira espontânea, uma legislação governamental será ativada para proibir completamente a publicidade de jogos de azar. E isso envolveria qualquer espaço dos uniformes, placas e demais entregas.

Um novo regulamento sobre patrocínios esportivos será lançado pelo governo, mas os ministros afirmaram que não incluiriam o âmbito esportivo caso os times concordassem com as medidas.

A proibição não é novidade na Inglaterra

A Liga Inglesa de Futebol (EFL), responsável pelos três níveis de futebol profissional abaixo da primeira divisão, destaca que a proibição pode gerar um impacto negativo de £ 40 milhões por ano.

O tema é debatido há um tempo. Um comitê da Câmara dos Lordes já abordou a proibição em 2020. Uma revisão do Gambling Act foi lançada posteriormente pelo DCMS em dezembro de 2020, afirmando que esses aportes poderiam ser proibidos a partir de 2023.

Em abril do ano passado, o Comitê de Prática de Publicidade (CAP) do Reino Unido anunciou planos para proibir anúncios de apostas utilizando a imagem de celebridades do esporte e influenciadores.

Como se sabe, Espanha e a Itália já iniciaram movimentos similares de proibição de contratos de patrocínio com empresas de apostas.

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