São muitos os pontos de aproximação entre música e futebol na cultura brasileira. Mesmo assim, no mundo dos negócios, o Brasil ainda não tinha grandes cases de reciprocidade entre esses dois segmentos (como, por exemplo, a parceria entre o Spotify e o FC Barcelona).
Nesse sentido, a notícia de que a AgroPlay é a nova patrocinadora do Londrina Esporte Clube foi recebida como algo inovador no cenário dos negócios do esporte brasileiro.
A AgroPlay agencia alguns dos maiores nomes da atual geração da música sertaneja, como Ana Castela e Luan Pereira, que já posaram para fotos usando a camisa do time assim que a parceria foi anunciada, em 24/01/24.
Pouco menos de um mês após a divulgação da parceria entre Londrina EC e AgroPlay, outro grande nome da música sertaneja foi personagem de uma notícia no mundo do futebol: o cantor Gusttavo Lima foi anunciado como comprador da SAF do Atlético Clube Paranavaí, também do interior do Paraná. Coincidência ou influência?
Seja qual for o caso, é evidente que o futebol brasileiro adentra uma era na qual a indústria da música começa a exercer uma influência cada vez maior; e a AgroPlay exerce posição pioneira nessa era.
Para saber mais sobre os detalhes dessa parceria e o que esperar dela, o MKTEsportivo conversou com Chico Silva, Diretor Executivo da AgroPlay. Segundo Chico, a decisão de apoiar o “Tubarão” faz sentido para a AgroPlay, considerando a origem londrinense da empresa e a sua disposição de trazer disrupção à forma de se pensar os negócios do entretenimento.
Confira abaixo a entrevista completa:
Como surgiu a ideia de patrocinar o Londrina (Esporte Clube)?
No momento que estamos vivendo hoje como escritório artístico, temos muitas portas se abrindo em vários segmentos. Essa oportunidade veio por intermédio de um amigo que também é do showbusiness e nos falou que havia chegado um grupo novo na cidade. Esse grupo queria renovar o espírito do time, agora que ele está virando SAF, e queria pessoas com ideias novas para trazer de volta as pessoas da cidade para dentro do time.
Não foi muito difícil tomar essa decisão. Eu e o Raphael (Vice-Presidente da AgroPlay) somos apaixonados por futebol, sempre gostamos de jogar bola, sempre fomos torcedores fanáticos. Como posicionamento de marca, também seria interessantíssimo unir um escritório de música e um time de futebol que tem sua relevância no cenário musical.
A gente acreditou no projeto que eles trouxeram. É um projeto que o próprio [Guilherme] Bellintani desenhou e já executou [no EC Bahia]. Ele está replicando aquilo que já fez muito bem feito. Não tem como não se interessar por estar com pessoas do nível dele e todo o time dele.
Em cerca de três dias, a gente tinha negociado e fechado.
Quais foram as principais dificuldades ou desafios nessa negociação? O quanto esses desafios foram iguais ou diferentes de outras negociações que vocês têm no mercado da música? Você sentiu alguma dificuldade diferente?
Na verdade, senti uma reciprocidade das duas partes em ver que o momento fortaleceria os dois lados. Porque assim como nós somos uma empresa nova no mercado mas que já tem um sucesso muito grande em relação ao meio artístico brasileiro, eles também são uma empresa que já tem um grande know how no mundo do futebol, mas são um “sangue novo”, igual a nós.
Somos pessoas novas, com ideias atuais, pensando a longo prazo, entendendo que existem processos que vão ser construídos. Isso facilitou demais a negociação. Todo mundo abriu um pouco do seu [lado] para poder dar certo. Não tivemos nenhum tipo de atrito na negociação.
Apesar de música e futebol serem assuntos tão próximos na nossa cultura, a parceria da AgroPlay com o Londrina Esporte Clube surge como algo inovador, tanto no mundo dos negócios da música quanto do futebol no Brasil. Essa foi uma maneira que a AgroPlay encontrou de se diferenciar no mercado? Você acha que vocês estão abrindo uma porta, iniciando uma tendência, que outros players da música vão seguir também?
A gente pensa um pouco diferente por ter feito esse match de futebol com um escritório musical. Mas se formos ver bem, a sinergia é total, porque a música faz parte das torcidas. Todo clube tem seu hino, as torcidas têm seus cantos. A gente nada mais está fazendo do que ajudar no entretenimento do futebol. A nossa visão sobre a parceria é essa.
A gente quer trazer entretenimento pro futebol. A gente está pensando que daqui a 3, 4 anos outros clubes também tenham pessoas do meio musical envolvidas.
A nossa contrapartida para o clube é trazer o nosso movimento para dentro do estádio. Como fazer isso? Com música, com eventos — não só com música sertaneja, mas também com outros estilos da cidade. Sabemos, por exemplo, que a [Torcida] Falange [Azul] tem pessoas do meio do rap. A gente pode promover eventos para eles também.
Nossa ideia é trazer a comunidade da cidade de Londrina de volta pro estádio.
A AgroPlay é uma empresa de gestão de talentos. Assim como já gerem carreiras de artistas, vocês têm planos ou expectativas de gerir a carreira de atletas também?
Com certeza. Mas esse ainda é um próximo passo. A gente tem um tempo pra aprender como funciona esse mercado. Surgindo boas oportunidades de parcerias, nosso interesse por essa área é imenso.
A gente gosta mesmo de futebol e sabe que no Brasil há muito potencial para lançar jogadores. É um mercado que exporta muito. Para nós, faz todo o sentido entrar nesse mercado também.
O que os torcedores do Londrina e os fãs dos artistas da AgroPlay podem esperar dessa parceria?
Podem esperar que a gente vai dar o nosso máximo para levar o nome do clube para as grandes prateleiras. A gente realmente quer que o projeto esportivo do Londrina cresça, a gente está apoiando isso.
A gente quer ver o Londrina voltando para a Série B e se mantendo no Campeonato Paranaense, trazendo grandes reforços, grandes jogadores. Acredito que a gente pode somar nisso também, mostrando que há pessoas boas envolvidas no projeto do Londrina.
Estamos querendo ajudar a transformar o Londrina de novo no que ele já foi. Nossa cidade é formadora de grandes atletas como Rafinha, Fernandinho, Kléberson, Jadson, Elber, Carlos Alberto Garcia, entre outros. A cidade tem muita história e acho que isso pode ser resgatado.
