Coluna

A importância das políticas de ESG no valuation dos clubes

Apresento uma breve explanação sobre um conceito com o qual hoje estou familiarizado

A importância das políticas de ESG no valuation dos clubes

12 de março de 2024

6 minutos de Leitura

Ivan Ballesteros
Ivan Ballesteros
CEO e fundador da Esporte Educa, primeira EduSportech brasileira com foco em reescrever a relação do esporte com a educação dentro do país

Nos artigos Desvendando a aplicação do ESG no Esporte e Além das quatro linhas: O impacto do ESG nos Modelos Empresariais do Futebol Nacional, abordei os principais pontos da agenda ESG e sua aplicação no contexto do esporte. Neste, apresento mais informações sobre o ‘Valuation’ de uma organização empresarial, seja um clube de futebol, uma startup ou empresa tradicional e como essa sigla tem importância para valorizar um projeto. Também destaquei alguns exemplos de práticas que estão acontecendo pelo Brasil.

E, dado o meu papel atual como fundador da Startup Esporte Educa, que recebeu aporte de alguns investidores privados, apresento uma breve explanação sobre um conceito com o qual hoje estou familiarizado: o tal do ‘Valuation’. Como ele se aplica ao esporte e de que maneira startups, clubes e empresas devem se portar para aumentar o impacto desse fator?

O ‘Valuation’ é basicamente entender quanto a startup, empresa ou clube vale. Esse é um fator essencial para tomar decisões estratégicas tanto para quem busca investidores quanto para quem quer investir. 

E como o ‘Valuation’ é calculado? Existem várias maneiras como: olhar o valor dos bens da empresa, ver quanto ela vale no mercado, usar vários múltiplos, analisar o dinheiro que ela vai gerar no futuro, entre outras. Eu conheço nove metodologias para calcular um Valuation, talvez existam mais. 

Saber o ‘Valuation’ é como descobrir o preço que sua empresa ou clube teria se fosse vender ou receber investimento. Isso é importante para conseguir investidores, como aconteceu com o E.C Bahia, ao vender parte do clube para o Grupo City, por exemplo.

Ter esse conhecimento, equivale a saber o preço da sua casa no mercado imobiliário, mas aplicar a empresas e clubes. 

E como o ESG entra nisso?

No cenário brasileiro, os critérios ESG têm ganhado destaque como modelo de gestão de riscos e oportunidades para negócios. O mercado reconhece o ESG como um alavancador potencial de rentabilidade, despertando interesse coletivo de investimento.

Ao elaborar este artigo, revisitei minuciosamente meus estudos e consultei fontes renomadas, incluindo Harvard, Deloitte e McKinsey. Todos esses estudos convergem e corroboram com as conclusões apresentadas a seguir.

Em resumo, a integração efetiva de práticas ESG não apenas influencia a percepção social e a reputação dos clubes, mas também se traduz diretamente em resultados financeiros e avaliação de mercado. Clubes comprometidos com sustentabilidade, equidade e boa governança têm mais probabilidade de alcançar sucesso a longo prazo, atraindo investidores, patrocinadores e torcedores fortalecendo seu valor no cenário esportivo e financeiro.

No aspecto ambiental, histórico inadequado pode resultar em ações regulatórias e perda de receitas, enquanto uma reputação sólida atrai investidores, impulsionando receitas e avaliação.

Na dimensão social, práticas inclusivas e tratamento positivo geram produtividade e receitas superiores, ao passo que histórico fraco resulta em publicidade negativa e avaliação inferior.

Quanto à governança, transparência atrai investidores, mas estruturas deficientes levam a medidas regulatórias e perda de receita causando descredibilidade no mercado e falta de confiança por parte de investidores, bancos e linhas de crédito, impactando na avaliação final do clube.

5 cases de sucesso no esporte brasileiro

O Fortaleza Esporte Clube apresenta o projeto FOR ALL, uma iniciativa pioneira no futebol brasileiro, incorporando a sustentabilidade ao seu planejamento estratégico. O FOR ALL busca estabelecer um legado positivo por meio de ações socioambientais inovadoras no cenário esportivo, com o objetivo de posicionar o clube como referência em sustentabilidade no Brasil e no exterior. Alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o Fortaleza é o primeiro clube de futebol no país a adotar essa abordagem. Entre os programas em andamento estão a Universidade Para Todos, Reaproveitamento de Resíduos Orgânicos e o projeto em planejamento “Mulheres Empreendedoras do Pici”.

O E.C Bahia lançou o programa social “Bora Bahêa Meu Bairro” em parceria com a prefeitura de Salvador, proporcionando oportunidades de futebol e espaços seguros para crianças e jovens em 11 campos de futebol na capital baiana. Integrando o programa “Bahia nas Comunidades”, a iniciativa visa promover vidas mais saudáveis por meio do futebol, aumentando o acesso gratuito e seguro ao esporte para jovens. O projeto começou nos campos de Candeal e Vale das Pedrinhas. O programa inclui atividades para meninos e meninas menores de 14 anos, lideradas por membros das comunidades locais, com treinamento e desenvolvimento para jovens líderes comunitários de futebol. A City in the Community Manchester contribuirá para o treinamento desses líderes.

O Clube de Futebol Resende destaca-se em ESG com a Pelé Academia, focando na educação 360º dos atletas. Em parceria com o UNIFAA, oferece 30 bolsas universitárias, promovendo a formação acadêmica formal. Com o suporte da Esporte Educa,  fortalecem Softskills para 200 atletas, e a KNN Resende contribui com aulas de idiomas bi-semanais, proporcionando uma vantagem global competitiva aos jovens atletas. Certificado como clube formador, o Resende + Pelé Academia são exemplo de ESG e educação esportiva para atletas de base no Brasil.

O Sports Summit São Paulo 2024 com neutralidade de carbono e redução de lixo , principal encontro global da indústria esportiva, inova ao incorporar tecnologia blockchain para atingir a neutralidade de carbono e desperdício zero. Em parceria com a Polen, o evento prioriza a sustentabilidade e a gestão eficiente de resíduos, comprometendo-se desde o embarque dos palestrantes na Europa. A logística reversa implementada pela Polen permite aos participantes acessar QR Codes, verificando todo o processo, desde a compensação ambiental até a destinação responsável dos resíduos para cooperativas locais em São Paulo. O Sports Summit reafirma seu compromisso com a conscientização ambiental, integrando ações sustentáveis em sua magnitude.

O Allianz Parque estreia uma sala sensorial para atender torcedores autistas e neurodivergentes em seus eventos, como jogos e shows. Localizada no Setor Norte do quarto andar do estádio, a sala visa promover inclusão e integração social, oferecendo suporte durante situações de crise, hiperestímulo ou desregulação. Separada do público geral, conta com profissionais capacitados e ambientes específicos equipados com recursos como abafadores de som, cadeiras texturizadas, balanço e cubo mágico.

Para vocês, gestores e gestoras do Esporte, qual iniciativa admiram e quais gostaria de inserir nos seus projetos?

Ivan Ballesteros é CEO e fundador da Esporte Educa é a primeira EduSportech brasileira com foco em reescrever a relação do esporte com a educação dentro do país. Fundada no final de 2020, em meio à pandemia, a Esporte Educa já avaliou mais de 3.000 esportistas e encaminhou 540 deles para instituições de ensino brasileiras.

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